Imagem de "Cemiterada": a revolta na Bahia de 1836 contra os cemitérios no megacurioso

A criação do local revoltou os religiosos, segregando ainda mais os escravizados e pobres

Foi no s&eacute;culo IV que os povos desenvolveram o costume de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119304-panico-vampiro-o-fenomeno-do-seculo-xviii.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">enterrar os seus mortos nos p&aacute;tios de igrejas</a>, crentes de que assim eles estariam mais pr&oacute;ximos de Deus e longe do Inferno. Esse h&aacute;bito, no entanto, foi motivo de complica&ccedil;&otilde;es atrav&eacute;s dos anos, principalmente na Europa no per&iacute;odo de urbaniza&ccedil;&atilde;o. A pobreza no manuseamento dos cad&aacute;veres causou perdas dos corpos em tempestades devido &agrave;s covas rasas, e trouxe transtorno p&uacute;blico com o cheiro de podrid&atilde;o durante os ver&otilde;es quentes.
Depois que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119389-esqueleto-de-5-mil-anos-seria-de-vitima-de-peste-bubonica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Peste Bub&ocirc;nica</a> foi deflagrada pelo territ&oacute;rio europeu, no s&eacute;culo XIX a medicina sanitarista ergueu campanhas para remover os corpos dos ch&atilde;os das igrejas e enterr&aacute;-los em locais pr&oacute;prios para sepultamentos, temendo que a putrefa&ccedil;&atilde;o deles pudesse transmitir doen&ccedil;as. Assim nasceram os cemit&eacute;rios.
O conceito de cemit&eacute;rio alcan&ccedil;ou o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119626-a-independencia-do-brasil-foi-mesmo-pacifica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Brasil Col&ocirc;nia</a> em 1801, quando o pa&iacute;s estava sob a reg&ecirc;ncia de Dom Jo&atilde;o VI, que emitiu um decreto ordenando que os cad&aacute;veres fossem enterrados nesses campos abertos longe das &aacute;reas populosas &mdash; mas ningu&eacute;m o obedeceu.
<h2>O ch&atilde;o de Deus</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/24/24191020180324.jpg" alt="(Fonte: Ricardo da Costa/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ricardo da Costa/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi s&oacute; em 1828, durante o reinado de<a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/35662-exumacao-do-corpo-de-d-pedro-i-traz-mais-detalhes-a-historia-do-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;Dom Pedro I</a>, que a lei foi efetivada e o primeiro cemit&eacute;rio constru&iacute;do na cidade de Salvador &mdash; a contragosto da popula&ccedil;&atilde;o &mdash;, quando m&eacute;dicos baianos chegaram da Europa com centenas de ideias higienistas e convenceram os legisladores sobre a necessidade de protegerem a popula&ccedil;&atilde;o dos malef&iacute;cios causados pelos &ldquo;miasmas mef&iacute;ticos&rdquo; provocados pela decomposi&ccedil;&atilde;o dos cad&aacute;veres.
Do ponto de vista religioso, os baianos n&atilde;o pensavam de maneira muito diferente dos europeus com rela&ccedil;&atilde;o a enterrar seus mortos ao redor das igrejas, que representavam uma porta para o para&iacute;so e o local ideal para a aguardada ressurrei&ccedil;&atilde;o prometida para no fim dos tempos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/24/24191421961327.jpg" alt="(Fonte: 180 Graus/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: 180 Graus/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A democracia de ser enterrado na igreja, que n&atilde;o fazia distin&ccedil;&atilde;o entre classes sociais &mdash; s&oacute; de ra&ccedil;as &mdash; tamb&eacute;m era um dos motivos para as pessoas n&atilde;o quererem os cad&aacute;veres de entes queridos em locais feitos para os suicidas, criminosos, rebeldes, excomungados e escravizados, como o cemit&eacute;rio Campo da P&oacute;lvora. Fora tudo isso, os baianos tamb&eacute;m n&atilde;o queriam beneficiar empres&aacute;rios privados, em vez das irmandades religiosas.
Surgiram v&aacute;rios motins populares contra a proibi&ccedil;&atilde;o, sendo o de 25 de outubro de 1836, o mais famoso de todos. Conhecida como &ldquo;Cemiterada&rdquo;, a revolta reuniu uma multid&atilde;o de mais de 5 mil pessoas, que destruiu a machadadas o cemit&eacute;rio do Campo Santo, em Salvador.&nbsp;
O local havia sido inaugurado tr&ecirc;s dias antes por uma companhia privada que teve o monop&oacute;lio dos enterros na cidade por mais de 30 anos, visto que os m&eacute;dicos higienistas proibiram as igrejas de realizarem qualquer enterro em suas propriedades.
<h2>O campo dos rejeitados</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/24/24191830930329.jpg" alt="(Fonte: O Historiante/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Historiante/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A &ldquo;Cemiterada&rdquo; teve muita participa&ccedil;&atilde;o dos negros, que temiam acabar no Campo da P&oacute;lvora por seu papel na sociedade ser equivalente &agrave; remo&ccedil;&atilde;o de lixo, j&aacute; que o local era considerado pelo governo o destino de &ldquo;negros pag&atilde;os&rdquo;.
Em 1835, centenas de negros mortos em uma rebeli&atilde;o foram sepultados no Campo da P&oacute;lvora de maneira t&atilde;o prec&aacute;ria que a C&acirc;mara temeu que seus corpos resultassem em uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119282-gripe-equina-a-pandemia-que-transformou-os-eua-no-seculo-xix.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">epidemia&nbsp;</a>de doen&ccedil;as com os mais de 2 mil escravizados falecidos em Salvador entre 1825 e 1836.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/24/24191952430330.jpg" alt="(Fonte: Bahia Revista/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Bahia Revista/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O temor de acabar naquele tipo de cemit&eacute;rio levou v&aacute;rios escravizados a se associarem a v&aacute;rias irmandades, muitas das quais formadas por africanos, visando um local adequado para serem enterrados.&nbsp;
Os escravizados pensavam na possibilidade de ocuparem um lugar melhor no p&oacute;s-morte, diferente dos brancos, que com os cemit&eacute;rios desejavam apenas reproduzir os privil&eacute;gios desfrutados nesse plano.
Foi assim que o cemit&eacute;rio serviu para ressaltar as fronteiras sociais que sempre existiram.

