Ciência
07/05/2022 às 10:00•3 min de leitura
Além de um roteiro coeso, atuações convincentes e efeitos especiais de qualidade, um bom filme de terror precisa causar algum tipo de espanto — seja com sustos rápidos com o aumento da trilha sonora, a lenta construção de um ambiente de tensão ou mortes avassaladoras.
Só que alguns longas-metragens em especial causaram um efeito muito além do esperado na plateia. Ao longo das décadas, várias produções de grandes estúdios ou independentes ficaram famosos por provocar gritos, enjoos e desmaios durante a projeção. Isso em muitos casos ajuda a atrair ainda mais pessoas às bilheterias, atiçando a curiosidade em saber o porquê de tanto mal-estar.
A seguir, conheça alguns desses exemplares ao longo das décadas no cinema de horror.
(Fonte: Metro-Goldwyn-Mayer/Reprodução)
Filme de 1932, dirigido por Tod Browning — que um ano antes comandou a clássica versão de Drácula para a Universal —, Freaks é ambientado em um circo no estilo "freakshow", com pessoas com deficiências físicas ou características peculiares — e o elenco é quase todo composto por pessoas que de fato trabalhavam como atrações nesses locais.
As exibições de teste, segundo reportagens e o próprio estúdio MGM, resultaram em pessoas saindo correndo da sala de cinema e até um processo de uma mulher que supostamente acusou o filme de ter provocado seu aborto. Apesar de hoje ser elogiado pela abordagem e ser considerado um clássico cult, Freaks foi banido em regiões como o Reino Unido e reduziu a quantidade de ofertas de trabalho ao diretor.
(Fonte: Universal Studios/Paramount Pictures/Reprodução)
Quando Alfred Hitchcock decidiu adaptar um livro pouco conhecido do escritor Robert Bloch sobre o dono de um misterioso motel de beira de estrada com uma estranha fixação pela própria mãe, a audiência não estava preparada.
A estreia de Psicose, em 1960, surpreendeu por vários motivos. O diretor era mais conhecido por tramas de espionagem e narrativas de suspense sem conteúdo explícito para os padrões da época. Além disso, ele também caprichou na publicidade: os cinemas fechavam as portas para que ninguém chegasse atrasado e o próprio Hitchcock pedia para que o final não fosse compartilhado com quem ainda não foi assistir.
Só que o terror veio mesmo durante cenas como a icônica morte no chuveiro de um dos quartos e a revelação da identidade do assassino — todas provocando gritos de pavor e uma chuva de elogios.
O clássico O Exorcista não é uma das obras mais celebradas do gênero por acaso. O filme de terror foi um sucesso de bilheteria e, nos cinemas, não era incomum dividir a sala com alguém que eventualmente passou mal durante a sessão.
São vários os relatos de pessoas desmaiando ou até vomitando durante a exibição entre 1973 e 1974, além daqueles que deixaram a sala durante ou após a projeção com enjoo ou alucinações que duraram décadas. Muitas lendas foram contadas a respeito do que aconteceu em certas sessões — e isso ajudou a manter as longas filas nos cinemas de rua para conferir o longa-metragem de William Friedkin sobre a possessão de uma jovem por um demônio.
(Fonte: Vortex/Reprodução)
Pouco tempo depois que O Massacre da Serra-Elétrica estreou em 1974, o movimento para que a produção de Tobe Hooper tivesse a exibição interrompida não foi pequeno.
Segundo a Texas Monthly, uma das primeiras sessões do filme em San Francisco terminou "com metade do público passando mal e outros apontando para a tela, gritando obscenidades e pedindo o dinheiro de volta". O clássico do terror também foi banido de diversos países e autoridades regulatórias pediam a sua proibição nos cinemas, tendo várias dessas campanhas terminando em sucesso.
Esse caso é um dos que melhor utilizou a recepção do público para atrair ainda mais espectadores. A estreia oficial de Atividade Paranormal aconteceu em 2007, mas seu baixo orçamento — a produção custou apenas US$ 15 mil — inicialmente impediu que o longa de Oren Peli dominasse salas de cinema, como fazem os lançamentos de grandes estúdios.
Dois anos depois, a campanha de marketing do filme utilizou reações de espectadores em festivais e nas poucas salas onde ele foi exibido. Além de mostrar pulos e gritos reais, que indicavam o teor assustador das cenas, os clipes no YouTube pediam aos fãs que solicitassem online a exibição do filme em suas cidades, uma campanha que só aumentou a divulgação (e os sustos).
E fazia sentido: a fotografia quase amadora, a autenticidade das atuações e a história crível assombrou o público como não acontecia há alguns anos. O resultado? O filme arrecadou mais de US$ 193,4 milhões em bilheteria e iniciou uma franquia duradoura.
(Fonte: Rouge International/Petit Film/Frakas Production/Reprodução)
O filme francês de Julia Ducournau sobre uma jovem vegetariana que começa a adquirir gosto pela carne humana foi um dos destaques do Festival de Cannes em 2016.
Só que ao menos uma das exibições não terminou bem: diversas pessoas durante uma exibição no Festival de Cinema de Toronto teriam passado mal ao assistir às cenas de canibalismo de Raw, com múltiplos registros de desmaios e vômitos. Até mesmo uma ambulância foi chamada para atender o público.