Imagem de Por que guerras tem como alvo destruir o patrimônio da humanidade? no megacurioso

Já ficou claro que, além de apagar a história de um povo, a prática também é muito lucrativa

Em 15 de agosto de 2021, quando o grupo fundamentalista isl&acirc;mico <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119659-afeganistao-a-vida-a-partir-de-agora-com-o-controle-do-taliba.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Talib&atilde;&nbsp;</a>conseguiu derrubar o governo do Afeganist&atilde;o pela segunda vez na hist&oacute;ria ao cercar a capital Cabul, ressurgiram uma s&eacute;rie de medos que precedem o legado sangrento do grupo.
Em meio a um hist&oacute;rico de repress&atilde;o massiva, vingan&ccedil;a, assassinato deliberado, feminic&iacute;dio e suspens&atilde;o dos direitos civis, tamb&eacute;m est&aacute; a destrui&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica do patrim&ocirc;nio hist&oacute;rico da cultura isl&acirc;mica. Em entrevista ao National Geographic, Mohammad Fahim Rahimi, diretor do Museu Nacional do Afeganist&atilde;o, demonstrou seu medo: &ldquo;Temos grandes preocupa&ccedil;&otilde;es com a seguran&ccedil;a de nossa equipe e cole&ccedil;&otilde;es&rdquo;.
Isso porque mais de 80 mil artefatos est&atilde;o vulner&aacute;veis sob o poder de destrui&ccedil;&atilde;o do Talib&atilde;, que rejeita imagens de humanos, animais e n&atilde;o gosta do passado pr&eacute;-isl&acirc;mico. Em 26 de fevereiro de 2001, o Afeganist&atilde;o testemunhou a maior destrui&ccedil;&atilde;o de sua cultura quando o l&iacute;der do Talib&atilde;, Muhammad Omar, emitiu um decreto ordenando a elimina&ccedil;&atilde;o de todas as est&aacute;tuas e os santu&aacute;rios n&atilde;o isl&acirc;micos do pa&iacute;s.&nbsp;
Esse comportamento, no entanto, n&atilde;o &eacute; algo exclusivo do grupo terrorista, mas faz erguer a quest&atilde;o: por que conflitos armados tem como alvo a destrui&ccedil;&atilde;o do patrim&ocirc;nio da humanidade?
<h2>O problema do s&eacute;culo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;South China Morning Post&nbsp;" data-fonte-url="https://cdn.i-scmp.com/sites/default/files/styles/940w/public/d8/images/canvas/2021/03/12/37ffd911-4099-443f-940d-e18102c59be1_3930c7ed.jpg?itok=sMayZmPY"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/28/28090558688010.jpg" alt="(Fonte: South China Morning Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: WAKIL KOHSAR/AFP/Getty Images) 
A UNESCO define como <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/103702-os-14-patrimonios-culturais-mundiais-do-brasil-de-acordo-com-a-unesco.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">patrim&ocirc;nio cultural</a> artefatos, monumentos, edif&iacute;cios, s&iacute;tios e museus que fornecem uma variedade de benef&iacute;cios culturais; seja aqueles cujo significado &eacute; simb&oacute;lico, hist&oacute;rico, art&iacute;stico, etnol&oacute;gico, antropol&oacute;gico, cient&iacute;fico ou social. Tudo isso pode ser tang&iacute;vel ou n&atilde;o, incluindo pr&aacute;ticas, representa&ccedil;&otilde;es, express&otilde;es, conhecimentos e habilidades que comunidades, grupos e indiv&iacute;duos possam reconhecer como parte de seu patrim&ocirc;nio cultural.
&ldquo;O patrim&ocirc;nio, antes de ser um edif&iacute;cio, &eacute; uma consci&ecirc;ncia e responsabilidade. Quando o extremismo violento ataca a cultura e a diversidade cultural, tamb&eacute;m &eacute; necess&aacute;rio responder com cultura, educa&ccedil;&atilde;o, conhecimento, e explicar o significado dos locais ao compartilhar a mensagem de toler&acirc;ncia, inclus&atilde;o e humanidade que o patrim&ocirc;nio carrega&rdquo;, disse Irina Bokova, ex-diretora-geral da UNESCO.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/28/28090705388011.jpg" alt="(Fonte: Artnet News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte:&nbsp;Twitter/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O patrim&ocirc;nio cultural come&ccedil;ou a ser visado durante o <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123313-sobibor-a-fuga-historica-e-mais-bem-sucedida-de-um-campo-nazista.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Holocausto nazista</a> na Segunda Guerra Mundial, quando as tropas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121500-hitler-tinha-planos-de-aniquilar-a-etnia-polonesa-em-ate-20-anos.htm#:~:text=Al%C3%A9m%20do%20genoc%C3%ADdio%2C%20m%C3%A9todos%20de,pelo%20seu%20hist%C3%B3rico%20em%20roubos." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adolf Hitler</a>, ao <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/115756-o-homem-que-comecou-a-guerra-o-incidente-de-gleiwitz.htm#:~:text=Em%2031%20de%20agosto%20de,esta%C3%A7%C3%A3o%20estava%20em%20m%C3%A3os%20polonesas." rel="noopener noreferrer" target="_blank">invadirem a Pol&ocirc;nia</a> para matar e escravizar os judeus, tamb&eacute;m tiveram como alvo todos os objetos de arte e cultura daquele povo. Esse comportamento de saque e destrui&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica tamb&eacute;m se espalhou por v&aacute;rios pa&iacute;ses que o nazismo invadiu pela Europa, como Dinamarca e B&eacute;lgica, for&ccedil;ando os governos a estabelecerem redes subterr&acirc;neas e secretas de prote&ccedil;&atilde;o de seus bens.
Os conflitos do s&eacute;culo XXI no Oriente M&eacute;dio renasceram esse desejo, come&ccedil;ando pela destrui&ccedil;&atilde;o em rede internacional das est&aacute;tuas dos Budas de Bamiyan pelo Talib&atilde; na primeira tomada do governo afeg&atilde;o em mar&ccedil;o de 2001.
Noelle Higgins, professora associada de direito na Universidade de Maunooth, na Irlanda, comentou em seu livro A prote&ccedil;&atilde;o do patrim&ocirc;nio cultural durante o conflito armado: os paradigmas em mudan&ccedil;a (2020), que a destrui&ccedil;&atilde;o deliberada do patrim&ocirc;nio cultural se tornou uma marca dos conflitos recentes no Oriente M&eacute;dio e no Norte da &Aacute;frica.
<h2>O apagamento de um povo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/05/02/joseph-eid-afp-getty-images-02181249250332.jpg" alt="JOSEPH EID/AFP/Getty Images" />(Fonte: JOSEPH EID/AFP/Getty Images)
J&aacute; ficou claro para os comentaristas que ter o patrim&ocirc;nio cultural como alvo &eacute; uma maneira de atingir &agrave;s comunidades para as quais o patrim&ocirc;nio &eacute; uma parte essencial de sua identidade cultural &uacute;nica. Esse foi o objetivo do Estado Isl&acirc;mico (ISIS) quando atacaram Palmyra, visando privar o povo s&iacute;rio de seu conhecimento, identidade e hist&oacute;ria em uma verdadeira conduta de "limpeza cultural", como definiu Bokova.
Para os acad&ecirc;micos italianos Paolo Foradori, Serena Giusti e Alessandro Giovanni Lamonica, isso n&atilde;o foi tudo. O grupo usou sua iconoclastia como meio de controle para afirmar seu dom&iacute;nio absoluto sobre a popula&ccedil;&atilde;o, incluindo o contexto social e cultural em que a sociedade vive.
Em seu livro, Higgins argumentou que nenhuma das a&ccedil;&otilde;es dos terroristas foram arbitr&aacute;rias ou il&oacute;gicas, mas sim taticamente pensadas para perturbar a sociedade como parte de uma estrat&eacute;gia de expans&atilde;o.
Motiva&ccedil;&otilde;es financeiras tamb&eacute;m podem desempenhar um papel fundamental no ataque a um patrim&ocirc;nio cultural da humanidade, visto que muitos deles tem alto valor comercial nos mercados internacionais, podendo ser colocados em risco para arrecadar fundos. Foi o que o ISIS fez ao emitir licen&ccedil;as para escava&ccedil;&otilde;es arqueol&oacute;gicas, arrecadando impostos meio do tr&aacute;fico de objetos e lucrando milh&otilde;es de d&oacute;lares.