thumb-image-2024-02-29T14:05:44.332Z

'Cemiterada': a revolta na Bahia de 1836 contra os cemitérios

Imagem de Lei Seca nos EUA: quando o álcool foi banido por 13 anos do país  no megacurioso

Em 1830, o consumo de bebida alcoólica não era considerado algo aceitável

As d&eacute;cadas de 1820 e 1830 nos Estados Unidos foram marcadas pelo revivalismo religioso, um conceito sociocultural que buscou resgatar princ&iacute;pios e tradi&ccedil;&otilde;es de tempos passados, e os pedidos por temperan&ccedil;a, ou seja, o autocontrole e a modera&ccedil;&atilde;o dos pr&oacute;prios desejos.
Na &eacute;poca, as mulheres, que refor&ccedil;avam a necessidade das virtudes do movimento de temperan&ccedil;a, enxergavam o &aacute;lcool como uma for&ccedil;a destrutiva nas fam&iacute;lias e nos casamentos, principalmente porque "incitava" a mal&iacute;cia de seus maridos e os mantinha afastados de casa por muito tempo.
Sendo assim, em meados de 1838, no estado de Massachusetts foi aprovada uma lei de temperan&ccedil;a proibindo a venda de bebidas destiladas em quantidades inferiores a 15 gal&otilde;es. Muito embora a lei tenha sido revogada 2 anos depois, ela abriu precedentes para a exist&ecirc;ncia de tal legisla&ccedil;&atilde;o.
Come&ccedil;ando com o Maine, em 1846, v&aacute;rios estados seguiram o exemplo instaurando leis mais r&iacute;gidas sobre qualquer tipo de bebida alco&oacute;lica, chegando ao seu &aacute;pice em 1861, in&iacute;cio da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119209-caso-dred-scott-a-decisao-que-impulsionou-a-guerra-civil-americana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra de Secess&atilde;o</a> no pa&iacute;s.
<h2>Proibido beber</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/21/21112721235000.jpg" alt="(Fonte: Britannica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Britannica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com a virada do s&eacute;culo, em 1906, a Liga Anti-Saloon (fundada em 1893), impulsionada pela rea&ccedil;&atilde;o direta ao crescimento urbano que afastava os princ&iacute;pios da temperan&ccedil;a, passou a atacar diretamente a venda de bebidas alco&oacute;licas. Ent&atilde;o, a organiza&ccedil;&atilde;o se apoiou no surgimento do protestantismo evang&eacute;lico e na vis&atilde;o de que os saloons&nbsp;eram sujos e &iacute;mpios, causando a ru&iacute;na do ser humano aos poucos.
Quando os Estados Unidos (EUA) entraram para a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119011-as-tropas-britanicas-sofreram-com-as-ists-na-primeira-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Primeira Guerra Mundial</a>, em 1917, o ent&atilde;o presidente Woodrow Wilson refor&ccedil;ou a proibi&ccedil;&atilde;o total da venda de alco&oacute;licos para economizar gr&atilde;os para a produ&ccedil;&atilde;o de alimentos. No mesmo ano, o congresso apresentou a 18&ordf; Emenda Constitucional, que proibiu em definitivo a fabrica&ccedil;&atilde;o, o transporte e a venda de bebidas alco&oacute;licas em todo o pa&iacute;s.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/21/21112754704001.jpg" alt="(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar de o congresso ter estipulado um limite de 7 anos para o tr&acirc;mite legal do processo, a emenda recebeu o massivo apoio de tr&ecirc;s quartos necess&aacute;rios dos estados do pa&iacute;s em menos de 1 ano.
