Censo 2022: quais são as cidades brasileiras de maioria negra?

26/12/2023 às 12:003 min de leitura

O Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe alguns dados interessantes sobre o povo brasileiro. Entre eles, a pesquisa revelou quais são os municípios "mais pretos" do Brasil. De acordo com as informações, agora existem nove cidades no país com predominância negra entre sua população — sendo que eram apenas dois municípios nessa categoria no Censo 2010.

Dentro dessa lista, oito desses municípios estão localizados na Bahia e o último está localizado no Maranhão. Vale também lembrar que a Bahia é o Estado brasileiro com a maior concentração de quilombolas do país (29,9% do total), nome dado para os descendentes dos moradores dos quilombos, comunidades formadas por escravos fugitivos na época da escravidão no Brasil. Veja só quais cidades estão contempladas nesse seleto grupo!

9. Antônio Cardoso, Bahia

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Segundo o IBGE, dos pouco mais de 11 mil habitantes de Antônio Cardoso, a população preta representa 55% do total, enquanto pardos são 40%, brancos 4,9%, e indígenas e amarelos representam 0,01% cada grupo. Ao todo, 33,7% do total dos entrevistados eram autodeclarados quilombolas.

O nome da cidade é uma homenagem ao coronel Antônio Cardoso de Sousa, que tinha extensas propriedades e grande poder político e econômico na região, sendo o primeiro prefeito do município criado em 1962.

8. Cachoeira, Bahia

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Com 29,3 mil habitantes, o município de Cachoeira aparece no Censo 2022 com 51,8% de população preta, 41,7% de pardos, 6,2% de brancos e menos de 1% de amarelos e indígenas. Dessa população, 24% dos moradores são autodeclarados quilombolas. Cachoeira só foi ser elevada de vila à categoria de cidade em 1837, cinco anos após seu surgimento.

Nos séculos XVIII e XIX, seu porto era utilizado para escoamento da produção agrícola do Recôncavo Baiano, principalmente açúcar e fumo. A cidade também foi palco do primeiro confronto entre brasileiros e portugueses na busca pela Independência do Brasil.

7. Conceição da Feira, Bahia

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A cidade baiana de Conceição da Feira apresenta uma população de 21 mil habitantes, dos quais 50,3% são autodeclarados pretos, 41,6% pardos, 7,9% brancos e menos de 1% amarelos e indígenas. Outro fato interessante é que o município possui ao menos duas comunidades certificadas como remanescentes de quilombo pela Fundação Cultural Palmares.

Conceição da Feira foi criada como um desmembramento de Cachoeira em 1926, e é atualmente o mais importante polo avícola da Bahia. 

6. Ouriçangas, Bahia

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Com 7,7 mil habitantes, a pequena cidade de Ouriçangas tem uma população 52,8% de pretos, 42,1% de pardos, 4,9% de brancos e menos de 1% de amarelos e indígenas. Segundo o Censo 2022, 805 habitantes são autodeclarados quilombolas, o que representa 10,4% do total. O nome do município significa "fonte de água fresca" em tupi-guarani.

No passado, a região era ocupada pelos indígenas Paiaiás, mas foi tomada por colonizadores portugueses e negros escravizados, que trabalhavam nas lavouras e criação de gado, tempos depois.

5. Pedrão, Bahia

(Fonte: Prefeitura de Pedrão/Divulgação)(Fonte: Prefeitura de Pedrão/Divulgação)

Com apenas 6,2 mil habitantes, o município baiano de Pedrão apresenta 49,7% da sua população declarada preta, 45,3% pardos, 5% brancos e menos de 1% de amarelos e indígenas. Dessas pessoas, 8,7% são autodeclarados quilombolas, segundo o IBGE. Uma curiosidade sobre Pedrão, sobretudo sobre seu pequeno tamanho, é que a cidade foi desmembrada do município de Irará em 1962.

4. Santo Amaro, Bahia

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Dos 56 mil habitantes que residem em Santo Amaro, 50,9% deles são autodeclarados pretos, 43,1% pardos, 5,8% brancos e menos de 1% de amarelos e indígenas. Segundo o IBGE, 12,4% da população total também se declara quilombola. Um fato curioso sobre esse município é porque ele também é terra natal dos cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia. 

Inclusive, Caetano fala sobre a resistência negra de Santo Amaro em na sua música 13 de Maio, a qual possui o trecho: "Dia 13 de maio, em Santo Amaro, na Praça do Mercado, os pretos celebravam (talvez hoje inda o façam) o fim da escravidão". 

3. São Francisco do Conde, Bahia

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

São Francisco do Conde, na Bahia, possui seu nome em homenagem ao padroeiro da cidade e um conde de nome Fernão Rodrigues, que herdou o terreno do terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá. Ao todo, são 38,7 mil habitantes, dos quais 49,9% são autodeclarados pretos, 44,1% pardos, 5,7% brancos e menos de 1% de amarelos e indígenas, segundo o Censo 2022. 

A cidade também é lar para comunidades quilombolas muito relevantes, como Ilha do Paty, Monte Recôncavo e Porto de Dom João. Além disso, 5,8% da população total é autodecladada quilombola. 

2. São Gonçalo dos Campos, Bahia

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Ao contrário dos outros municípios na lista, São Gonçalo dos Campos possui apenas 0,2% da sua população total autodeclarada quilombola, embora existam 47% de pretos e 45,5% de pardos na sua população de 39,5 mil habitantes. 

Os 69 quilombolas que vivem na região estão abrigados na comunidade de nome Bete II. 

1. Serrano do Maranhão, Maranhão

(Fonte: Ministério do Meio Ambiente/Divulgação)(Fonte: Ministério do Meio Ambiente/Divulgação)

Chamada de cidade "mais preta" do Brasil pelo Censo 2022 do IBGE, Serrano do Maranhão foi a única cidade fora da Bahia a ter predominância de autodeclarados pretos. Entre seus 10,2 mil habitantes, impressionantes 58% disseram ser pretos, 39% pardos, 2,7% brancos e menos de 0,1% de indígenas e amarelos.

Até 1994, a região fazia parte do município de Cururupu e era formada por lavradores, pescadores e quilombolas. Inclusive, 55,7% da população total da cidade é considerada quilombola — a quarta maior população do tipo no Brasil. Estima-se que existem quase 30 comunidades remanescentes de quilombo em Serrano do Maranhão.

Fonte

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