Plínio, o Jovem: a testemunha ocular da erupção do Monte Vesúvio

07/02/2022 às 08:303 min de leitura

Em 24 de agosto de 79 d.C., o notório vulcão Monte Vesúvio, localizado hoje onde é Nápoles (Itália), entrou em erupção, lançando uma das maiores ondas de morte já registradas na história.

Estima-se que a explosão de lava tenha causado a morte de 16 mil cidadãos das cidades de Pompeia e Herculano, principais alvos da catástrofe, aterrorizando gerações de italianos que ainda moram na região, seguros na área devido à dormência do vulcão.

Naquele dia de caos e horror, Pompeia foi enterrada em cinzas com seus habitantes para sempre, deixando para trás apenas restos de artefatos encontrados ao longo dos séculos que serviram para tentar entender precisamente como tudo aconteceu.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Milhares de restos humanos foram encontrados exatamente onde morreram, bem como artes e objetos de valor inestimável, tanto para época quanto para nossa história de modo geral. Muitos produtos foram preservados pelas cinzas.

Há poucos escritos disponíveis sobre a tragédia, devido à erupção, que foi mortal, mas os historiadores tiveram acesso a um relato particular de uma testemunha ocular de quando o Vesúvio lançou para os céus de Pompeia e Herculano a primeira rajada de magma puro: Plínio, o Jovem.

Quem viu

Plínio, o Jovem. (Fonte: Biography/Reprodução)Plínio, o Jovem. (Fonte: Biography/Reprodução)

Sobrinho do militar e naturalista Plínio, o Velho, o político italiano Plínio, o Jovem, tinha apenas 18 anos quando o desastre aconteceu diante de seus olhos. Sua aptidão pela documentação foi herança de seu tio, famoso por sua compilação História Natural, que faz uma observação profunda de vários aspectos da natureza. Inclusive, Plínio, o Jovem, estava hospedado na casa do seu tio com sua família quando o Vesúvio expeliu lava. 

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

A princípio, para o jovem político, a cena pareceu algo comum. Seu tio havia tirado um tempo para tomar sol e colocar algumas leituras em dia, nem se dando conta de quando as cinzas do vulcão ganharam o ar, tanto que foi a mãe de Plínio, o Jovem, que apontou o que acontecia no céu.

O tio ficou fascinado com a cena pensando que se tratava de algo "extraordinário pelo qual valia a pena investigar", portanto embarcar em um pequeno navio com uma tripulação reduzida para ver mais de perto a erupção.

Como aconteceu

Plínio, o Velho. (Fonte: History Today/Reprodução)Plínio, o Velho. (Fonte: History Today/Reprodução)

Plínio, o Jovem, refere-se ao tio em seu relato como um verdadeiro herói, isso porque ele ordenou que ainda mais navios se encaminhassem para o desastre quando recebeu a notícia de um amigo cuja esposa estava presa em uma vila localizada na base do Monte Vesúvio — transformando a busca intelectual em uma causa humanitária. 

É escrito que Plínio, o Velho, pretendia resgatar o maior número de pessoas que pudesse da calamidade e que, apesar do cenário caótico, ele teria liderado a expedição com calma e presença de espírito, mesmo quando todos começaram a entrar em pânico ao seu redor.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Ao detectar as chamas do Vesúvio queimando a noite, ele assegurou aos que o cercavam de que se tratava apenas do brilho das aldeias abandonadas. Foi esse tipo de pensamento, considerado inconsequente, apesar de altruísta, que acabou causando sua morte — provavelmente por asfixia devido à quantidade de cinzas no ar.

Após isso, a visão de Plínio, o Jovem, sobre a erupção mudou completamente, quando os terremotos começaram a acontecer — de maneira tão intensa que eles mal conseguiam se movimentar pelas ruas, conforme o chão sob seus pés rasgava. Os tremores teriam continuado até depois da pior parte da erupção ter passado.

"Noite sem fim"

(Fonte: Wikipedia/Reprodução)(Fonte: Wikipedia/Reprodução)

Foi assim que aquele 24 de agosto foi definido por Plínio, o Jovem. Ele escreveu que pedaços de pedras choviam em chamas do céu com as cinzas, que eram tantas que faziam as pessoas afundarem nas ruas, enquanto toneladas de detritos se acumulavam nas praias, tornando a navegação uma tarefa impossível.

Para que as pessoas conseguissem andar pelas ruas, elas precisavam amarrar travesseiros em suas cabeças para não serem atingidas pelas pedras. Ele relata que ouvia os gritos perturbadores das pessoas no escuro, à noite. Elas clamavam pela própria vida, pela de seus entes queridos ou apenas agonizavam de modo altíssimo em meio às chamas. 

(Fonte: El Universo/Reprodução)(Fonte: El Universo/Reprodução)

Mas Plínio, o Jovem, não sabia que o calor era tanto que as pessoas estavam morrendo no lugar, com a temperatura vaporizando o tecido e fazendo que o líquido no cérebro fervesse a ponto de se vitrificarem.

Em meio ao caos daquele dia, os historiadores observam que Plínio, o Jovem, teve muita sorte de ter saído com vida. Apesar de seu relato ter-se tornado um documento de fonte substancial para mapear o evento destrutivo, eles não acreditam totalmente nele devido a algumas passagens contraditórias demais. 

Existe a possibilidade de que Plínio, o Jovem, tenha devaneado ou até mesmo aumentado algumas informações, principalmente com relação à maneira como descreveu a trajetória de seu tio. Contudo, isso não altera a contribuição histórica de seu relato de uma tragédia que impactou diretamente o panorama político e social de uma época.

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