Sendo assim, em 16 de janeiro de 1919, a lei foi ratificada e entrou em vigor 1 ano depois, com 33 dos 50 estados americanos que j&aacute; haviam promulgado a pr&oacute;pria legisla&ccedil;&atilde;o de proibi&ccedil;&atilde;o. Em outubro do mesmo ano, o congresso aprovou a Lei Nacional de Proibi&ccedil;&atilde;o, fornecendo diretrizes para a aplica&ccedil;&atilde;o federal da Lei Seca.
<h2>Do gim de banheira ao crime organizado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/21/21112942079003.jpg" alt="(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os governos federais e locais se empenharam para fazer cumprir a nova lei ao longo de toda a d&eacute;cada de 1920, aplicada com mais for&ccedil;a em &aacute;reas onde a popula&ccedil;&atilde;o simpatizava com a legisla&ccedil;&atilde;o, como &aacute;reas rurais e pequenas cidades, mais do que nos grandes centros urbanos.
E, apesar de a lei ter apresentado um vago sucesso com a queda moment&acirc;nea nos n&uacute;meros de pris&otilde;es por embriaguez e em 30% do consumo de &aacute;lcool, quem quis continuar bebendo encontrou centenas de maneiras criativas de fazer isso por meio do contrabando. A fabrica&ccedil;&atilde;o e a venda ilegais aconteciam em bares clandestinos, lojas, boates e at&eacute; em resid&ecirc;ncias, tornando famoso o "gim de banheira".
A Lei Seca tamb&eacute;m teve impacto direto na atividade criminosa da m&aacute;fia, gerando mais de US$ 60 milh&otilde;es para o famoso <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117725-al-capone-deposito-ilegal-de-bebida-ligado-ao-mafioso-e-encontrado-nos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Al Capone</a>, que gerenciou opera&ccedil;&otilde;es piratas e clandestinas que alimentaram significativo aumento na viol&ecirc;ncia entre gangues, incluindo o not&oacute;rio Massacre do Dia dos Namorados, em Chicago, no ano de 1929.
A medida provou que s&oacute; afetava a classe trabalhadora, visto que o alto pre&ccedil;o do licor ilegal significava que os americanos de classe m&eacute;dia ou alta poderiam ter acesso. No final da d&eacute;cada de 1920, o apoio &agrave; Lei Seca diminuiu exponencialmente, enquanto o n&uacute;mero de viol&ecirc;ncia aumentava. Al&eacute;m disso, as for&ccedil;as fundamentalistas e nativistas sobrepujaram o controle do movimento da temperan&ccedil;a, alienando seus membros mais moderados em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; lei.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/21/21112844314002.jpg" alt="(Fonte: Time Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Time Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando os EUA afundaram de vez no atoleiro, que foi a Grande Depress&atilde;o de 1932, a cria&ccedil;&atilde;o de empregos e a gera&ccedil;&atilde;o de lucros para a economia estilha&ccedil;ada do pa&iacute;s tiveram que ser feitas por meio da legaliza&ccedil;&atilde;o da ind&uacute;stria de bebidas alco&oacute;licas.
Em fevereiro de 1933, a lei foi revogada ap&oacute;s o democrata Franklin D. Roosevelt assumir a presid&ecirc;ncia de Herbert Hoover, que encarava a Lei Seca como &ldquo;um grande experimento social e econ&ocirc;mico, nobre em motivos e de longo alcance em prop&oacute;sitos&rdquo;.
Para esse pensamento do derrotado Hoover, Roosevelt respondeu celebrando o fim da Lei Seca saboreando um Martini de seu gabinete presidencial.