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Por que guerras tem como alvo destruir o patrimônio da humanidade?

Imagem de Os Conselhos Judaicos que entregavam seus semelhantes ao nazismo no megacurioso

Até hoje o capítulo é considerado espinhento e controverso para a comunidade judaica

De outubro de 1940 at&eacute; maio de 1943, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119286-como-os-judeus-combateram-o-mortal-tifo-no-gueto-de-varsovia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Gueto de Vars&oacute;via</a>, na Pol&ocirc;nia, serviu como um grande cativeiro a c&eacute;u aberto. L&aacute;, os judeus foram mantidos pelo ex&eacute;rcito da SS de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121500-hitler-tinha-planos-de-aniquilar-a-etnia-polonesa-em-ate-20-anos.htm#:~:text=Al%C3%A9m%20do%20genoc%C3%ADdio%2C%20m%C3%A9todos%20de,pelo%20seu%20hist%C3%B3rico%20em%20roubos." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adolf Hitler</a> para que fossem submetidos &agrave; fome, ao trabalho for&ccedil;ado, doen&ccedil;as mortais e execu&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica.
Estima-se que cerca de 400 mil judeus foram selados dentro de 2,4% do territ&oacute;rio da cidade, sem acesso &agrave; sa&uacute;de ou &agrave; higiene adequada. Por conta das condi&ccedil;&otilde;es sanit&aacute;rias e ao regime de massacre, mais de 80 mil pessoas morreram at&eacute; julho de 1942, quando come&ccedil;aram a ser deportados para encontrarem seu fim nos <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121561-campo-de-concentracao-uma-historia-muito-anterior-a-auschwitz.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">campos de concentra&ccedil;&atilde;o</a>.
Ao longo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122424-7-principais-e-datas-acontecimentos-da-segunda-guerra-mundial.htm#:~:text=O%20combate%20envolveu%20milh%C3%B5es%20de,do%20Eixo%20contra%20os%20Aliados." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial,</a> o Terceiro Reich estabeleceu pelo menos mil guetos ao territ&oacute;rio da Pol&ocirc;nia ocupada e anexada pelos alem&atilde;es. Para administr&aacute;-los, os nazistas criaram os Judenrat, ou Conselhos Judaicos, considerada a pol&iacute;cia do gueto, que eram os pr&oacute;prios judeus, destinados a punir, torturar e at&eacute; matar os seus semelhantes.
<h2>Cooperar ou morrer</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/25/25234452644020.jpg" alt="(Fonte: Facing History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Jewish Chronicle/Heritage Images/Getty Images)
Essa certamente foi a caracter&iacute;stica mais sadicamente inteligente do nazismo. A SS, a pol&iacute;cia do Estado, foi uma tropa constitu&iacute;da por homens de elite, todos selecionados com base na pureza racial e na fidelidade incondicional ao Partido Nazista. Apesar de serem muitos, eles n&atilde;o eram o suficiente para dar conta de toda a estrutura do Holocausto. Al&eacute;m disso, eles estavam em uma posi&ccedil;&atilde;o de muito prest&iacute;gio para se submeterem a tarefas b&aacute;sicas.
Por isso, durante a etapa inicial do Holocausto na Alemanha, existiram os Sonderkommandos no <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123313-sobibor-a-fuga-historica-e-mais-bem-sucedida-de-um-campo-nazista.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">campo de concentra&ccedil;&atilde;o de Sobibor,</a> que eram os trabalhadores escravos judeus respons&aacute;veis pela tarefa de remover cad&aacute;veres gaseados dos seus semelhantes das c&acirc;maras, esfregar sangue e excrementos dos torturados, cremas corpos, separar roupas, bagagens e outros v&aacute;rios tipos de obriga&ccedil;&otilde;es. No final, eles acabaram mortos tamb&eacute;m, mas isso fazia parte do processo de tortura nazista para quebrar a identidade e humanidade dos judeus.
Nos guetos espalhados pela Pol&ocirc;nia, a come&ccedil;ar pelo de Vars&oacute;via, n&atilde;o foi nada diferente. Os conselhos judaicos montados pelos alem&atilde;es serviam como fiscais e um bra&ccedil;o da pol&iacute;cia nazista dos guetos, e foi composto por judeus residentes dessas &aacute;reas que foram obrigados a cumprir ordens dos nazistas divulgando informa&ccedil;&otilde;es sobre seus semelhantes.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/25/25234544480021.jpg" alt="(Fonte: Holocaust Encyclopedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: United States Holocaust Memorial Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Eles tiveram que entregar seus pr&oacute;prios amigos, familiares e vizinhos para que fossem exterminados nas imedia&ccedil;&otilde;es ou enviados para os campos de exterm&iacute;nio. Qualquer um que se recusasse a cumprir as ordens era assassinado por insubordina&ccedil;&atilde;o.
Ser escalado para se tornar um membro desses conselhos judaicos era como colocar uma corda no pr&oacute;prio pesco&ccedil;o por tempo indeterminado, pois n&atilde;o s&oacute; os colocava na mira dos pr&oacute;ximos a serem dizimados, como tamb&eacute;m prolongava a sensa&ccedil;&atilde;o. Por isso eles tiveram que andar em uma corda bamba quase imposs&iacute;vel, onde foram odiados tanto pelos alem&atilde;es quanto pelo pr&oacute;prio povo, que os via como traidores e colaboradores.
<h2>A eterna controv&eacute;rsia</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/25/25234654161022.jpg" alt="(Fonte: Holocaust Encyclopedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: United States Holocaust Memorial Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Tomasz (Toivi) Blatt, um dos prisioneiros que escapou durante a fuga de Sobibor e viveu como mensageiro no subsolo polon&ecirc;s at&eacute; o fim da guerra, disse que os militares nazistas chegavam pela manh&atilde; nos guetos e informavam ao conselho judaico para entregar 500 ou 200 homens. Se n&atilde;o fossem capazes de fazer isso, eles iam de casa em casa, batendo, atirando e matando quem vissem pela frente, at&eacute; atingir a meta do dia.
Por isso, foi comum muitos membros terem tirado a pr&oacute;pria vida ao ficar na corda bamba de entregar um dos seus ou n&atilde;o, como foi o caso de Adam Czerniakow, que se suicidou em 23 de julho de 1942, um dia ap&oacute;s o in&iacute;cio das deporta&ccedil;&otilde;es para os campos.
Esses conselhos tentaram fornecer servi&ccedil;os comunit&aacute;rios b&aacute;sicos para as popula&ccedil;&otilde;es judaicas guetizadas, por&eacute;m nem sempre tiveram sucesso devido &agrave;s pol&iacute;ticas nazistas que precisavam seguir. At&eacute; hoje, os conselhos s&atilde;o um assunto controverso e espinhento na hist&oacute;ria do Holocausto para a comunidade judaica, que n&atilde;o aceita a coopera&ccedil;&atilde;o dos seus pr&oacute;prios com o nazismo, acreditando que esses garantiriam a sobreviv&ecirc;ncia de pele menos uma parte da popula&ccedil;&atilde;o.

