Como a ditadura fez o Palmeiras mudar de nome

26/04/2023 às 02:003 min de leitura

Foi na manhã de 1º de setembro de 1939 que Adolf Hitler fez um pronunciamento declarando o início do seu Fall Weiss, o plano estratégico de invasão à Polônia, embasado em sua "operação de bandeira falsa" que foi o Incidente de Gleiwitz. No mesmo dia, enquanto o nazista falava, as tropas colocavam em prática a Operação Tannenberg, invadindo o território polonês e assassinando quem estivesse pela frente. Começava ali a Segunda Guerra Mundial na Europa.

Rapidamente, as potências do mundo inteiro precisaram se posicionar em relação à guerra, mas, a princípio, não foi o que aconteceu com o Brasil. O governo de Getúlio Vargas, uma ditadura instaurada em 1937, se declarou oficialmente neutro, afinal, economicamente, era interessante que se mantivesse assim, visto que tinha ligações com países de ambos os lados do conflito.

(Fonte: Politize!/Reprodução)(Fonte: Politize!/Reprodução)

Com sua notória habilidade política, Vargas conseguiu manter esse esquema até agosto de 1942, quando cedeu à pressão do governo norte-americano para encerrar o período de neutralidade, principalmente porque o ficar em cima do muro denotava um apoio à Alemanha nazista de Hitler e à Itália fascista de Mussolini.

O Brasil, então, entrou para o lado dos Aliados e muita coisa mudou, principalmente com o fim da guerra, mas durante esta, o time de futebol do Palmeiras teve que mudar de nome.

A campanha difamatória

(Fonte: O Curioso do Futebol/Reprodução)(Fonte: O Curioso do Futebol/Reprodução)

Ironicamente, as maiores transformações na história do Palmeiras surgiram durante dois períodos mundiais extremos: a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Enquanto quilômetros de trincheiras eram formadas na frente ocidental na Europa, em 14 de agosto de 1914, surgia o time Palestra Itália, da vontade em montar um grande clube de colônia italiana em São Paulo.

Afinal, os alemães tinham o Germânia, e os britânicos, o Mackenzie. O Palestra nasceu na Matarazzo, fruto de uma iniciativa de parte de seus funcionários, mas muitos ainda acreditam no mito de que foi de uma dissidência do Corinthians – apesar de isso já ter sido historicamente desmentido. 

Em 14 de agosto de 1914, foi publicada uma carta no jornal Fanfulla chamando os interessados na formação de um clube de futebol. Nascia ali o Palestra Itália.

(Fonte: Palmeiras/Reprodução)(Fonte: Palmeiras/Reprodução)

Meses antes de Vargas declarar o fim da neutralidade do país, ele já tomava pequenas atitudes para compensar a falta de lado do Brasil, confiscando bens e direitos dos estrangeiros alemães, italianos e japoneses, tornando a vida dos imigrantes ainda mais difícil no país.

Com isso, várias instituições tiveram que trocar de nome, em uma tentativa de driblar essas medidas, como fez o então Esporte Clube Germânia, atual Esporte Clube Pinheiros e, principalmente, o Palestra Itália, que virou Palestra de São Paulo.

O momento histórico

(Fonte: Palmeiras/Reprodução)(Fonte: Palmeiras/Reprodução)

O governo, no entanto, se mostrou insatisfeito com o nome porque acreditava que a palavra "palestra" fizesse alusão à Itália, apesar de vir do latim e significar "local para exercícios físicos". Muita dessa pressão sobre o time também vinha dos clubes rivais, principalmente do São Paulo – queridinho da elite paulistana –, que perseguia os imigrantes italianos por eles terem conseguido um local de respeito no Brasil e, sobretudo, no futebol, mesmo não sendo nativos e ricos.

Assim foi criada uma ferrenha campanha de difamação contra os italianos, chamados de "traidores da pátria" e "espiões" nas manchetes pelo Brasil. Para acabar com qualquer referência à Itália, os dirigentes do clube se reuniram em 14 de setembro daquele ano para cunhar um novo nome para o time, e foi onde nasceu a Sociedade Esportiva Palmeiras, uma sugestão de Mário Minervino, em homenagem à extinta Associação Atlética das Palmeiras.

(Fonte: Wikipedia/Reprodução)(Fonte: Wikipedia/Reprodução)

Mas isso não foi tudo. Além do nome, a agremiação alterou o símbolo no escudo, que antes carregava as iniciais de Palestra Itália, mantendo apenas a letra "P". O vermelho das cores também foi removido, restando apenas o verde e branco.

Durante o primeiro jogo após as mudanças, no Campeonato Paulista de 1942, em que o Palmeiras enfrentou o rival São Paulo, a equipe entrou em campo carregando uma bandeira do Brasil e ganhou dos queridinhos por 3 a 1, marcando o dia em um episódio conhecido como "Arrancada Heroica", que calou a boca de muitos e estabeleceu o time como um gigante futebolístico.

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