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25/04/2023 às 13:00•3 min de leitura
A técnica de genealogia genética se baseia na criação de perfis de história familiar, ou seja, relações biológicas entre ou em meio a indivíduos usando resultados de testes de DNA em combinação com métodos genealógicos tradicionais. Ao fazer uso dele, a genealogia genética consegue determinar os níveis e tipos de relações biológicas entre os indivíduos.
Desde 2017, após o caso do "Golden State Killer" ser reaberto, essa técnica se tornou a mais promissora para que investigadores consigam resolver crimes. Na Califórnia das décadas de 1970 e 1980, um homem foi responsável por assassinar 13 pessoas e estuprar mais 45, se safando por anos da lei até que investigadores decidiram reabrir o caso há 6 anos ao aplicar a técnica de genealogia genética para resolver o crime, extraindo o perfil de DNA do suspeito de um kit de estupro — um recipiente com materiais usados para coletar evidências forenses após uma agressão sexual — e o enviando para o GEDmatch, uma empresa que reúne resultados de vários testes de genealogia de DNA.
Foi assim que a polícia conseguiu prender Joseph DeAngelo em abril de 2018, que se declarou culpado pelas várias acusações e foi condenado à prisão perpétua. Em apenas alguns meses, o DNA foi capaz de resolver casos que confundiram as autoridades policiais por quase 50 anos, e agora uma ONG sem fins lucrativos quer usar os dados de DNA dos cidadãos para resolver crimes.
(Fonte: Science News/Reprodução)
A pesquisa genealógica do caso do "Golden State Killer" consistiu em construir uma árvore genealógica e procurar suspeitos que tivessem o perfil de DNA correto, mas, depois disso, a técnica evoluiu para um novo campo: genealogia genética investigativa (IGG). Segundo o Departamento Federal de Investigação (FBI), são mais de 250 mil casos de assassinatos não solucionados desde a década de 1960, com uma adição de 6 mil a cada ano, e a IGG se tornou popular por sua agilidade e redução drástica nos custos.
Incluindo o DNA na pesquisa genealógica tradicional, é possível que os pesquisadores estendam sua ancestralidade além da papelada dos últimos séculos e construam suas raízes antigas por meio de estudos evolutivos moleculares; resolvendo também mistérios em famílias imediatas, como descobrir pais biológicos de adotados ou determinar o ancestral masculino preciso em um caso de não paternidade.
O processo funciona de maneira simples, primeiro, o DNA do agressor é coletado das evidências da cena do crime, depois esse perfil de DNA é convertido em um formato que possa ser carregado de maneira anônima ao GEDmatch ou ao Family Tree DNA, os únicos bancos de dados de genealogia genética do consumidor que permitem o uso pela aplicação da lei.
(Fonte: Chemistry World/Reprodução)
Com a amostra, o banco produz uma lista de correspondências com o DNA do criminoso, podendo estas serem de familiares próximos ou parentes distantes, como primos de quarto grau. Quanto mais DNA os dois perfis compartilham, mais próxima a correspondência está relacionada ao perpetrador.
Depois, são construídas árvores genealógicas usando fontes tradicionais, como certidões de nascimento, obituários, anúncios de casamento e registros públicos para encontrar as correspondências. Uma vez identificados os candidatos promissores, a polícia coleta uma amostra de DNA descartada e a compara com o DNA da cena do crime.
(Fonte: Forensicmag/Reprodução)
Desde sua aplicação, estima-se que mais de 500 assassinatos e estupros foram resolvidos com a técnica de IGG, sendo que são apenas os números publicados pelo FBI.
Apesar desse avanço, a técnica é considerada controversa porque foi construída sobre bancos de dados comerciais projetados para ajudar os amadores a fazerem pesquisas genealógicas, não à polícia em investigações criminais. Pensando nisso, os genealogistas CeCe Moore e Margaret Press lançaram um novo banco de dados de DNA sem fins lucrativos projetado para ajudar na aplicação da lei, esperando que um número expressivo de pessoas empreste seus dados ao projeto, chamado DNA Justice Foundation, para poder se tornar uma ferramenta útil para a sociedade.
Ambos os genealogistas são especializados em trabalhar com a técnica de IGG. Moore é o principal genealogista da Parabon NanoLabs, que já fornece genealogia genética e outros serviços de DNA para agências de aplicação da lei, e já conseguiu fazer mais de 265 identificações positivas em casos criminais. Enquanto Press é co-fundadora do DNA Give Project, que usa genealogia genética para colocar nomes de vítimas de crimes não identificados e pessoas desaparecidas ou falecidas. O seu trabalho já identificou mais de 100 conjuntos de restos mortais.