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Os Conselhos Judaicos que entregavam seus semelhantes ao nazismo

Imagem de Tosher: os homens que viviam dos objetos perdidos nos esgotos no megacurioso

Considerada a 'aristocracia do trabalho', a profissão do século XIX de Londres além de suja era perigosa

<head></head><body>O Reino Unido do século XIX, mais especificamente Londres, chegou a acumular por dia mais de 1 mil toneladas de esterco que os mais de 300 mil cavalos de comércio e uso pessoal deixavam depois que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124831-em-1920-pessoas-tinham-que-ser-convencidas-que-eletricidade-era-util.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Revolução Industrial</a> fez da capital o coração do comércio na Europa.Em uma época em que não havia <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/114891-o-grande-fedor-de-1858-que-quase-intoxicou-londres.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sistema de saneamento básico</a> adequado, Londres não só se tornou caótica com a quantidade de pessoas, mas também um foco pulsante de todos os tipos de epidemias possíveis, com a podridão do rio Tâmisa, as toneladas de fezes de cavalos no chão fuliginoso das ruas e o fedor tóxico dos dejetos de milhares de habitantes nos canais de água.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20103015418096.jpg" alt="(Fonte: Museum of London/Reprodução)">(Fonte: Museum of London/Reprodução)Antes de Joseph William Bazalgette encabeçar o projeto para construir uma nova rede de esgoto, os ricos contratavam os pobres para descer nas fossas e recolher os dejetos, bem como a prefeitura recrutava os denominados <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118313-homens-do-solo-os-catadores-de-fezes-publicos-do-seculo-xix.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">homens do solo noturno</a> para limpar as ruas.Foi em meio a essa nojeira que nasceu a profissão de&nbsp;tosher, os homens que viviam de resgatar pertences dos esgotos de Londres.<h2>Procurando riqueza no esgoto</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20103743736102.jpg" alt="(Fonte: My London News/Reprodução)">(Fonte: My London News/Reprodução)A Revolução Industrial evidenciou todos os problemas de classe que já existiam na época e a deficiência de uma sociedade em expansão apenas piorou esse cenário, que empobreceu de tal forma que o termo "miserável" usado por Victor Hugo passou a beirar um eufemismo para retratar tudo o que acontecia.Se havia homens e crianças que passavam dias e madrugadas com fezes até o pescoço em fossas dos ricos para limpá-las ou em galerias para desafogar um pouco o sistema de esgoto pré-histórico de Londres, não é de se espantar que alguns ao menos tentariam tirar proveito da situação quando se deparassem com a quantidade de objetos que as pessoas deixavam ir pelo ralo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20103829900103.jpg" alt="(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)">(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)Enquanto a aristocracia achava o pobre "inventivo" por sua persistência em prosperar, o mesmo via isso como única alternativa para não morrer, literalmente, de fome. Por isso várias ocupações foram surgindo ao longo do tempo em meio à crise, como a de tosher, que consistia em garimpar esgoto bruto nas galerias sob as ruas londrinas em busca de objetos de valor que pudessem ser úteis para venda.Claro, esses homens nem sempre tinham sorte de achar algo de valor que realmente os fossem tirar daquela situação, por isso fragmentos de ossos, corda, diversos pedaços de metal, talheres de prata e, se tivessem sorte, moedas já estavam de bom tamanho e foram o suficiente para fazer deles "ricos".<h2>A era do declínio</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20103918765105.jpg" alt="(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)">(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)O termo tosher vem da palavra "tosh", uma gíria londrina para indicar coisas de valor retiradas de ralos e esgotos. Esses homens costumavam trabalhar na costa do Tâmisa em vez dos esgotos, também se empenhando em depósitos de lixo e em casas que pegavam fogo devido à queima não controlada de carvão doméstico.Apesar disso, os esgotos foram o lugar em que mais prosperaram na profissão e que, apesar de um trabalho literalmente sujo e que incorria um grande mal para a saúde, era considerado decente. Eles chegavam a faturar uma média de seis xelins por dia, cerca de US$ 50 atualmente, o suficiente para classificá-los como a "aristocracia da classe trabalhadora". Por ano, a profissão de tosher arrecadava, no geral, mais de 20 mil euros.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20143950339294.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia/Reprodução)">(Fonte: Wikimedia/Reprodução)A profissão se tornou mais cobiçada, apesar de perigosa, depois de 1840, quando se tornou ilegal entrar na rede de esgoto sem permissão das autoridades. O mercado foi dividido com os informantes que recebiam uma recompensa de 5 euros a qualquer um que denunciasse os infratores de bueiros."Eles temem que sufoquemos, mas não se importam se passarmos fome", foi a frase que marcou o período em que o ofício declinou em Londres.</body>

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Tosher: os homens que viviam dos objetos perdidos nos esgotos

Imagem de 'Ratos de túnel': os soldados que enfrentavam a morte no Vietnã no megacurioso

Incumbidos de desativar uma rede de túneis inimiga, eles estavam sujeitos a várias armadilhas, desde picadas de cobras a explosões

