Artes/cultura
15/01/2023 às 08:00•2 min de leitura
Em um dos metros quadrados mais caros de Nova York, no Midtown Manhattan, o distrito comercial central do mundo, está o conjunto de condomínios de alto padrão 432 Park Avenue – o lugar onde é horrível de se morar, segundo os bilionários.
Não é qualquer um que pode – ou consegue – morar no arranha-céu de 426 metros de altura, 88 andares, e com apartamentos avaliados em mais de R$ 100 milhões – sendo que a unidade da cobertura foi adquirida por US$ 87,7 milhões, há 4 anos.
Construído em 2015, o Park Avenue foi feito para os bilionários usufruírem do que há de melhor em Nova York, podendo, portanto, escolher entre apartamentos de 32 a 700 metros quadrados. Contudo, o que não esperavam é que fossem acumular uma série de problemas, mesmo tendo pago muito caro para não ter que ouvir essa palavra.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Tudo o que diz respeito ao nome Park Avenue envolve cifrões – e muitos. Demorou 3 anos para que o edifício saísse do papel, em um empreendimento que custou US$ 1,25 bilhão para ser construído.
Mas nem todo esse luxo afastou os multimilionários de uma vida sem problemas – o mínimo que esperavam, principalmente no quesito estrutural. Seis anos após o empreendimento ter sido entregue, os proprietários travam uma verdadeira guerra com os desenvolvedores devido a prejuízos de milhões de dólares em danos causados, por exemplo, devido a problemas em sistemas mecânicos e de encanamento da torre.
Em 2018, uma falha no 74º andar inundou os poços dos elevadores, deixando dois deles inoperantes por algumas semanas, e apenas outros dois para dar conta do imenso prédio. Outra queixa tem relação com um dos maiores atrativos do Park Avenue: sua altura, que proporciona uma vista de tirar o fôlego, e tem sido alvo de controvérsias entre a comunidade arquiteta.
(Fonte: Compass/Reprodução)
Quanto mais alto, mais os moradores reclamam das paredes que rangem como um deque de navio e balançam incansavelmente o dia inteiro. O Park Avenue faz parte de uma leva de torres residenciais que quebraram recordes de alturas, levantando preocupações quanto a alguns dos métodos de construção e materiais usados – que não correspondem à engenharia comercial.
“Eu estava certa de que seria o melhor prédio de Nova York”, disse Sarina Abramobich, uma das primeiras moradoras do Park Avenue, que teve um prejuízo de meio milhão de dólares após uma inundação em seu apartamento. “Eles ainda estão mostrando isso [o condomínio] como um presente de Deus para o mundo, e não é”.
(Fonte: Trulia/Reprodução)
É possível citar a cantora Jennifer Lopez como um nome familiar que sofreu com os problemas do prédio e não aguentou. Ela adquiriu um apartamento com seu ex-marido, Alex Rodriguez, em 2018, no valor de US$ 15,3 milhões. Um ano depois, porém, o espaço já estava no mercado novamente para ser arrematado por um desavisado.
No ano em que Lopez abandonou sua propriedade de luxo, os moradores reclamaram de rangidos, batidas e estrondos em seus apartamentos; além de uma calha de lixo que "soa como uma bomba" quando o lixo é jogado por ela, como divulgado em uma nota de reunião de proprietários de 2019.
Naquele mesmo ano, para que melhorias fossem feitas, despejas significativas foram adicionadas na conta do condomínio, aumentando anualmente as despesas em quase 400%.
(Fonte: RVAPC/Reprodução)
E como se tudo isso não fosse o suficiente. Algumas promessas do residencial, que serviram como atrativo no momento de captação de moradores, nunca se realizaram. Foi prometido que o condomínio teria um restaurante particular comandado por um chefe com estrela no Guia Michelin (o Olimpo gastronômico) no valor de US$ 1.200 por ano para cada morador.
Contudo, esse valor saltou para uma cobrança anual de US$ 15 mil, sendo que os moradores precisam pagar para tomar até mesmo um café da manhã. Por isso, Abramovich é categórica em dizer que tudo no 432 Park Avenue não passa de uma fachada. "Se eu soubesse o que sei agora, nunca teria comprado".