Artes/cultura
10/11/2022 às 12:00•2 min de leitura
Uma mulher de Hong Kong que acenou com uma bandeira da era colonial enquanto assistia a uma transmissão pública das Olimpíadas de Tóquio se tornou a primeira pessoa a ser presa por insultar o hino da China.
A informação foi dada pelo jornal South China Morning Post nesta quinta-feira (10). Paula Leung, de 42 anos, se declarou culpada de ter insultado a "Marcha dos Voluntários", o hino da República Popular China. No momento em que isso acontecia, o esgrimista de Hong Kong Edgar Cheung disputava uma partida e ganhava uma medalha de ouro nas Olimpíadas.
(Fonte: G1)
Paula Leung estava em um shopping junto de outras pessoas quando acenou com uma bandeira de Hong Kong da era colonial. No mesmo momento, a disputa olímpica de esgrima era exibida em um telão. Ela teria ferido uma lei que foi aprovada em 2020 em Hong Kong (uma região administrativa chinesa), depois que grandes manifestações a favor da democracia proibiram insultos ao hino chinês.
O magistrado que a julgou disse que ela desprezou seriamente o hino e prejudicou a dignidade do país. Paula deve permanecer presa por três meses por atentar "gravemente" contra Hong Kong e a China com o seu ato.
(Fonte: Carta Capital)
Hong Kong é uma região semiautônoma da China. Ela ficou sob domínio inglês até 1997, quando foi devolvida com a promessa, feita pelo Partido Comunista Chinês, de manter a região independente por pelo menos 50 anos. Segundo esta lei de 2020, é proibido emitir insultos ao hino nacional da China. Isto foi estipulado após várias manifestações coletivas no país em favor da democracia.
Em 2019, Hong Kong enfrentou uma grande onda de protestos em cidades da República Popular da China, exigindo a retirada do projeto de lei de extradição, proposto pelo governo de Hong Kong. Segundo este projeto, as pessoas de Hong Kong ficariam sujeitas a um sistema legal diferente e as autoridades locais poderiam prender e extraditar quem fosse procurado em territórios com os quais Hong Kong não possui acordos, como a China continental e Taiwan. Os protestos se encerraram com 79 feridos, mas a lei foi suspensa.
Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, vários atletas de Hong Kong tiveram bons resultados, fazendo com que fossem apoiados pela imprensa local. Muitos dos cidadãos passaram a enfatizar a identidade única de Hong Kong e os elementos da cultura cantonesa.
Na ocasião dos jogos, centenas de jogadores se reuniram em um shopping para ver o esgrimista Edgar Cheung ganhar a medalha. Alguns dos presentes vaiaram o hino chinês e entoaram um canto que dizia "Somos Hong Kong". No entanto, Paula é a primeira pessoa a ser presa por essa razão, e teme-se que este possa ser o primeiro passo concreto para uma represália mais forte à liberdade dos cidadãos de Hong Kong.