<head></head><body>Não há sinônimo melhor para definir a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124794-o-massacre-de-my-lai-o-episodio-mais-violento-da-guerra-do-vietna.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra do Vietnã</a> além de "Guerra da Resistência". Isso porque o conflito durou longos e extenuantes 20 anos, ficando marcado como o responsável por minar pela primeira vez na História o patriotismo no coração da sociedade norte-americana. Inclusive em muitos dos próprios soldados, que não resistiram e apelaram para o suicídio por meio do <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119223-fragging-o-ato-de-matar-os-proprios-companheiros-de-guerra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fragging</a> ou deserção – preferindo a desonra do que enfrentar o conflito.A morte permeou todos os aspectos da guerra insuportável, com os combatentes sendo submetidos a desafios físicos impostos pelo clima, terreno e a vida selvagem do Vietnã. Além disso, eles também tiveram que lidar com problemas logísticos e com a complexa situação política instável do país. Não havia vantagem para nenhum dos lados, tampouco uma situação mais ou menos favorável.Além de lutar nas selvas e nos arrozais do sudeste da Ásia, os soldados também desempenharam a função de rato de túnel ("tunnel rats"), considerado um dos ofícios mais física e psicologicamente traiçoeiros e desafiadores de toda a guerra. A missão deles era entrar em labirintos subterrâneos construídos pelos vietcongues, principais inimigos, para destruir sua resistência.<h2>A morte a cada esquina</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20102151537086.jpg" alt="(Fonte: DC News Now/Reprodução)">(Fonte: DC News Now/Reprodução)No início da Guerra do Vietnã, o Viet Minh criou um complexo sistema subterrâneo de túneis para lutar contra as forças coloniais francesas, e que depois foi apoderado e melhorado pelos vietcongues durante a década de 1960. Os túneis incluíam hospitais, áreas de treinamento, instalações de armazenamento de armas, sedes e quartéis. Tudo possuía um tecnológico sistema de ventilação que permitia que os guerrilheiros ficassem escondidos no subsolo por meses.Quando o conflito estourou, as tropas do Tratado ANZUS (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos) descobriram o sistema de túneis, com os homens da Terceira Tropa de Campo, uma unidade de engenharia de combate australiana, sendo os primeiros a entraram no sistema.Com isso, nasceu a profissão de rato de túnel, soldados que receberam a tarefa de destruí-los, coletar inteligência deles e matar ou capturar seus ocupantes em situação de combate muito próxima. Na maioria das pessoas, os soldados eram equipados com apenas uma pistola M1911 ou revólver M1917, uma baioneta, uma lanterna e explosivos.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20102346924087.jpg" alt="(Fonte: War History Online/Reprodução)">(Fonte: War History Online/Reprodução)Esse esquema aconteceu em 1966, quando os americanos começaram a enviar várias tropas para flertar com a morte ao se rastejar pelos túneis minúsculos e perigosos. Uma vez lá dentro, os soldados tinham que enfrentar todos os tipos de perigosos, desde soldados inimigos, minas e armadilhas, que incluíam ataque de cobras venenosas e bombas de gás.Tendo que erradicar cada túnel, um por um, a tarefa esgotou os soldados fisicamente a ponto de muitos entrarem em colapso, morrendo de calor ou de ferimentos. A guerra também aconteceu na cabeça deles, muitos "ratos" enlouqueceram nos túneis, tendo que viver à flor da pele a cada segundo, sem saber o que poderiam encontrar a cada curva. Como resultado, houve uma incrível taxa de baixas.<h2>Os escolhidos</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20102636559093.jpg" alt="(Fonte: History Net/Reprodução)">(Fonte: History Net/Reprodução)A maioria dos ratos de túnel foram treinados na Escola de Engenharia Militar do Exército Australiano, localizado a cerca de 32 quilômetros a oeste de Sydney, durante três meses de extenso treinamento de campo. Lá, eles aprenderam tudo o que deveriam fazer quando chegassem no epicentro da guerra, como detecção de minas, desarmamento de armadilhas, busca de túneis e demolições.Eles eram mandados para o subsolo em pares, compostos por um soldado experiente e outro iniciante na função de rato de túnel. Os homens eram geralmente de menor estatura, entre 1,65 metros de altura, porque conseguiam fazer manobras mais confortáveis no espaço estreito. A maioria deles eram de ascendência europeia ou hispânica, muitos dos quais eram porto-riquenhos ou latino-americanos.A primeira vez que os ratos de túnel caíram em conhecimento público foi em janeiro de 1966, após a Operação Crimp, uma operação militar combinada entre EUA e a Austrália na província de Binh Duong.Como resultado desse trabalho ingrato, os ratos de túnel sofreram com uma alta porcentagem de lesões e doenças causadas pela inação constante do Agente Laranja.</body>

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'Ratos de túnel': os soldados que enfrentavam a morte no Vietnã

Imagem de Por que a Igreja considerava a prostituição um "mal necessário"? no megacurioso

A Igreja Católica condenou moral e espiritualmente a prática, mas também ponderou para se beneficiar dela

&Eacute; estimado que existam cerca de 40 a 42 milh&otilde;es de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/123372-como-era-a-vida-das-prostitutas-de-luxo-no-renascimento.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">prostitutas</a> no mundo, das quais 80% s&atilde;o mulheres entre 13 a 25 anos. E, segundo os preceitos e a moral crist&atilde;, todas elas est&atilde;o "condenadas ao inferno", uma vez que o corpo &eacute; o templo do Esp&iacute;rito Santo e, portanto, n&atilde;o pode ser profanado.
A religiosidade criou a ideia de que essas pessoas est&atilde;o "perdidas", n&atilde;o se valorizam como seres humanos, e que devem se arrepender e implorar pelo perd&atilde;o de Deus por venderem seus corpos. Afinal, como consta em Deuteron&ocirc;mio (23:18), "n&atilde;o trar&aacute;s o sal&aacute;rio da prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra coisa s&atilde;o igualmente abomin&aacute;veis ao Senhor teu Deus."
Ironicamente, durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/120995-conheca-6-leis-ridiculas-da-idade-media.htm#:~:text=Muita%20gente%20pensa%20na%20Idade,o%20nariz%20at%C3%A9%20jogar%20futebol." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Idade M&eacute;dia</a>, a&nbsp;Igreja Cat&oacute;lica apoiou a prostitui&ccedil;&atilde;o por consider&aacute;-la um &ldquo;mal necess&aacute;rio&rdquo;.
<h2>As imorais</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Welcome Collection&nbsp;" data-fonte-url="https://images.prismic.io/wellcomecollection/cc1696037811d81ddf91acf30f40f9144ede6621_prostitution_promo2.jpg?auto=compress,format"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20110113557127.jpg" alt="(Fonte: Welcome Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Welcome Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A prostitui&ccedil;&atilde;o &eacute; conhecida como &ldquo;a profiss&atilde;o mais antiga do mundo&rdquo;, e apesar do senso comum achar que se trata de um ditado popular, na verdade, foi cunhada pelo escritor vitoriano Rudyard Kipling, em seu conto On The City Wall (1898).
Na B&iacute;blia Sagrada, uma mulher chamada de "Prostituta da Babil&ocirc;nia" aparece como uma figura de comportamento pecaminoso, significando que o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119808-imperio-romano-so-1-a-cada-4-imperadores-morreram-de-causas-naturais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Imp&eacute;rio Romano</a> n&atilde;o era mais que um bando de pessoas profanas, com sua multid&atilde;o de deuses e sua moral errada.
No s&eacute;culo XIII, a Igreja Cat&oacute;lica ditava tudo na sociedade da Idade M&eacute;dia, desde como beijar, qual posi&ccedil;&atilde;o mulheres gr&aacute;vidas com menos de 25 anos poderiam assumir na cama, at&eacute; quando era apropriado ter um filho. De acordo com um estudo feito por Jacques Rossiaud, descrito em seu livro As Pol&iacute;ticas da Prostitui&ccedil;&atilde;o Medieval, foi nesse tempo obscuro de opress&atilde;o que o sexo como trabalho floresceu, sobretudo na Fran&ccedil;a medieval.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20110251238128.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Em uma pesquisa extensa pelos registros judiciais, contratos de casamento e senten&ccedil;as de pris&atilde;o das cidades de Lyon, Dijon e Toulouse, Rossiaud observou ser comum mulheres serem repetidamente v&iacute;timas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/123199-uma-garota-de-muita-sorte-os-danos-a-saude-mental-da-vitima-de-estupro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">viol&ecirc;ncia sexual</a> e estupros coletivos, cometidos por grupos organizados de homens.
Com isso, as mulheres foram as &uacute;nicas afetadas, perdendo o direito moral e c&iacute;vico de terem uma vida estruturada, sendo for&ccedil;adas a passarem o resto de suas vidas se vendendo nas ruas, em tavernas sujas ou banheiros p&uacute;blicos para conseguir sobreviver. Isso aconteceu porque as mulheres eram sempre culpadas por qualquer coisa que lhes acontecesse, pois, aos olhos da Igreja e da sociedade, eram fornicadoras por natureza, respons&aacute;veis por despertar a lasc&iacute;via nos homens e seus impulsos malignos.
<h2>"Um mal necess&aacute;rio"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20110356276129.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Oeuvre du Mus&eacute;e Fabre/Wikimedia Commons)
Enquanto Tom&aacute;s de Aquino lutava contra a Natureza e condenava a fornica&ccedil;&atilde;o, a castidade e a masturba&ccedil;&atilde;o como um mal, a prostitui&ccedil;&atilde;o floresceu e foi autorizada. Isso porque a pr&oacute;pria Igreja a condenava tanto quanto a percebia como "um mal necess&aacute;rio", que protegia a sociedade de males ainda maiores.
Portanto, a Igreja deu suporte &agrave; profiss&atilde;o mais antiga do mundo, acreditando que as "mulheres da noite" eram respons&aacute;veis por guardar a honra e castidade das freiras, que rezavam pelo povo, e chegaram a ser consideradas at&eacute; m&aacute;rtires.
As autoridades municipais tamb&eacute;m apoiavam o trabalho sexual porque entendiam que, aos fornecer seus servi&ccedil;os, as prostitutas diminu&iacute;am a viol&ecirc;ncia e o terror que poderiam ser propagados pela energia sexual n&atilde;o canalizada, n&atilde;o arriscando a pureza das meninas solteiras aos olhos dos meninos que aprendiam como eram os prazeres da carne.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20110503282133.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: <a class="e0WtYb ZClDgf" href="http://centraalmuseum.nl/ontdekken/object/#o:7069/" jsmodel="nDkrdf" target="_blank" rel="noopener" title="Centraal Museum" jsshadow="">Centraal Museum</a>/Wikimedia Commons)
Mas o endosso da Igreja tamb&eacute;m acontecia porque a prostitui&ccedil;&atilde;o era extremamente lucrativa, visto que nenhum trabalho rendia mais do que aquele oferecido pela carne, ainda que esse fosse pecaminoso e conden&aacute;vel. Os bord&eacute;is geravam dinheiro intermin&aacute;vel com os caixeiros-viajantes, homens solteiros, casados e aqueles que queriam iniciar seus filhos para torn&aacute;-los "homens de verdade".
Sem status, influ&ecirc;ncia ou posi&ccedil;&atilde;o social, as prostitutas medievais estabeleceram uma nova ordem social como mulheres agressivas que n&atilde;o precisavam responder aos bons costumes, ofendendo a sociedade machista. Al&eacute;m disso, muitas vezes foram respons&aacute;veis por abrirem caminhos e oportunidades na ascens&atilde;o das mulheres, sustentando umas &agrave;s outras, porque eram tudo o que tinham.

