Artes/cultura
04/10/2022 às 13:00•3 min de leitura
Há 60 anos, um filme despretensioso colocaria sua marca na história do cinema. No dia 5 de outubro de 1962, o longa-metragem 007 contra o Satânico Dr. No não só apresentaria o espião James Bond para o mundo todo nas telonas, como também seria responsável por fundar uma das franquias de filmes de mais sucesso de todos os tempos.
Antes dessa película, filmes envolvendo superespiões não eram nem um pouco um tópico comum na Sétima Arte, sem contar inúmeros outros aspectos que fizeram esse filme ser diferenciado. Então, após seis décadas de lançamento do primeiro 007, qual é o real legado deixado por essa franquia?
(Fonte: EON Productions/Reprodução)
Em 1962, quem havia sido escolhido para apresentar o personagem das obras do escritor Ian Fleming para o público do cinema foi Sean Connery — que posteriormente desenvolveria uma ilustríssima carreira em Hollywood. A frase "Meu nome é Bond, James Bond", utilizada em Dr. No, logo se tornaria um dos momentos mais emblemáticos da história do cinema.
Em sua estreia no cinema, o agente 007 é levado para a Jamaica, onde misteriosas ondas de energia estão interferindo nos lançamentos de mísseis dos EUA. Antes de desvendar a verdade, Bond precisa lutar contra assassinos mortais e lidar com as famosas femme fatales, o conceito de personagens femininas usando tons marcantes e prontas para desestabilizar a jornada do protagonista.
Todas essas batalhas servem para que ele encontre a sede do sinistro Dr. No (Joseph Wiseman), um gênio maléfico que está implementando um grande plano de dominação mundial. Não precisou de muito para que o longa conquistasse uma legião de fãs que seguiram fervorosamente os lançamentos da franquia 007 ao longo das décadas. Ao todo, foram nada menos que 25 filmes estrelando James Bond em 60 anos pela Eon Productions.
(Fonte: EON Productions/Reprodução)
Conseguindo se consolidar como uma das franquias de maior sucesso do mundo todo, os filmes do 007 arrecadaram ao menos US$ 6,89 bilhões desde a estreia em 1962, de acordo com um levantamento feito pela CNBC. A imagem do espião não só revolucionou um segmento todo, como também criou um espaço para longas que abordassem os chamados "heróis da vida real".
Para obter inspiração para suas obras, o escritor britânico teve a sorte de já ter trabalhado como oficial da inteligência naval do Reino Unido. Dessa forma, pôde observar soldados no campo de batalha para desenvolver o seu primeiro esboço de como James Bond deveria se portar. Além disso, era importante ter uma noção de artes marciais.
O rascunho inicial de 007 nasceu em 1953 — 10 anos antes de Dr. No chegar aos cinemas. Portanto, James Bond não nasceu como um ícone da cultura pop, mas foi moldado para isso durante uma década. Os filmes do espião não são as primeiras obras adaptadas da literatura para as telonas, mas foram os primeiros filmes envolvendo uma história de 10 anos com dezenas de episódios que conquistaram um público muito fiel.
(Fonte: EON Productions/Reprodução)
Um fato curioso sobre James Bond é que o personagem sempre foi bastante conectado a todas as tendências tecnológicas que poderiam lhe ajudar no seu cargo como espião. O agente possuía um amor por aparelhos de alta tecnologia e sempre foi visto com armas futuristas e carros elegantes cheios de equipamentos.
Porém, as tecnologias nunca foram tão populares quanto o protagonista. Sendo assim, podemos dizer que Bond pode ter sido até mesmo responsável por influenciar a existência de parte das tendências tecnológicas existentes atualmente. Sem contar que esse foi o primeiro herói "comum" dentro da cultura pop que abraçou o poder da tecnologia.
Canetas explosivas, carros submersíveis e mochilas a jato apareceram no cinema em uma época quando ainda nem haviam sido desenvolvidos. Portanto, a franquia 007 sempre dialogou com as novas gerações.
(Fonte: Internet/Reprodução)
Para que as histórias de James Bond seguissem sendo populares por 60 anos, algo nessa franquia precisava ser muito especial. Mas o que é esse ponto fora da curva? A verdade é que 007 resiste ao tempo por sempre se adaptar ao período em que está sendo reproduzido e por se dobrar para atender às expectativas dos fãs.
Durante seis décadas, James Bond se adaptou aos tradicionais filmes de espionagem, passando por aventura, dando uma flertada com a comédia e permeando temas importantes, como a Guerra Fria. Isso fez com que a franquia sempre mantivesse um grau de relevância e conseguisse se tornar longeva.
Para métodos de comparação, o protagonista era descaradamente mais sexista e usava mulheres como objetos em seus primeiros filmes. Com a ascensão do feminismo no Ocidente durante as últimas gerações, no entanto, Bond passou por uma mudança considerável em alguns de seus comportamentos, sendo muito mais respeitoso com figuras femininas ao seu redor, por exemplo, e se adaptando sempre ao contexto em que existe.