Projeto Plutão: a arma mais destrutiva criada pelos EUA

24/10/2021 às 06:003 min de leitura

A corrida armamentista que foi a Guerra Fria já havia começado quando a União Soviética realizou seu primeiro teste de armas atômicas, em 29 de agosto de 1949, desbancando o então poderio dos Estados Unidos, que ameaçava o mundo após a destruição que causou com sua Little Boy e Fat Man no Japão.

Esse movimento soviético só serviu para ambas as nações trabalharem sem descanso no desenvolvimento de novas armas e capacidades que fossem poderosas o suficiente para manter a oposição sob controle — levando o mundo a acreditar que um terceiro conflito global, ou a destruição da civilização, fosse acontecer naquele período.

Após as bombas lançadas em solo japonês mudarem o cenário geopolítico para sempre, os Estados Unidos se adiantaram para criar armas termonucleares mais potentes, novos métodos de lançamentos e mísseis balísticos, temendo o avanço dos soviéticos. 

Ousado e destrutivo                                                  

(Fonte: Business Insider/Reprodução)(Fonte: Business Insider/Reprodução)

Foi assim que o governo dos EUA criou o Projeto Plutão para desenvolver motores ramjet (um tipo de motor a jato) movidos a energia nuclear para uso em mísseis de cruzeiro. Em 1º de janeiro de 1957, a Força Aérea dos EUA e a Comissão de Energia Atômica selecionaram o Laboratório de Radiação Lawrence para estudar a viabilidade de aplicar o combustível de reatores nucleares em motores a jato.

O projeto ficou nas mãos do Dr. Theodore Charles Merkle, responsável por administrar o programa Míssil Supersônico de Baixa Altitude (SLAM). Com a propulsão nuclear, o alcance era praticamente infinito, e estimava-se que um míssil SLAM voaria cerca de 180 mil quilômetros ou mais antes que seu combustível se esgotasse — o equivalente a quatro voltas e meia ao redor do globo.

O ramjet nuclear era projetado para puxar o ar da frente do veículo enquanto ele voava em alta velocidade, criando uma quantidade significativa de pressão. O reator nuclear então superaquecia o ar e o expulsava pela parte de trás, criando a propulsão que até hoje é vista em alguns aparelhos hipersônicos.

(Fonte: Sandboxx/Reprodução)(Fonte: Sandboxx/Reprodução)

Os reatores que compunham o SLAM produziriam mais de 500 megawatts de potência e operaria a uma temperatura escaldante de 2,5 mil °C, chegando a comprometer a integridade estrutural das ligas metálicas projetadas para suportar altas quantidades de calor. Foi por isso que as peças internas de metal foram substituídas pelas de cerâmica.

Os projetistas do míssil teorizaram que uma pessoa poderia morrer só de ver um jato de força nuclear passar voando sobre sua cabeça, de tão barulhento que era. Além disso, se a pessoa conseguisse sobreviver, então a radiação gama e os nêutrons do reator não blindado lançando fragmentos de fissão pelo ar, faria isso.

Ou seja, era impossível voar com o SLAM sobre território aliado ou inimigo.

Tripla destruição

(Fonte: Scientific American/Reprodução)(Fonte: Scientific American/Reprodução)

Mas os mísseis SLAM do Projeto Plutão se tornaram praticamente apocalípticos também pela carga útil que carregaria. Diferente dos mísseis de cruzeiro, projetados com um sistema de propulsão destinado a carregar uma só ogiva até seu alvo, o SLAM transportaria uma ogiva e mais 16 bombas de hidrogênio que poderia lançar ao longo de seu caminho até seu alvo.

No final das contas, a ameaça aos soviéticos seria imensa: um míssil que chovia radiação ao longo do seu caminho, matando quem o visse, destruindo tudo com o poder de seu som, despejando bombas mortais até selar o inferno que teria criado quando se chocasse.

Com todo esse nível de destruição, testar o míssil se tornou uma tarefa difícil, visto que, assim que o reator fosse acionado, ele continuaria funcionando até atingir seu alvo ou exaurir seu combustível — além da destruição que provocaria ao redor.

(Fonte: Ars Technica/Reprodução)(Fonte: Ars Technica/Reprodução)

Foi em 14 de maio de 1961 que os engenheiros acionaram o motor em um vagão de trem por apenas alguns segundos. Uma semana depois, um segundo teste foi rodado para o sistema funcionar por 5 minutos. Esses foram os únicos testes feitos em larga escala durante todo o Projeto Plutão, por medo de algo dar errado durante o processo.

Felizmente, os misseis SLAM nunca deixaram o solo, pois o programa foi cancelado em 1º de julho de 1964 por várias razões, que foram do desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais ao potencial destrutivo da arma quando lançada.

As autoridades norte-americanas também temiam a retaliação soviética em uma proporção ainda pior do que aquela, visto que eles tinham inteligência e capacidade suficiente para tanto, pois nunca ficaram atrás no quesito armamento. No final das contas, era melhor não arriscar.

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