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Por que a Igreja considerava a prostituição um 'mal necessário'?

Imagem de A indústria do couro adoece e mata seus trabalhadores no megacurioso

A produção é considerada essencial para a economia, mas a que custo?

<head></head><body>Usado para confeccionar ou implementar uma variedade de itens – como roupas, calçados, bolsas, móveis, ferramentas e equipamentos –, o couro compõe um mercado global de artigos avaliado em US$ 242,85 bilhões somente em 2022, e deve crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 6,6% de 2023 a 2030.No momento, a China é o maior produtor e exportador de produtos feitos em couro, produzindo cerca de 4 bilhões de metros quadrados de couro todos os anos, superando em mais de duas vezes o índice de produção do Brasil, que fica na dianteira com o curtimento de mais de 40 milhões de couros e peles. Nosso país conta com o maior rebanho bovino comercial do mundo para sua indústria de carnes, o colocando entre os cinco maiores fabricantes de couro do planeta.Para além dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/123463-por-que-o-ecocapitalismo-e-uma-farsa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">impactos ambientais</a>, atualmente, grande parte da produção de couro que chega aos países ocidentais é produto de fábricas asiáticas, muitas delas sediadas em países como a Índia, onde o trabalho de curtume é feito por pessoas economicamente vulneráveis que vivem em condições precárias. E isso não é tudo, a perigosa produção do couro mata vários trabalhadores anualmente.<h2>Sufocando em silêncio</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20101348849079.jpeg" alt="(Fonte: Collective Fashion Justice/Reprodução)">(Fonte: Collective Fashion Justice/Reprodução)O processo de tratamento do couro está dividido em preparação, curtimento e finalização. Durante o estágio de preparação, o processo começa com a conservação (ou cura) por meio de pesticida, inseticida e sal. Em seguida, o couro é imerso em enzimas que vão decompor as gorduras e proteínas da pele, além de tratar pragas e micróbios; depois, enfim, chega no estágio de calagem e depilação em solução alcalina, com peróxido de hidrogênio usado para remover o calcário das peles, que depois são tratadas com ácido fórmico e sulfúrico, formiato de sódio, cloreto de sódio e metabissulfito de sódio.Na etapa de curtimento, a estrutura do couro é estabilizada para ser protegida do calor, da degradação e hidrólise microbiana e enzimática, fortalecendo e o convertendo em couro. Mais uma série de ácidos e sulfatos são usados para o tingimento, esfoliação e depilação da pele. Depois de pronto, o couro é encaminhado para o tingimento definitivo, engorduramento e revestimento, que criam uma barreira protetora para a pele, alterando a cor e a tornando mais elástica.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20101442148080.jpg" alt="(Fonte: MAHI/Reprodução)">(Fonte: MAHI/Reprodução)Essas pessoas pobres em fábricas decadentes espalhadas pelos locais mais vulneráveis da Índia, Bangladesh, América Central e Sudão desenvolvem lesões musculoesqueléticas agudas e crônicas (que afetam os músculos, ossos, ligamento, meniscos, cápsulas articulares e até a coluna vertebral), escamação e ferimentos por traumas devido ao contato físico e respiratório com os produtos altamente tóxicos do processo de curtimento.A verdadeira bolha tóxica que a movimentação desses produtos causa no ar acarreta também em problemas gastrointestinais que, normalmente, apenas ocorreriam com a ingestão ou consumo do produto. No entanto, aqui, acontecem porque os alimentos e bebidas consumidos no perímetro das fábricas acabam absorvendo as partículas expostas no ar.<h2>A viagem do couro</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20101610162083.jpg" alt="(Fonte: The Ecologist/Reprodução)">(Fonte: The Ecologist/Reprodução)Como salientou um estudo publicado no&nbsp;Indian Journal of Occupational &amp; Environmental Medicine, apenas trabalhar como curtidor de couro abre margem para vários tipos de cânceres, como de pulmão, melanoma e sarcoma de tecidos moles; bem como doenças no fígado e nos rins devido ao alto teor de produtos químicos incrivelmente cáusticos, como o cromo, arsênico e vários tipos de solventes, como o formaldeído.No final do dia, o couro pode parecer bonito, mas requer um sacrifício danoso para sua fabricação.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20101716793085.jpg" alt="(Fonte: Sir Gordon Bennett/Reprodução)">(Fonte: Sir Gordon Bennett/Reprodução)Atualmente, o setor do couro ocupa um lugar de suma importância no desenvolvimento da economia mundial devido às receitas de exportação, de um uso que data das primeiras civilizações no Egito e na Mesopotâmia. Há 10 mil anos, surgiram os primeiros couros à prova d’água, sendo que há 5 mil anos começou o curtimento real do produto.A evolução do couro pode ser rastreada em todo mundo desde a Idade da Pedra até os tempos modernos, com as culturas encontrando usos valiosos para o material em suas vidas diárias, o que faz dele um dos produtos têxteis mais populares de todos os tempos.</body>

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A indústria do couro adoece e mata seus trabalhadores

Imagem de Por que os cientistas querem criar um fuso horário lunar? no megacurioso

