Ciência
18/04/2023 às 06:30•3 min de leitura
A história da roda de despedaçamento é uma das mais cruéis formas de tortura da história da humanidade. Também conhecido como "Roda de Catarina", esse método de execução era reservado para os piores criminosos e tinha como objetivo causar dor extrema e quebrar os ossos do indivíduo gradualmente, sem matá-lo imediatamente.
Existiam duas formas de execução: a primeira era jogar a roda sobre a vítima para quebrar seus ossos, e na segunda, a vítima era amarrada à roda e seus ossos eram quebrados sistematicamente com um porrete. Após a execução, a pessoa ficava no círculo por horas ou até dias, com seus membros entrelaçados nos raios da roda.
Roda de tortura ficou famosa na inquisição, mas seu uso é anterior e posterior à Idade Média. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A vítima era despojada de suas roupas e amarrada com os membros estendidos e presos por correntes ou cordas. A roda era, então, girada lentamente, expondo diferentes partes do corpo da vítima aos golpes de um martelo, de um porrete ou de um machado. O processo podia levar horas ou até dias e a pessoa frequentemente desmaiava de dor.
Algumas versões da roda de tortura tinham pregos ou pontas de metal nas partes salientes, causando ainda mais dor e ferimentos. Outras variantes incluíam a colocação de carvões incandescentes sob a roda para queimar a pele exposta ou uma fogueira sob a roda para agravar ainda mais a dor do condenado.
Muitas vezes, a vítima era deixada na roda para morrer lentamente de fome, sede e infecções decorrentes dos ferimentos, servindo como exemplo para outras pessoas que desejassem descumprir as regras vigentes na sociedade.
O uso da roda como forma de execução remonta ao Império Romano, à época do imperador Cômodo. Eles usavam a ferramenta para infligir dor, prendendo o condenado a um banco e colocando uma roda com flange de ferro na pessoa. Um martelo era utilizado para esmagar a roda na vítima, começando pelos tornozelos e subindo pelo corpo.
Os romanos costumavam usar a roda como punição para escravos e cristãos, e logo criaram novos enfeites para a roda de despedaçamento, suspendendo as vítimas verticalmente, de frente para a roda, ou amarrando-as à própria roda ou em torno de sua circunferência.
Quando Santa Catarina tocou a roda, o instrumento de tortura se desfez. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A roda de tortura foi batizada de "Roda de Catarina" por conta de um milagre. Catarina era filha do governador de Alexandria e quando seu pai morreu, ela se converteu ao cristianismo. Sua fama como pregadora chegou ao imperador romano Maximiano II, que exigiu a renúncia de Catarina ao cristianismo.
Ela afrontou a vontade de Maximiano II e acabou condenada à tortura na roda. No entanto, quando estava sendo torturada, a roda se partiu e Catarina sobreviveu, mas terminou sendo decapitada. O milagre da roda batizou o instrumento, por mais paradoxal que possa parecer, e a mulher se tornou posteriormente Santa Catarina.
Durante a Idade Média, dezenas de pessoas em toda a Europa – e partes da Ásia – foram executadas por meio da roda de despedaçamento. Na Alemanha, em particular, o método de execução era especialmente comum e foi usado até final do século XVIII.
Os carrascos medievais frequentemente adicionavam um toque extra de crueldade à execução. Eles podem ter começado a quebrar os membros dos condenados por meio da roda em locais públicos, como praças e mercados, para que multidões pudessem assistir. Às vezes, os corpos dos condenados ficavam em exibição pública após a execução.
A roda de despedaçamento gradualmente caiu em desuso com o passar dos séculos, à medida que métodos de execução mais "humanos" foram sendo desenvolvidos e adotados por sociedades mais “civilizadas” para aplicar a pena de morte, como decapitação, enforcamento, cadeira elétrica e injeção letal.
Hoje, a roda de despedaçamento é amplamente considerada um dos métodos de execução mais cruéis e desumanos da história. Embora tenha sido usada em um passado distante, seu legado sombrio serve como um lembrete das atrocidades que a humanidade pode infligir a seus semelhantes quando a justiça é buscada com crueldade e falta de empatia.
A tortura é definida como um ato intencional que causa dor ou sofrimento físico, ou psicológico, a uma pessoa, com o objetivo de obter informações, punir, intimidar ou humilhar a vítima. Essa prática é considerada um crime contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional e pode levar a responsabilização penal tanto de indivíduos quanto de governos.
A Constituição Brasileira afirma que ninguém será submetido à tortura. O crime é inafiançável, imprescritível e não pode receber anistia. Isso significa que o torturador pode ser condenado a qualquer tempo e não tem direito aos benefícios legais para atenuar a sua pena.