Conheça a história dos 3 papas africanos

15/02/2022 às 12:502 min de leitura

Nosso imaginário é permeado por papas europeus, em especial porque a maioria nasceu mesmo no continente. Exceções como o Papa Francisco, nascido na Argentina, não ocorriam desde Gelásio I, no ano 492, o último de três papas africanos.

Menos de 10% dos sumos pontífices nasceram em um continente diferente da Europa. Entre eles, o mundo teve três papas africanos: Vitor, Melquíades e o já citado Gelásio. E é para saber um pouco mais sobre a história deles que te convidamos hoje.

Papas africanos ajudaram a dar importância ao bispado de Roma

(Fonte: Vatican News)(Fonte: Vatican News)

Até os primeiros séculos da era cristã, não se falava em "papado", mas em "bispos de Roma", como explica a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo, em entrevista à BBC Brasil. Até mesmo o título de papa era dado a bispos de outras igrejas, comentou Medeiros.

Isso mudou quando a igreja sediada em Roma assumiu o papel de Santa Sé, ou seja, sede universal do catolicismo. Foi neste momento em que aqueles que haviam ocupado o cargo foram reconhecidos como papas na linha cronológica da história da Igreja.

E os três papas africanos tiveram papel preponderante nisso. Vitor oficializou o latim, língua de Roma; Melquíades viveu o processo de legalização do cristianismo pelo império; já Gelásio afirmou a primazia do bispado romano sobre os demais.

Papa Vitor, o primeiro de origem africana

(Fonte: Vatican News)(Fonte: Vatican News)

O Papa Vitor I (189 - 199) foi o 14º papa. Nascido na Tunísia, seu pontificado é caracterizado por modernizações no cristianismo, com ênfase na liturgia. Ele estabeleceu que as missas deveriam ser celebradas em latim, abandonando o grego utilizado à época.

Esse fato foi importante à inserção cristã no meio romano, tendo contribuído para a consolidação de uma ocidentalização da religião. Também foi em seu papado que permitiram que qualquer tipo de água, seja de rio, mar ou outras fontes, poderia ser utilizada no batismo na ausência de água benta. Também foi favorável à substituição do sábado como dia sagrado pelo domingo.

Papa Melquíades, o papa da paz

(Fonte: Canção Nova)(Fonte: Canção Nova)

Sem muitas informações sobre sua história, o consenso é que era natural do norte do continente africano. Papa Melquíades (310 - 314) sofreu em seu pontificado com a perseguição aos cristãos, fato que só chegou ao fim com a vitória de Constantino sobre Maximiano na batalha de Roma, em 312.

Constantino atribuiu sua vitória ao Deus dos cristãos. Esse fato foi importante e deu margem a que Melquíades costurasse uma aproximação ao império. Foi durante seu período como bispo de Roma que os imperadores promulgaram o Édito de Milão, em 313, marco oficial do fim da perseguição religiosa.

Papa Gelásio I, o papa que deu destaque a Roma

(Fonte: Vatican News)(Fonte: Vatican News)

A primazia de Roma sobre os demais bispados é creditada ao Papa Gelásio I (492 - 496). Natural da região da Cabília, onde hoje fica o norte da Argélia, comandou a Igreja após a queda do Império Romano.

Escritor fervoroso, foi fundamental com seus documentos em construir a visão de que a diocese de Roma teria superioridade ante as demais. Outra importante contribuição de seu pontificado foi a distinção entre o poder temporal dos imperadores e o espiritual dos papas, através da epístola Duo sunt. Gelásio lançou a ideia da infalibilidade papal, fazendo com que os papas e os bispos não pudessem ser julgados por imperadores.

Por último, foi em seu período que se estabeleceu o cânone das escrituras, o que significa que foi feita a escolha de quais livros (hoje presentes na Bíblia) seriam considerados oficiais do cristianismo.

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