Ciência
13/06/2022 às 09:00•2 min de leitura
O descobrimento do Brasil é um tema que sempre traz um pouco de polêmica. Em primeiro lugar, porque muitas pessoas questionam o uso da palavra “descobrimento”, já que o território já era habitado por milhões de pessoas. Em segundo, porque não há um consenso de que a chegada dos portugueses ao Brasil se deu por acaso, enquanto pretendiam achar uma rota para a Índia.
Mas todos nós concordamos que Porto Seguro, na Bahia, foi o primeiro local em que os portugueses desembarcaram nas terras que, mais tarde, chamaríamos de Brasil, certo? Bem, parece que não. Esse tema também está sendo debatido por historiadores e isso já ocorre há alguns anos.
Existe uma hipótese de que o Brasil teria sido descoberto no Rio Grande do Norte, na praia de Touros. Ah! A data de nascimento do nosso país também estaria errada: o Brasil teria sido descoberto em 1498 e não em 1500.
Praia de Touros; (Fonte: Reprodução: Secretaria Municipal de Turismo de Touros)
Esse debate acadêmico é antigo. Em 1998, o historiador potiguar Lenine Pinto publicou o livro Reinvenção do descobrimento e, no ano 2000, quando o Brasil completou 500 anos, o livro Ainda a questão do descobrimento. Anos depois, a hipótese de Lenine ganhou o reforço intelectual da professora de turismo Rosana Mazaro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Em 2016, ela organizou uma série de debates acadêmicos, com o apoio do governo estadual do Rio Grande do Norte, com o objetivo de mostrar as evidências de que o Brasil teria "nascido" nesse estado. A principal evidência é o comportamento das correntes marítimas.
“[As correntes marítimas] direcionariam as caravelas naturalmente ao Rio Grande do Norte. Há uma dificuldade imensa para se chegar da Europa à Bahia e, em contraponto, facilidade para o RN. Há navegadores, sem exagero, que vão até Dakar (na África) para se aproximar do Brasil tamanho a força das correntes”, afirmou a professora em 2016 em entrevista à agência de notícias do RN.
Ela ainda afirma que quando Cabral gritou “terra à vista”, ele não estava se referindo ao Monte Pascal, mas ao Pico do Cabugi, usado até hoje por pescadores na hora de se localizarem no litoral.
Na sequência, ela cita que cartas antigas escritas pelos portugueses citam a presença de água doce no local do descobrimento, o que não seria possível em Porto Seguro, mas, sim, em Touros.
(Fonte: Reprodução: Governo do RN)
Depois, ela analisa o Marco de Touros, monumento colocado na praia de Touros pelos portugueses. Esse monumento teria o mesmo padrão do monumento de Cananeia (SP), também colocado pelos lusitanos. Aliás, a posição desses monumentos é a última evidência citada pelo grupo.
Registros portugueses dizem que foi preciso navegar 2 mil léguas a partir do primeiro marco para chegar ao local onde seria instalado o segundo (Cananeia). Acontece que se o primeiro marco fosse o de Porto Seguro, o segundo, pela distância, estaria na Argentina.
O governo do Rio Grande do Norte tinha esperanças de que a revisão desses fatos históricos poderia aumentar o turismo na região. Contudo, isso não ocorreu. Portanto, ainda é consenso entre os historiadores de que o Brasil foi descoberto em Porto Seguro, na Bahia.