Estilo de vida
14/11/2021 às 13:00•2 min de leitura
Por meio milênio, aqueles que acreditam em Jesus e Deus têm discutido, excomungado e até matado uns aos outros para defender o conceito de um estado intermediário entre o Céu e o Inferno: o purgatório.
Existem textos, diários e cartas da Idade Média em que pessoas relataram visões sobrenaturais de um reino repleto de tormentos destinados às almas que precisam acertar contas antes de seu destino. Nesse mundo, os pecadores eram vistos sendo devorados por serpentes ou perfurados com pregos flamejantes por demônios, enquanto gritavam e relinchavam de dor.
Há 30 anos, desde o Concílio Vaticano II (1962), a existência de um purgatório não tem sido mencionada em livros ou sermões. No entanto, esse reino de penitência ainda é alvo de debates.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Foi o filósofo católico Agostinho de Hipona que determinou a existência de um purgatório — que não era mencionado na Bíblia Sagrada — entre os extremos Céu e Inferno que permeiam boa parte da trajetória da humanidade desde o século I d.C., considerada a Era Cristã.
O conceito desse reduto de dor, penitência e sofrimento apareceu em obras extracanônicas, incluindo passagens em que as pessoas oravam pelas almas dos mortos, como no Livro de Macabeus. No Antigo e no Novo Testamento, é sugerido um plano intermediário onde as almas simplesmente existem antes de serem enviadas para o Céu ou o Inferno, onde podem também receber orações dos vivos para serem "purificadas de seus pecados".
Foi em meados do século XIV que a Igreja Católica acrescentou oficialmente a doutrina do purgatório a seu dogma, decidindo por sua existência, através do Concílio de Florença. Foi nessa mesma época em que Dante fez uma descrição poética e alegórica do purgatório em sua obra A Divina Comédia.
(Fonte: Wikia/Reprodução)
Em um artigo de 2001 da Décima Igreja Presbiteriana, o autor Rick Phillips aponta que os versículos que os católicos acreditam sugerir a possibilidade do purgatório foram mal interpretados ao longo dos séculos.
Para ele, o purgatório vai contra a fundação do próprio protestantismo, pois nega a doutrina bíblica da justificação somente pela fé. “De acordo com a Bíblia, somos salvos de nossos pecados por confiar em Jesus Cristo como nosso Salvador. Nossos pecados são levados pela morte de Cristo na cruz”, escreve.
(Fonte: Aleteia/Reprodução)
Por outro lado, o professor de Teologia Histórica da London School of Theology, escrevendo para a revista britânica Premier Christianity, observou que os conceitos de purgatório e justificação pela fé não são apenas mutuamente exclusivos e que os cristãos protestantes fariam bem em considerar essa possibilidade no meio do caminho entre o Céu e o Inferno.
“Se você morresse e fosse para o Céu hoje, estaria pronto para estar 'frente a frente' com um Deus perfeito?”, indaga ele. “Certamente, nossos pecados foram perdoados e permanecemos justos a seus olhos, mas a formação de nosso caráter pode ser um processo mais longo”.
E você, no que acredita?