Esse é considerado o grande passo para os governos que querem explorar a Lua

Bases lunares, plataformas de explora&ccedil;&atilde;o e <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/112057-estudantes-criam-elevador-espacial-que-pode-ser-construido-hoje.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">elevador espacial</a> s&atilde;o apenas alguns dos planos que governos, como os dos Estados Unidos e China, t&ecirc;m para a Lua. Recentemente, no entanto, foi adicionado a necessidade de estabelecer um fuso hor&aacute;rio lunar a essa lista.
Afinal, se o homem tem planos t&atilde;o grandes assim para a Lua, esse seria o primeiro passo para que essa longa jornada de feitos consiga ser espec&iacute;fica para as comunica&ccedil;&otilde;es lunares, e a Ag&ecirc;ncia Espacial Europeia j&aacute; est&aacute; &agrave; frente do projeto tentando atrair empresas privadas para o empreendimento.
<h2>Visando progresso</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/25/fonte-getty-images-25174803508368.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
A <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119953-como-foi-decidido-o-fim-da-corrida-espacial.htm#:~:text=Em%201950%2C%20foi%20o%20contexto,engenhosidade%20tecnol%C3%B3gica%20e%20recursos%20econ%C3%B4micos." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Corrida Espacial</a> do s&eacute;culo XXI &eacute; uma realidade, como j&aacute; deixou bem claro Bil Nelson, ex-astronauta, administrador da NASA e senador da Fl&oacute;rida. Dessa vez, no entanto, no lugar da antiga Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica, agora se encontra a pot&ecirc;ncia chinesa que, segundo o governo norte-americano, tenta dominar os recursos lunares ao reivindicar a propriedade das &aacute;reas ricas em recursos da Lua.
Apesar dessa movimenta&ccedil;&atilde;o acontecer h&aacute; um tempo, foi apenas em 2022 que se intensificou, quando o programa espacial chin&ecirc;s construiu uma esta&ccedil;&atilde;o espacial na &oacute;rbita da Terra e estabeleceu v&aacute;rias miss&otilde;es de &oacute;rbita lunar e recupera&ccedil;&atilde;o de amostras. Os chineses agendaram uma terceira fase do programa, prevista para acontecer em 2025, e visam estabelecer uma esta&ccedil;&atilde;o de pesquisa lunar aut&ocirc;noma pr&oacute;ximo ao polo sul da Lua.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20100926980069.jpg" alt="(Fonte: CNSA/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CNSA/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ou seja, um fuso hor&aacute;rio lunar condiz com a necessidade de fazer planos a longo prazo para descobrir tudo o que &eacute; necess&aacute;rio para tornar uma base lunar bem-sucedida. A necessidade de um fuso assim est&aacute; em fornecer dados de localiza&ccedil;&atilde;o mais precisos aos usu&aacute;rios na superf&iacute;cie da Lua, visto que, atualmente, as miss&otilde;es lunares sincronizam seus rel&oacute;gios com os da Terra. Nas futuras miss&otilde;es lunares, no entanto, essa t&aacute;tica seria inadequada, especialmente &agrave; medida que mais miss&otilde;es decolam.
A discuss&atilde;o para um fuso lunar come&ccedil;ou em novembro de 2022, durante uma reuni&atilde;o no Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espacial da ESA, na Holanda, cruzando com o esfor&ccedil;o da NASA para criar o LunaNet, uma rede de arquitetura digital destinada a permitir comunica&ccedil;&atilde;o e navega&ccedil;&atilde;o na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124782-nasa-anuncia-os-quatro-astronautas-de-nova-viagem-a-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lua</a>.
No momento, ainda n&atilde;o h&aacute; data de lan&ccedil;amento para o sat&eacute;lite Moonlight, que permitir&aacute; que o LunaNet funcione, tampouco garantia de quando um fuso lunar pode ser criado, ou mesmo qu&atilde;o diferente pode ser dos fusos hor&aacute;rios na Terra.
<h2>Organizando a Terra</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20101030987073.jpg" alt="(Fonte: NASA/Alberto Bertolin/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: NASA/Alberto Bertolin/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
At&eacute; a primeira metade do s&eacute;culo XVIII, antes do estabelecimento dos fusos hor&aacute;rios em 1883, havia mais de 144 hor&aacute;rios locais s&oacute; na Am&eacute;rica do Norte, gerando um caos regional devido &agrave;s pequenas diferen&ccedil;as de hor&aacute;rio resultantes entre vilas e cidades adjacentes.
O problema se intensificou com a populariza&ccedil;&atilde;o das ferrovias, quando viagens mais r&aacute;pidas se tornaram poss&iacute;veis em muitas cidades, e os viajantes &agrave;s vezes podiam chegar em um hor&aacute;rio local anterior ao que haviam deixado. A falta de padroniza&ccedil;&atilde;o de tempo e os hor&aacute;rios nas mesmas vias, muitas vezes, n&atilde;o podiam ser coordenados, resultando em colis&otilde;es catastr&oacute;ficas.
O engenheiro Sir Sanford Fleming, que trabalhava nas ferrovias canadenses, testemunhou esse problema quando perdeu um trem em 1876. Essa experi&ecirc;ncia o deu a ideia de criar um hor&aacute;rio padr&atilde;o, com varia&ccedil;&otilde;es hor&aacute;rias conforme as diferentes zonas do mundo.
Como resultado, as maiores empresas ferrovi&aacute;rias come&ccedil;aram a operar em um sistema coordenado de quatro fusos hor&aacute;rios a partir de 1883, dando in&iacute;cio a uma revolu&ccedil;&atilde;o que colocou ordem no mundo.

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Por que os cientistas querem criar um fuso horário lunar?

