Aceredo: a vila espanhola inundada há 30 anos por um reservatório

06/04/2022 às 13:002 min de leitura

Foi de repente que Aceredo, uma pequena vila na fronteira entre Espanha e Portugal, surgiu após ter desaparecido há 30 anos em meio a milhares de litros de água devido a um sacrifício estrutural. Por muito tempo, apenas o topo de casas e outros edifícios ficou aparente durante os períodos de seca que atingiram a região, porém neste ano a vila inteira apareceu como consequência de uma das piores secas já vivenciadas.

Foi no início de 1990 que a prefeitura do município de Lobios (Espanha) chegou à conclusão de que a área precisava de um novo reservatório; como Aceredo só tinha 70 casas e 120 cidadãos, foi escolhida para ser "sacrificada". Mas nada foi pacífico.

(Fonte: Berati/Reprodução)(Fonte: Berati/Reprodução)

Durante as desocupações que antecederam as obras do empreendimento, houve muitas reclamações, protestos e até uma greve de fome de 10 dias liderada pelos habitantes indignados que não queriam ser realocados. Como bem salientou Margarita de Brito, moradora de Buscalque, outra vila inundada para a construção do reservatório, "tudo foi em vão".

"No fim, a água veio. No primeiro dia um pouco, no segundo um pouco mais e no terceiro dia subiu e nunca mais desceu", relatou ela. Nesse processo iminente de desocupação, os moradores realocaram os corpos de seus entes queridos enterrados na vila e até transferiram uma igreja histórica para uma cidade diferente.

Em 1992, as pessoas acompanharam a subida do Rio Lima até que suas margens transbordassem e cobrissem Aceredo pelo que parecia ser para sempre.

A cidade fantasma

(Fonte: Reuters/Reprodução)(Fonte: Reuters/Reprodução)

Por 3 décadas, os turistas que visitaram a região no tempo de seca viram apenas com o topo das construções submersas, mas devido às mudanças climáticas e às explorações agressivas de uma empresa de energia de Portugal que administra o reservatório, os níveis de água chegaram a alcançar 15%, expondo os restos de Aceredo no fundo do rio.

Em uma matéria da Architectural Digest, María del Carmen Yañez, prefeita do município de Lobios, que inclui Aceredo, afirma que isso serviu apenas para impulsionar o turismo na região. As pessoas foram até lá massivamente para explorar a vila, percorrendo as antigas estradas, as áreas de terras agrícolas e as casas naufragadas.

O que impediu que as águas engolissem a história de Aceredo foram as imagens captadas durante todo o processo. Em 2015, dois cineastas usaram o material gravado para compor o documentário Os Dias Afogados, relatando a trajetória trágica da pequena vila.

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