Artes/cultura
18/06/2022 às 13:00•2 min de leitura
Embora a feitiçaria sempre tenha sido uma prática atribuída majoritariamente às mulheres, nem todos os cantos do mundo seguiam o mesmo princípio. No início da Rússia moderna, a grande parte das pessoas que eram acusadas de praticar bruxaria, na verdade, eram homens interessados em usar a magia para fins práticos.
Se na maior parte da Europa católica e protestante as mulheres foram julgadas como organizadoras de práticas satânicas, a Rússia ortodoxa costumava culpar esmagadoramente pessoas do sexo masculino por feitiços para prejudicar seus concorrentes de trabalho e atrair amantes. Entenda mais sobre o caso!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Segundo os registros históricos, as primeiras crenças dos russos na feitiçaria surgem em todo tipo de documento entre os séculos XII e XVIII: sermões, crônicas, contos históricos, histórias de vidas de santos, leis e decretos, manuais de cura com ervas e livros de feitiços, registros judiciais e por aí vai.
Dessa forma, essa era uma preocupação que afetava a vida desde pequenos camponeses a generais militares. Naquela época, os arquivos mostram inúmeros casos de relacionamentos tensos e abusivos entre maridos e esposas, patrões e servos ou patrões e clientes.
Logo, existia um número assustador de queixas de homens praticando "bruxaria" para adquirir poder e subir na hierarquia do país. Em números gerais, três a cada quatro russos acusado de feitiçaria eram homens e muitos deles foram acusados de agir sozinhos ou com no máximo dois associados. Os relatos estavam quase todos ligados com magia cotidiana.
(Fonte: Shutterstock)
Ao contrário do restante da Europa, onde todos os casos de feitiçaria eram relacionados com uma visão satânica, existia uma visão na Rússia de que a bruxaria poderia ser usada para fins mundanos imediatos, como curar pessoas feridas ou melhorar o mundo dos negócios.
Apesar de existirem acusações de pessoas que estavam usando seus "poderes" para prejudicar seus concorrentes, também surgiam muitos relatos de que esses feiticeiros tentavam ao máximo ajudar pessoas doentes, localizar objetos e até pessoas perdidas, ou simplesmente ajudar produtores rurais a cuidarem do seu gado.
Como existia um grande medo de que a bruxaria pudesse ser usada para enfeitiçar os recém-casados, muitos passam a convidar feiticeiros para suas cerimônias e pagá-los para que protegessem a noiva e o noivo. Em determinado ponto, desde o servo mais humilde até a esposa do czar russo poderia ter recorrido à magia para melhorar suas vidas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em uma sociedade sem muitos médicos treinados, o uso de feitiçaria passou a se tornar uma das únicas práticas disponíveis para salvar uma pessoa doente além da oração. Por esse motivo, vários russos consultavam sacerdotes e curandeiros para pedir auxílio mágico. Logo, não havia nenhuma contradição entre saúde e feitiçaria.
Em geral, as ideias sobre feitiçaria na Rússia ortodoxa realmente foram vistas de forma menos sensacionalista do que na parte católica da Europa. Mesmo assim, isso não significa que os culpados de "praticar bruxaria" não era vistos como uma ameaça por determinada ordem social, religiosa e política, com perseguições também sendo frequentes para aqueles que passassem dos limites estipulados.