Pânico de 1873: a primeira crise econômica da história dos EUA

21/10/2021 às 04:303 min de leitura

A maioria das pessoas conhece a Grande Depressão de 1929 como a maior pela qual os Estados Unidos (EUA) já passaram, que foi o resultado direto da "quebra" da Bolsa de Valores de Nova York, tendo consequências catastróficas para os cenários sociopolítico e econômico do país por muitos anos.

Porém, essa crise financeira não foi a única. O Pânico de 1873 teve um efeito imenso na sociedade do século XIX e em todo o norte global devido à economia de entrelaçamento. Essa crise também "arrastou" seus prejuízos em direção a alguns países da Europa ao longo da década de 1870.

O começo do pânico                              

(Fonte: Alchetron/Reprodução)(Fonte: Alchetron/Reprodução)

Jay Cooke & Company, na Filadélfia, era considerado o maior banco da época, responsável por financiar a Guerra Civil Americana e os esforços da União com títulos federais. No pós-guerra, eles financiaram a construção de ferrovias e outros empreendimentos pelo país.

Quando a ferrovia transcontinental Union Pacific ficou pronta, em meados de 1869, o poderio empresarial e o governo encomendaram outra, a Northern Pacific. O banco tentou levantar o dinheiro para a produção do novo empreendimento por meio de investidores, porém perceberam que a quantidade de investimentos feitos culminou em um beco que levava apenas à falência. 

Em 18 de setembro de 1873, o Jay Cooke & Co. suspendeu todos os depósitos e, com isso, o pânico se instalou pelo país.

(Fonte: Fine Art America/Reprodução)(Fonte: Fine Art America/Reprodução)

Os demais bancos foram os primeiros a colapsarem com o número de pessoas querendo sacar o próprio dinheiro de uma só vez, temendo falências bancárias. Então, as instituições começaram a ficar com pouco dinheiro "em mãos", e os empresários foram forçados a pedir empréstimos comerciais, criando uma espiral descendente de crise econômica. No dia seguinte, os jornais já anunciavam de maneira ainda tímida e temerosa a iminente derrocada bancária com o fechamento das portas do Jay Cooke & Co.

Com isso, muitas pessoas na Bolsa de Valores de Nova York passaram a vender suas ações para tentar preservar o dinheiro que tinham, mas só conseguiram se proteger do prejuízo porque chegaram cedo no local, porque os demais não tiveram tanta sorte e se viram falidos quando alcançaram a entrada da instituição.

Em 20 de setembro de 1873, a Bolsa de Valores de Nova York fechou pela 1ª vez na história, em uma tentativa de impedir que as pessoas vendessem suas ações, bem como impedir que outras tirassem proveito daquele pânico generalizado.

A catástrofe

(Fonte: Brewminate/Reprodução)(Fonte: Brewminate/Reprodução)

As portas da bolsa de valores ficaram fechadas por 10 dias, porém o estrago da depressão econômica durou 6 anos. Segundo o Liberty Street Economics, a crise foi tão severa que foi chamada "Grande Depressão" na época, antes de ser substituída pela crise da década de 1930. Atualmente, o Pânico de 1873 é conhecido como "Longa Depressão".

No final daquele derradeiro ano de 1873, 101 bancos dos EUA faliram, e o número continuou aumentando até 1879, com a queda de empresas consolidadas e aquelas em ascensão. Estima-se que entre 18 e 28 mil pessoas ficaram sem nada como resultado da crise. Apenas os multimilionários prosperaram durante esses tempos sombrios, podendo comprar a "preço de banana" os investimentos e as propriedades de seus concorrentes.

Depois que as ações da ferrovia North Pacific Railroad foram incapazes de atender às expectativas irreais dos investidores, as demais ferroviais seguiram o mesmo caminho por todo o país.

(Fonte: Fine Art America/Reprodução)(Fonte: Fine Art America/Reprodução)

“O pânico foi principalmente um problema das ferrovias”, salientou Simon Cordery, autor de The Iron Road in the Prairie State: The Story of Illinois Railroading. Só entre setembro de 1873 e dezembro de 1874, mais de 100 empresas ferroviárias faliram, impactando em um quarto da rede férrea de todo o país.

O resultado foi a Grande Greve Ferroviária de 1877, que reuniu mais de 100 mil trabalhadores forçados a turnos desumanos de trabalho, violações contratuais e cortes salariais absurdos. Apesar de a maior greve ferroviária da história ter sido um fracasso, ela abriu caminho para o aumento na filiação sindical e preparou o terreno para futuras reformas trabalhistas da década de 1880.

Reféns da crise

(Fonte: Business Insider/Reprodução)(Fonte: Business Insider/Reprodução)

Conforme as estatísticas da PBS, o fechamento de milhares de empresas rendeu uma subida de 14% no índice de desempregos, alcançando o pico em 1877, com 27%.

A Longa Depressão prejudicou também a era da reconstrução após a Guerra de Secessão. A falência do banco Freedmen’s Saving Bank, em Virgínia, arrasou os fundos coletivos de várias organizações de bem-estar social, como sindicatos, além das contas individuais dos negros da cidade de Richmond.

No âmbito social, o golpe mais fatal do Pânico de 1873 foi com o racismo, esquecido pelos políticos que preferiram se concentrar nas questões econômicas do país. Isso fez muitos residentes endividados do Sul culparem os negros pelo colapso econômico, levando os supremacistas brancos a reintroduzirem as fronteiras raciais com força total.

E, enquanto o país "desabava em chamas", os negros eram enforcados em praça pública, como em uma ação conjunta e social de expurgo, porque o ódio e a ignorância falaram mais alto.

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