thumb-image-2024-02-29T14:05:44.081Z

Lei Seca nos EUA: quando o álcool foi banido por 13 anos do país 

Imagem de Como a arte convenceu as mulheres a beberem cerveja no século XX no megacurioso

O intuito das campanhas era mostrar que a bebida era sinônimo de união e felicidade na vida

Foi em 1945, &agrave;s portas do fim da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112268-entenda-como-comecou-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>, que a Funda&ccedil;&atilde;o de Cervejeiros dos Estados Unidos, a qual defendia "com unhas e dentes" a ind&uacute;stria da cerveja, procurou a proeminente artista Doris Lee para pintar uma campanha publicit&aacute;ria deles.
Desse neg&oacute;cio, surgiu a tela Tempos de Colheita&nbsp;ainda no mesmo ano, como parte da campanha intitulada "Beer Belongs", cujo objetivo era convencer as mulheres americanas a comprarem e consumirem cerveja. O retrato reflete uma atmosfera despretensiosa de um piquenique na zona rural do Kansas, com um grupo de trabalhadoras agr&iacute;colas ao redor de uma mesa, bebendo cerveja, rindo e conversando. Tudo foi criado para transmitir a ideia de que a bebida alco&oacute;lica trazia uni&atilde;o, felicidade e calma.
Os an&uacute;ncios da campanha foram veiculados em revistas femininas populares na &eacute;poca, como a McCall&rsquo;s e Collier&rsquo;s, sempre apresentando obras de artes que comparavam o consumo da cerveja a cenas cotidianas de uma vida americana saud&aacute;vel.&nbsp;
<h2>Mudando a perspectiva</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20160303286294.jpg" alt="(Fonte: Story Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Story Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A influ&ecirc;ncia da arte de Lee durante as d&eacute;cadas de 1930 e 1940 foi essencial para que a campanha publicit&aacute;ria desse certo. Isso porque a mulher ficou famosa por suas imagens da vida em uma pequena cidade, com os prazeres simples da Am&eacute;rica rural retratados de maneira atenciosa e sincera, como as reuni&otilde;es de fam&iacute;lia, refei&ccedil;&otilde;es nos feriados e acontecimentos no campo. Tudo o que ia parar em suas telas fazia parte do que seus olhos encontraram ao longo de suas jornadas.
Desde meados do s&eacute;culo XIX que as mulheres come&ccedil;aram a cultivar uma percep&ccedil;&atilde;o negativa em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; cerveja. Segundo a historiadora Theresa McCulla, a cerveja era associada ao &acirc;mbito do trabalhador, que bebia fora de casa em bares e tavernas &mdash; o que ajudou a fortalecer a imposi&ccedil;&atilde;o da Lei Seca.
Depois que a lei foi revogada, em 1933, os cervejeiros precisavam renovar a imagem da bebida para o p&uacute;blico americano. Com as tens&otilde;es da guerra, eles aproveitaram para introduzir a cerveja como algo saud&aacute;vel e um "componente da dieta americana".
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20160457129295.jpg" alt="Doris Lee. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Doris Lee. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A campanha deu t&atilde;o certo que as mulheres escreveram cartas para a Funda&ccedil;&atilde;o de Cervejeiros dos Estados Unidos pedindo para serem feitas reimpress&otilde;es das obras de arte que tinha a cerveja como protagonista por julgarem "adequadas para emoldurar", alegando que os an&uacute;ncios eram apropriados para o lar de t&atilde;o convidativo que se apresentavam.
&ldquo;Embora muitos americanos, nessa &eacute;poca, estivessem se mudando das &aacute;reas rurais para as urbanas, os cervejeiros frequentemente recorriam a cenas da vida rural, como um tipo de raiz aut&ecirc;ntica e saud&aacute;vel da cultura americana, da qual a cerveja era uma parte crucial&rdquo;, ressaltou McCulla.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20160940598296.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A participa&ccedil;&atilde;o de Doris Lee legitimou ainda mais a campanha, com sua pintura por detr&aacute;s das palavras: "nesta Am&eacute;rica de toler&acirc;ncia e bom humor, de vizinhan&ccedil;a e vida agrad&aacute;vel, talvez nenhuma bebida seja mais apropriada do que uma cerveja saud&aacute;vel, e o direito de desfrutar dessa bebida com modera&ccedil;&atilde;o, isso tamb&eacute;m faz parte de nossa pr&oacute;pria heran&ccedil;a americana ou liberdade pessoal".
E, muito embora as mulheres n&atilde;o tenham sido consideradas as principais consumidoras de cerveja, a mudan&ccedil;a de sua percep&ccedil;&atilde;o com rela&ccedil;&atilde;o a ela foi o que tornou a bebida socialmente aceit&aacute;vel ap&oacute;s o per&iacute;odo da Lei Seca.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.977Z