Imagem de Como a ditadura fez o Palmeiras mudar de nome no megacurioso

A história envolve difamação, opressão e ódio contra o time

<head></head><body>Foi na manhã de 1º de setembro de 1939 que <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117281-germania-o-plano-de-hitler-de-destruir-a-arquitetura-de-berlim.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adolf Hitler&nbsp;</a>fez um pronunciamento declarando o início do seu Fall Weiss, o plano estratégico de invasão à Polônia, embasado em sua "operação de bandeira falsa" que foi o <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/115756-o-homem-que-comecou-a-guerra-o-incidente-de-gleiwitz.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Incidente de Gleiwitz</a>. No mesmo dia, enquanto o nazista falava, as tropas colocavam em prática a Operação Tannenberg, invadindo o território polonês e assassinando quem estivesse pela frente. Começava ali a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123951-como-a-segunda-guerra-mundial-criou-um-dos-refrigerantes-mais-populares.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a> na Europa.Rapidamente, as potências do mundo inteiro precisaram se posicionar em relação à guerra, mas, a princípio, não foi o que aconteceu com o Brasil. O governo de <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121169-getulio-vargas-a-vida-do-polemico-presidente-brasileiro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Getúlio Vargas</a>, uma ditadura instaurada em 1937, se declarou oficialmente neutro, afinal, economicamente, era interessante que se mantivesse assim, visto que tinha ligações com países de ambos os lados do conflito.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14073530331014.jpg" alt="(Fonte: Politize!/Reprodução)">(Fonte: Politize!/Reprodução)Com sua notória habilidade política, Vargas conseguiu manter esse esquema até agosto de 1942, quando cedeu à pressão do governo norte-americano para encerrar o período de neutralidade, principalmente porque o ficar em cima do muro denotava um apoio à Alemanha nazista de Hitler e à Itália fascista de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120077-as-atrocidades-cometidas-por-mussolini-nao-conheceram-limites.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mussolini</a>.O Brasil, então, entrou para o lado dos Aliados e muita coisa mudou, principalmente com o fim da guerra, mas durante esta, o time de futebol do Palmeiras teve que mudar de nome.<h2>A campanha difamatória</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;O Curioso do Futebol&nbsp;" data-fonte-url="https://1.bp.blogspot.com/-O8bQ5tpRd68/X0ZlBOd6TlI/AAAAAAAAfoU/eePYfJNlsJMJKlxWQX6brIBlM8b9x76ngCLcBGAsYHQ/s1600/foto01.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14073755767016.jpg" alt="(Fonte: O Curioso do Futebol/Reprodução)">(Fonte: O Curioso do Futebol/Reprodução)Ironicamente, as maiores transformações na história do Palmeiras surgiram durante dois períodos mundiais extremos: a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Enquanto quilômetros de trincheiras eram formadas na frente ocidental na Europa, em 14 de agosto de 1914, surgia o time Palestra Itália, da vontade em montar um grande clube de colônia italiana em São Paulo.Afinal, os alemães tinham o Germânia, e os britânicos, o Mackenzie. O Palestra nasceu na Matarazzo, fruto de uma iniciativa de parte de seus funcionários, mas muitos ainda acreditam no mito de que foi de uma dissidência do Corinthians – apesar de isso já ter sido historicamente desmentido.&nbsp;Em 14 de agosto de 1914, foi publicada uma carta no jornal Fanfulla chamando os interessados na formação de um clube de futebol. Nascia ali o Palestra Itália.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14073851307017.jpg" alt="(Fonte: Palmeiras/Reprodução)">(Fonte: Palmeiras/Reprodução)Meses antes de Vargas declarar o fim da neutralidade do país, ele já tomava pequenas atitudes para compensar a falta de lado do Brasil, confiscando bens e direitos dos estrangeiros alemães, italianos e japoneses, tornando a vida dos imigrantes ainda mais difícil no país.Com isso, várias instituições tiveram que trocar de nome, em uma tentativa de driblar essas medidas, como fez o então Esporte Clube Germânia, atual Esporte Clube Pinheiros e, principalmente, o Palestra Itália, que virou Palestra de São Paulo.<h2>O momento histórico</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14074121658019.jpg" alt="(Fonte: Palmeiras/Reprodução)">(Fonte: Palmeiras/Reprodução)O governo, no entanto, se mostrou insatisfeito com o nome porque acreditava que a palavra "palestra" fizesse alusão à Itália, apesar de vir do latim e significar "local para exercícios físicos". Muita dessa pressão sobre o time também vinha dos clubes rivais, principalmente do São Paulo – queridinho da elite paulistana –, que perseguia os imigrantes italianos por eles terem conseguido um local de respeito no Brasil e, sobretudo, no futebol, mesmo não sendo nativos e ricos.Assim foi criada uma ferrenha campanha de difamação contra os italianos, chamados de "traidores da pátria" e "espiões" nas manchetes pelo Brasil. Para acabar com qualquer referência à Itália, os dirigentes do clube se reuniram em 14 de setembro daquele ano para cunhar um novo nome para o time, e foi onde nasceu a Sociedade Esportiva Palmeiras, uma sugestão de Mário Minervino, em homenagem à extinta Associação Atlética das Palmeiras.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14074021255018.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodução)">(Fonte: Wikipedia/Reprodução)Mas isso não foi tudo. Além do nome, a agremiação alterou o símbolo no escudo, que antes carregava as iniciais de Palestra Itália, mantendo apenas a letra "P". O vermelho das cores também foi removido, restando apenas o verde e branco.Durante o primeiro jogo após as mudanças, no Campeonato Paulista de 1942, em que o Palmeiras enfrentou o rival São Paulo, a equipe entrou em campo carregando uma bandeira do Brasil e ganhou dos queridinhos por 3 a 1, marcando o dia em um episódio conhecido como "Arrancada Heroica", que calou a boca de muitos e estabeleceu o time como um gigante futebolístico.</body>

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Como a ditadura fez o Palmeiras mudar de nome

Imagem de As controvérsias no uso de genealogia genética para resolver crimes no megacurioso

Você daria seu DNA para ajudar a resolver crimes?

<head></head><body>A técnica de genealogia genética se baseia na criação de perfis de história familiar, ou seja, relações biológicas entre ou em meio a indivíduos usando resultados de testes de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121199-o-que-e-o-dna-e-como-ele-se-parece.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">DNA</a> em combinação com métodos genealógicos tradicionais. Ao fazer uso dele, a genealogia genética consegue determinar os níveis e tipos de relações biológicas entre os indivíduos.Desde 2017, após o caso do "Golden State Killer" ser reaberto, essa técnica se tornou a mais promissora para que investigadores consigam resolver crimes. Na Califórnia das décadas de 1970 e 1980, um homem foi responsável por assassinar 13 pessoas e estuprar mais 45, se safando por anos da lei até que investigadores decidiram reabrir o caso há 6 anos ao aplicar a&nbsp;técnica de genealogia genética para resolver o crime, extraindo o perfil de DNA do suspeito de um kit de estupro — um recipiente com materiais usados para coletar evidências forenses após uma agressão sexual — e o enviando para o GEDmatch, uma empresa que reúne resultados de vários testes de genealogia de DNA.Foi assim que a polícia conseguiu prender Joseph DeAngelo em abril de 2018, que se declarou culpado pelas várias acusações e foi condenado à prisão perpétua. Em apenas alguns meses, o DNA foi capaz de resolver casos que confundiram as autoridades policiais por quase 50 anos, e agora uma ONG sem fins lucrativos quer usar os dados de DNA dos cidadãos para resolver crimes.<h2>A teia genética</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20100037134063.jpg" alt="(Fonte: Science News/Reprodução)">(Fonte: Science News/Reprodução)A pesquisa genealógica do caso do "Golden State Killer" consistiu em construir uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123116-todos-as-pessoas-do-mundo-tem-um-antepassado-comum.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">árvore genealógica</a> e procurar suspeitos que tivessem o perfil de DNA correto, mas, depois disso, a técnica evoluiu para um novo campo: genealogia genética investigativa (IGG). Segundo o Departamento Federal de Investigação (FBI), são mais de 250 mil casos de assassinatos não solucionados desde a década de 1960, com uma adição de 6 mil a cada ano, e a IGG se tornou popular por sua agilidade e redução drástica nos custos.Incluindo o DNA na pesquisa genealógica tradicional, é possível que os pesquisadores estendam sua ancestralidade além da papelada dos últimos séculos e construam suas raízes antigas por meio de estudos evolutivos moleculares; resolvendo também mistérios em famílias imediatas, como descobrir pais biológicos de adotados ou determinar o ancestral masculino preciso em um caso de não paternidade.O processo funciona de maneira simples, primeiro, o DNA do agressor é coletado das evidências da cena do <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123437-a-cultura-do-consumo-de-true-crime-obsessao-ou-autopreservacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">crime</a>, depois esse perfil de DNA é convertido em um formato que possa ser carregado de maneira anônima ao GEDmatch ou ao Family Tree DNA, os únicos bancos de dados de genealogia genética do consumidor que permitem o uso pela aplicação da lei.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20100157267064.jpg" alt="(Fonte: Chemistry World/Reprodução)">(Fonte: Chemistry World/Reprodução)Com a amostra, o banco produz uma lista de correspondências com o DNA do criminoso, podendo estas serem de familiares próximos ou parentes distantes, como primos de quarto grau. Quanto mais DNA os dois perfis compartilham, mais próxima a correspondência está relacionada ao perpetrador.Depois, são construídas árvores genealógicas usando fontes tradicionais, como certidões de nascimento, obituários, anúncios de casamento e registros públicos para encontrar as correspondências. Uma vez identificados os candidatos promissores, a polícia coleta uma amostra de DNA descartada e a compara com o DNA da cena do crime.<h2>A controvérsia</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/20/20100300512065.jpg" alt="(Fonte: Forensicmag/Reprodução)">(Fonte: Forensicmag/Reprodução)Desde sua aplicação, estima-se que mais de 500 assassinatos e estupros foram resolvidos com a técnica de IGG, sendo que são apenas os números publicados pelo FBI.Apesar desse avanço, a técnica é considerada controversa porque foi construída sobre bancos de dados comerciais projetados para ajudar os amadores a fazerem pesquisas genealógicas, não à polícia em investigações criminais. Pensando nisso, os genealogistas CeCe Moore e Margaret Press lançaram um novo banco de dados de DNA sem fins lucrativos projetado para ajudar na aplicação da lei, esperando que um número expressivo de pessoas empreste seus dados ao projeto, chamado DNA Justice Foundation, para poder se tornar uma ferramenta útil para a sociedade.Ambos os genealogistas são especializados em trabalhar com a técnica de IGG. Moore é o principal genealogista da Parabon NanoLabs, que já fornece genealogia genética e outros serviços de DNA para agências de aplicação da lei, e já conseguiu fazer mais de 265 identificações positivas em casos criminais. Enquanto Press é co-fundadora do DNA Give Project, que usa genealogia genética para colocar nomes de vítimas de crimes não identificados e pessoas desaparecidas ou falecidas. O seu trabalho já identificou mais de 100 conjuntos de restos mortais.</body>

