Artes/cultura
03/12/2022 às 11:00•3 min de leitura
Desde a fundação da primeira linha de metrô do Brasil, em novembro de 1968, após décadas de desdobramentos e confusões, o empreendimento se tornou o meio de transporte essencial para a vida dos brasileiros nas grandes cidades, como a capital de São Paulo.
Seis anos após iniciar a operação da linha 1- Azul do metrô, em 1974, sua ampliação nunca mais parou. Em conjunto com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), até o momento existem 6 linhas que alcança várias regiões, além de cidades vizinhas. São Paulo possui o maior índice de tráfego subterrâneo nacional e é a 5ª cidade com o melhor sistema de metrô do mundo, com mais de 5,3 milhões de pessoas utilizando o transporte por dia – gerando uma receita de cerca de R$ 750 milhões por ano.
A longa jornada de projetos e início de obras gerou muitos espaços abandonados que nunca saíram do papel. Essas são as estações fantasmas do metrô, algumas das quais estão lá há mais de duas décadas.
(Fonte: Via Trolebus/Reprodução)
Foi em 31 de agosto de 1966 que o então prefeito de São Paulo, Faria Lima, criou o Grupo Executivo Metropolitano (GEM), chefiado por Francisco de Paulo Quintanilha Ribeiro, primeiro presidente do metrô. Um estudo de viabilidade econômica-financeira ficou a cargo da empresa Hochtief, Montreal e Deconsult (HMD). Com isso, surgiram vários primeiros projetos de linhas metroviárias, das quais muitas delas são usadas até hoje e outras foram abandonadas por vários motivos, como falta de verba ou inviabilização.
A começar pela Estação Pedro II, na Linha 3-Vermelha, com seus 22 quilômetros de extensão e 18 estações, onde há um espaço para embarque sem nenhum trilho e bloqueado por placas, situado a dois níveis abaixo da linha operacional – como acontece com a maioria das estações fantasmas.
Estava planejado para que a Pedro II recebesse a Linha 4-Amarela, inaugurada em 2010, três décadas após sua concepção, mas os projetistas mudaram o traçado da linha e a plataforma foi deixada de lado, se tornando um depósito. Eventualmente, moradores de rua se esgueiram até os confins da estação procurando fugir das épocas mais frias do ano.
(Fonte: Luis Henrique Barroso/Reprodução)
Com objetivo de conectar a Linha 1-Azul e a 2- Verde à Moema, o projeto Ramal Moema, que seguiria o trajeto da Avenida 23 de Maio, passando pelas estações Tutoia e Ibirapuera, foi abandonado mesmo com cerca de 200 metros concluídos. As plataformas e túneis foram deixados de lado, e ainda é possível vê-los em pontos estratégicos na Estação Paraíso.
A Estação Moema só foi inaugurada em 2018 como parte do projeto da Linha 5-Lilás, porém as estações Tutoia e Ibirapuera nunca se concretizaram. Para acessar o parque mais famoso da capital, por exemplo, é necessário descer na Estação AACD-Servidor.
(Fonte: Agência O Dia/Notícias R7/Reprodução)
No Rio de Janeiro a situação também não é muito diferente. As pessoas que embarcam diariamente na Estação Carioca nem imaginam que existe outra estação praticamente pronta e fora de operação a cerca de 18 metros acima de suas cabeças.
Nomeada Carioca 2, a estação-fantasma não foi concluída por falta de verba, apesar de fazer parte do projeto inicial. Em 18 de junho de 2017, o Governo do Estado abriu as portas do empreendimento abandonado à imprensa, com a promessa de que as obras seriam finalizadas para que a estação integrasse a parada à Linha 2, expandida até a Praça XV – o que nunca aconteceu.
(Fonte: Digna Imagem/Clóvis Ferreira//Reprodução)
O engenheiro Fernando MacDowell, responsável pela implantação do sistema na cidade e diretor de planejamento do metrô entre 1975 e 1979, disse que construir uma estação como a Carioca 2 seria uma tarefa cara, complexa e praticamente impossível. “Se eu não tivesse feito naquela época, você não faria hoje”, resumiu ele, em matéria à Veja Rio.
Mas nem sempre essas estações fantasmas se tornam um espaço vazio no chão. Na Estação República, em São Paulo, inaugurada em 1982, existiam três plataformas fantasmas que permaneceram intocadas por décadas até que fossem demolidas e reestruturadas para integrar o itinerário da Linha 4-Amarela.