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17/09/2021 às 12:00•3 min de leitura
Qual jovem nunca imaginou estar presente em festas absurdas como em Projeto X (2012)? A verdade é que não faltam exemplos nos filmes de Hollywood de como os jovens podem ser dissimulados e "curtir a vida adoidados". Entretanto, há quem acredite que esses não são os melhores exemplos para uma mente em formação.
Um exemplo disso, segundo especialistas, seria o consumo de álcool que aparecem nas telas. Para um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina de Dartmouth, nos Estados Unidos, personagens de filmes que consumem muitas bebidas alcoólicas estariam incentivando os jovens a também consumirem. E esse seria apenas uma fração dos riscos que a juventude estaria sofrendo.
(Fonte: Netflix/Reprodução)
O mundo do cinema e das séries de televisão produz muito conteúdo feito para se assemelhar com a realidade ou pelo menos trazer uma versão mais dramática de aspectos do cotidiano. Entre os tópicos que costumam parar nas telonas, estão as experiências adolescentes, como o primeiro beijo, briga entre amigos, jornada de autoconhecimento, etc. Isso tudo aparece como temáticas atrativas para os mais jovens.
Entretanto, Hollywood tem o costume de fazer algo nada novo no mercado: colocar adultos para realizar o papel de "crianças". No filme A Barraca do Beijo 3 (2021), que ficou no top 10 da Netflix por alguns dias, o personagem Lee Flynn é protagonizado pelo ator Joel Courtney, que já tem 24 anos de idade.
Outro exemplo clássico é o que aconteceu em Meninas Malvadas (2004), quando a atriz Rachel McAdams assumiu o papel da mimada adolescente Regina George quando já tinha ultrapassado a casa dos 25 anos. A lista é extensa e poderia ocupar o espaço deste texto inteiro.
Isso é feito principalmente para que os estúdios de cinema enfrentem menos problemas com atores que são menores de idade. Mas qual é o impacto disso em quem assiste às películas?
Esse "fenômeno" faz os jovens crescerem vendo corpos que não são reais para aquela idade e desenvolverem padrões estéticos simplesmente inalcançáveis para um adolescente comum — o que poderia acabar desencadeando transtornos psicológicos.
(Fonte: Disney Channel/Reprodução)
E mesmo quando o elenco coloca uma pessoa realmente jovem para contracenar em um filme, isso gera um enorme impacto na sociedade. Atores e atrizes que alcançam o sucesso ainda muito novos precisam aprender a lidar com um tipo de pressão e responsabilidade social que não foram preparados para ter durante a sua vida.
Dois exemplos claros disso podem ser vistos nas atrizes Lindsay Lohan e Miley Cyrus, que acabaram enfrentando problemas com dependência química na vida adulta após terem passado suas juventudes inteiras sendo cobradas para assumir o papel de estrela teen. O mesmo vale para o mundo da música, como quando Justin Bieber passou a ter problemas com a imprensa e virou centro de várias polêmicas.
A verdade é que essas pessoas nunca estiveram prontas para assumir o papel de exemplo na vida e sofreram uma cobrança descomunal na época em que só desejavam ser jovens. Mesmo assim, isso não tira o fato de que eram idolatrados por inúmeros adolescentes, que foram expostos a uma grande quantidade de atitudes negativas de seus ídolos.
(Fonte: Warner Bros./Reprodução)
Um grande temor quanto à indústria cinematográfica sempre foi em relação à sua real influência no comportamento das pessoas mais novas. Em uma entrevista, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton chegou a dar sua opinião sobre o assunto. "Nós precisamos parar de brincar com essas coisas. Eu sei que esses filmes vendem bastante, mas isso não os torna corretos", ele disse a respeito do excesso de violência nas gravações.
Esse é um dos motivos, por exemplo, que a Coordenação de Classificação Indicativa (Cocind) foi criada em 1990 para definir a faixa etária para a qual as obras audiovisuais deveriam ser recomendadas. O principal propósito dessa medida sempre foi fornecer mais informações para que os pais tivessem controle sobre o que seus filhos assistem.
De acordo com os pesquisadores de Dartmouth, os filmes têm tanta influência nos hábitos dos jovens que Hollywood precisou ser impedida de mostrar marcas de cigarro em seus filmes para que os jovens não se sentissem impelidos a fumar. Essa proibição, entretanto, não é válida para os rótulos de bebidas alcóolicas — que constantemente aparecem por todos os cantos das telonas.
(Fonte: Pixabay)
Em entrevista ao portal Global News, o professor e psicólogo Oren Amitay, da Universidade Ryerson, no Canadá, demonstrou certa preocupação com o que é feito em Hollywood. "Os filmes são como a vida real para os jovens. Eles acham que aquilo é a arte imitando a vida e tudo é um reflexo do que as pessoas reais estão fazendo pelo mundo", ele destacou.
Na visão de Amitay, que colaborou para os estudos da Universidade de Dortmouth sobre o consumo de álcool nos filmes, é importante ter em mente também que a maioria dos jovens é "programada" para ser rebelde e ignorar as ordens dos pais. Entretanto, isso não deve ser sinal de desistência.
Enquanto o pesquisador acredita que Hollywood deveria analisar a maneira como aborda temas polêmicos em suas obras, ele também aconselha aos pais buscarem sempre ter uma conversa aberta com seus filhos para evitar maiores conflitos. Sendo assim, o diálogo seria a melhor ferramenta para evitar que os jovens se tornem facilmente influenciáveis.