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As controvérsias no uso de genealogia genética para resolver crimes

Imagem de Dom Hélder Câmara: o arcebispo perseguido pela ditadura militar no megacurioso

Ele poderia ter ganhado o Prêmio Nobel da Paz nas quatro vezes que foi indicado, mas foi boicotado pela campanha militar difamatória

<head></head><body>Nara Leão, Raul Seixas, Chico Buarque e Paulo Coelho. Esses são alguns nomes das pessoas que foram resistência mesmo em meio a um dos períodos mais repressivos da história do Brasil, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/124859-a-linha-dura-da-ditadura-brasileira-quase-deu-outro-golpe-em-1977.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ditadura Militar,</a> imposta após o <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/118211-ditadura-militar-como-e-por-que-aconteceu-o-golpe-de-1964.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Golpe de 1964</a>, que derrubou o governo e aparelhou todos os aspectos da vida social brasileira, prometendo uma aceleração econômica ilusória, proteção e prospecção por meio da criminalização de qualquer tipo de oposição ou dissidência.Em meio a isso estava Dom Hélder Câmara, o arcebispo “irmão dos pobres” que foi perseguido pelos militares.<h2>Ideais diferentes</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14075737920024.jpg" alt="Dom Hélder Câmara. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)">Dom Hélder Câmara. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)Nascido Hélder Pessoa Câmara, em Fortaleza, Ceará, em 7 de fevereiro de 1909, o religioso ingressou no Seminário da Prainha em sua mais tenra idade, aos 14 anos, onde foi ensinado sobre filosofia e teologia.Foi lá que ele aprendeu que qualquer tipo de ideal <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120195-comunismo-e-socialismo-existe-diferenca-entre-as-duas-coisas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">comunista</a> deveria ser abominado e rejeitado veementemente. Por se tratar de um ensino muito conservador, Dom Hélder teve que deixar de fora o entendimento sobre os ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa.Em 1931, aos 22 anos, o religioso foi ordenado padre sob a tarefa de acompanhar os Círculos Operários Cristãos e a Juventude Operária Católica (JOC), contribuindo para a alfabetização dos adolescentes pobres. Filho de uma professora e um jornalista crítico teatral, Dom Hélder ajudou na organização sindical de mulheres em estado de vulnerabilidade à margem da sociedade, como lavadeiras e empregadas domésticas.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;O Globo&nbsp;" data-fonte-url="https://s2.glbimg.com/_f82d-TY3y0wjHYyEuPKTrQAEsw=/0x0:617x344/924x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/h/t/kZtTH6QCOVXojCC6n1nA/screenshot-32.png"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14075832269025.jpg" alt="(Fonte: O Globo/Reprodução)">(Fonte: O Globo/Reprodução)Nada ironicamente, Dom Hélder acabou simpatizando com movimentos religiosos que rejeitavam o capitalismo, como a Legião Cearense do Trabalho, um grupo político-sindical que flertava com ideias da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/124881-manuscrito-de-1-750-anos-traz-modificacao-em-um-capitulo-da-biblia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Idade Média</a> sobre como a estrutura da sociedade, os costumes e o governos deveriam operar. Ele também fez parte da Ação Integralista Brasileira, que possuía inclinações fascistas ao reunir seus seguidores sob o lema "Deus, Pátria, Família".Todo esse histórico fez o padre se destacar, sobretudo, como um dirigente político, na mesma proporção que líder religioso, tanto que conseguiu resultados expressivos para a Liga Eleitoral Católica no Ceará. Em meados de 1936, com apenas 27 anos, Dom Hélder já trabalhava como secretário estadual de educação no Ministério da Educação, no Rio de Janeiro.Tudo isso mudou em 10 de novembro de 1937, quando <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122813-olga-benario-a-revolucionaria-deportada-aos-nazistas-por-vargas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Getúlio Vargas</a>, por meio de um golpe de Estado, instituiu o então Estado Novo, dando início ao primeiro capítulo da ditadura no Brasil.<h2>De símbolo a pária</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14075931875026.jpg" alt="(Fonte: Adveniat/Reprodução)">(Fonte: Adveniat/Reprodução)Com isso, Dom Hélder se desvinculou da AIB, voltando às raízes do que chamava "verdadeiro comprometimento" — no caso, com a Igreja e o povo. Ao longo dos 10 anos que permaneceu no Rio, onde foi ordenado bispo aos 43 anos, em 1952, ele estabeleceu compromissos com projetos sociais, fundando a Cruzada São Sebastião, o Banco da Providência — para viabilizar moradias populares —, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Conselho Episcopal Latino-Americano, com o aval do Vaticano.Semanas antes do Golpe de 1964 de Castelo Branco, Dom Hélder foi designado arcebispo na Arquidiocese de Olinda e Recife, dando início ao seu período de perseguição ao longo de todo o regime opressor que o tornou de um ícone a um pária.Apesar das determinações do AI-5, o religioso continuou falando em conferências e meios de comunicação internacionais sobre os crimes do regime ditatorial brasileiro, mesmo correndo risco de vida.Em 1969, Dom Hélder flertou com a morte quando seu auxiliar, o padre Antônio Henrique Pereira Neto, foi assassinado por um grupo paramilitar chamado Comando de Caça aos Comunistas (CCC), apoiado e financiado pelos militares e empresários locais. Dias antes, a milícia havia metralhado o centro educacional Juvenato Dom Vidal, onde o padre trabalhava, deixando feridos e causando a paraplegia do estudante Cândido Pinto.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/04/14/14135508370282.jpeg" alt="(Fonte: Brasil de Fato/Reprodução)">(Fonte: Brasil de Fato/Reprodução)O reconhecimento mundial de Dom Hélder como líder contra o autoritarismo e defesa aos Direitos Humanos, provavelmente, foi o que impediu que a ditadura o matasse, mas não que uma campanha difamatória de larga escala, inclusive internacional, fosse criada. Os militares tentaram incriminá-lo de todas as maneiras, acusando-o de contrabandear armas para grupos de guerrilha contra a ditadura.Dom Hélder é o brasileiro que mais foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz por suas ações, reunindo 4 indicações, porém perdeu em todas às vezes devido à imagem que os militares criaram dele.Dom Hélder Câmara deixou o comando da Arquidiocese de Olinda e Recife aos 76 anos, em 1975, para se aposentar e viver em uma pequena casa aos fundos da Igreja de Nossa Senhora das Fronteiras, onde permaneceu até 27 de agosto de 1999, seu último dia de vida.Em 2015, o Vaticano o reconheceu como Servo de Deus, a primeira etapa para o <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/112491-como-uma-pessoa-se-torna-santa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">processo de canonização</a> por todos os seus feitos históricos na luta pelos pobres e oprimidos.</body>

Julio Cezar de Araujo