Artes/cultura
10/12/2021 às 02:00•3 min de leitura
No Brasil, a lei penal não tipifica nenhuma conduta em relação à prática do canibalismo, ou seja, não existe nenhuma punição específica para isso. A não ser que a pessoa cometa o crime de homicídio (previsto no artigo 121 do Código Penal) para poder comer a carne da vítima e, então, o promotor pode estabelecer um agravante (artigo 121, inciso 2° do Código Penal) por violação da carne do cadáver.
No entanto, isso não significa que a pessoa possa sair comendo cadáveres por aí, porque, ainda que o corpo não tenha direitos, ele é um objeto pertencente ao Direito, ou seja, protegido pela lei. Portanto, se alguém simplesmente retirar o dente de um corpo, praticar necrofilia ou comer um cadáver, ela estará cometendo o crime de vilipêndio, que consta no artigo 212 do Código Penal.
Atualmente, o canibalismo é totalmente legal nos Estados Unidos (EUAS) — à exceção do estado de Idaho — e no Reino Unido, bem como em grande parte da Europa e no Japão. Por outro lado, na América existem diversas leis que impossibilitam a obtenção e o consumo legal da matéria corporal.
Esses 3 três países listados abaixo são só alguns dos lugares onde o canibalismo ainda é praticado, ainda que não de forma "casual".
(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)
Em Fiji, país localizado na Oceania, o canibalismo tem um longo histórico em suas ilhas, conhecidas como "ilhas canibais" até hoje. A prática teria começado há mais de 2,5 mil anos, segundo o Museu de Fiji, com escavações descobrindo vários restos humanos, com evidências claras de canibalização na forma de marcas de carnificina deixada nos ossos.
O último caso que se tem conhecimento aconteceu na década de 1860 com a morte do missionário Reverendo Thomas Baker. No entanto, a prática permanece viva nas Cavernas Naihehe, lar do último grupo comedor de humanos da ilha.
Acredita-se que o canibalismo existe por motivos tribais e espirituais, apesar de sua origem ser um pouco vaga. Os chefes de Fiji comiam a carne de seus inimigos como forma de expressar poder, controle, vingança e insulto final. Além disso, também se pensava que o consumo do inimigo herdaria seu conhecimento.
(Fonte: Qrius/Reprodução)
A Índia é pontuada por diversas culturas nos limites de suas fronteiras, e ninguém interfere nas culturas cruzadas, desde que o exercício dela seja feito de modo pacífico. Contudo, a cultura é um conceito desenvolvido pelo homem e está fadada a criar conflitos.
Os Aghori, uma seita de monges indianos, têm um estilo de vida e cultura que difere de muita coisa atualmente: na maioria de seus rituais, o grupo pratica canibalismo de maneira deliberada de cadáveres que morreram naturalmente, também bebendo urina e sangue.
(Fonte: The Sun/Reprodução)
Devido a isso, eles foram afastados da sociedade indiana e são desprezados até hoje, sempre rotulados como os selvagens que não evoluíram com a civilização. Por outro lado, eles alegam que fazem isso para iluminação espiritual.
“O motivo pela qual fazemos coisas que parecem ultrajantes para o mundo exterior é realmente simples: para encontrar pureza nos mais imundos! Se um Aghori consegue permanecer focado em Deus mesmo durante o sexo com um cadáver ou enquanto come um cérebro humano, então ele está no caminho certo”, disse Davor Rostuhar, um Aghori Meronath, em entrevista ao History of Yesterday.
(Fonte: Rous Media/Reprodução)
Assentada ao longo do Rio Ndeiram Kabur, no oeste da Nova Guiné, vive a tribo Korowai que, desde 1970, não tinha nenhum contato registrado com o mundo ocidental, até que um grupo de cientistas fez uma expedição na área.
Atualmente, muitos Korowai ainda acreditam que os forasteiros carregam demônios e espíritos malignos e poucos têm ideia de que existem outras civilizações fora de sua tribo. Muitos deles nem sequer viram uma pessoa branca em sua vida.
Não é nenhuma novidade que a Nova Guiné é um dos países onde o canibalismo foi praticado no passado de maneira constante e até bem recentemente também. Os Korowai são uma das últimas tribos conhecidas no mundo por serem canibais. Devido à crença em espíritos malignos, eles acreditam ser necessário matar e comer uma pessoa que eles imaginam ter sido dominada por um demônio para vencê-lo.