Ciência
20/04/2022 às 09:00•2 min de leitura
Em uma época em que até o luto possuía regras estritas de etiqueta sobre como e com qual tipo de tecido as mulheres deveriam se vestir durante a Era Vitoriana, não é de se impressionar que elas tivessem um vestido para cada ocasião de seu dia e até mesmo de sua vida.
Ainda que essa ideia não seja muito estranha para a modernidade, visto que tipos de roupas são aplicadas a ambientes e situações diferentes, naquele período não havia um momento, senão a hora de dormir, em que as mulheres não estavam em vestidos longos repletos de anáguas e presas por espartilhos dolorosos.
Além disso, as regras muito específicas do século XIX, como aponta o The Ladies Book of Etiquette and Manuel of Politeness, de 1872, beiravam o perturbador. Uma mulher tinha até o vestido certo para receber um telefonema, por exemplo, e que deveria combinar com os acessórios feitos especificamente para aquele momento.
(Fonte: Moriah Densley/Reprodução)
Toda essa moda impraticável que pendurava nas mulheres até 4 quilos de tecidos, tornou impossível que a mulher se mexesse nos vestidos apertados. Nada o que acontecia abaixo da linha da cintura e da extensão de seus braços poderia ser controlado por elas porque se abaixar não era uma opção possível.
Ainda que esse tipo de vestuário fosse a tendência e a lei social vigente da época, muitas mulheres sentiam que também era uma maneira de oprimir e aprisioná-las, portanto criaram inovações para recuperar o mínimo de mobilidade e dignidade sobre os próprios corpos.
Foi assim que surgiu, por exemplo, a crinolina — uma armação em forma de colmeia que sustentava a sai por baixo — que não só reduziu o peso absurdo e refrescou o corpo feminino, como também deu espaço para as pernas se moveram, ainda que sua composição fosse extremamente inflamável.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Mas isso não era o suficiente, porque as mulheres ainda precisam carregar a bainha de suas saias para que não ficasse suja e afetasse sua posição social de maneira "apocalíptica" para os vitorianos, atraindo a ira até de seus maridos.
Foi assim que surgiu o levantador de saia, em meados de 1846, que não passava de um pequeno grampo preso no meio do vestido e amarrado na cintura da mulher. Ele segurava a bainha do vestido sem que fosse necessário ocupar as mãos, permitindo que as mulheres se envolvessem em todos os tipos de atividades antes limitadas pela expectativa de moda e falta de mobilidade.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
O levantador de saias foi só um dos produtos que abriu caminho para um futuro em que a moda pensasse mais na mulher como uma pessoa, não uma espécie de boneca social que deveria sempre estar impecável para os outros. Além disso, o acessório permitiu que elas desfrutassem de atividades esportivas, como andar de bicicleta.
A Revolução Industrial também fez seu papel com a quantidade de capital e estímulo de produção em massa que ajudou a acelerar as tendências, que não mais duravam décadas, mas anos.