Como a arte convenceu as mulheres a beberem cerveja no século XX?

Imagem de Agitação racial nos EUA: por que a revolta dos negros não tem fim? no megacurioso

Não é de hoje que as pessoas invadem as ruas procurando por justiça

Todos os anos durante a &uacute;ltima metade da d&eacute;cada de 1960, nos longos ver&otilde;es quentes dos Estados Unidos, a agita&ccedil;&atilde;o social tomou conta do pa&iacute;s atrav&eacute;s de protestos violentos generalizados nos mesmos moldes que aconteceram em decorr&ecirc;ncia do assassinato de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119470-simbolos-escravagistas-por-que-so-nos-importamos-com-os-dos-outros.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">George Floyd</a> em 2020.
Essa inquieta&ccedil;&atilde;o e revolta &eacute; antiga porque o hist&oacute;rico de assassinato sistem&aacute;tico do povo negro norte-americano devido ao racismo estrutural acontece de maneira cont&iacute;nua na hist&oacute;ria dos EUA atrav&eacute;s das m&atilde;os &mdash; raramente punidas &mdash; dos policiais brancos.
Segundo dados do Center for Disaster&nbsp;Philanthropy, ser morto pela pol&iacute;cia &eacute; uma das principais causas de morte de homens e meninos negros no pa&iacute;s, dentre um em cada mil casos. Eles t&ecirc;m quase tr&ecirc;s vezes mais probabilidade de morrerem nas m&atilde;os da pol&iacute;cia do que homens e meninos brancos. Al&eacute;m disso, a taxa tamb&eacute;m cobre os latinos, as mulheres e meninas negras, e tamb&eacute;m nativos americanos.
<h2>O antigo pano de fundo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;CrossCut&nbsp;" data-fonte-url="https://crosscut.com/sites/default/files/styles/max_2000x2000/public/images/articles/200603_seattle_history_protests_01_1.jpg?itok=MbEn0EDc"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155555627288.jpg" alt="(Fonte: CrossCut/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CrossCut/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando morreu o corretor de seguros afro-americano Arthur McDuffie, em 17 de dezembro de 1979, ap&oacute;s ser perseguido pela pol&iacute;cia do condado de Dade em cima de sua motocicleta, a d&uacute;vida cresceu sobre as circunst&acirc;ncias de sua morte.
Os policiais no local alegaram que McDuffie havia sido v&iacute;tima de um acidente, no entanto, o relat&oacute;rio do legista divulgado pela imprensa apontava que os ferimentos eram incompat&iacute;veis com um acidente de moto. Ent&atilde;o os policiais envolvidos come&ccedil;aram a confessar sua participa&ccedil;&atilde;o no assassinato e encobrimento do crime.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155650549289.jpg" alt="(Fonte: US News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: US News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Conforme um dos depoimentos, a v&iacute;tima teria se rendido voluntariamente, mas os policiais o espancaram com suas lanternas mesmo assim, resultando em ferimentos que causaram fratura craniana de 25 cent&iacute;metros de comprimento. Foram os policiais que responderam ao chamado, quando McDuffie j&aacute; estava morto, que montaram a cena do crime para que tudo parecesse um acidente.
Os respons&aacute;veis pelo crime eram os policiais Ira Diggs, Michael Watts, William Hanlon e Alex Marrero, que acumulavam 47 reclama&ccedil;&otilde;es de cidad&atilde;os negros e 13 investiga&ccedil;&otilde;es internas que nunca foram punidas. Apesar da quantidade de provas, incluindo confiss&otilde;es de alguns dos envolvidos, um j&uacute;ri composto de seis pessoas, todas brancas, absolveu os policiais, em 17 de maio de 1980.
<h2>Ciclo intermin&aacute;vel</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Washington Post&nbsp;" data-fonte-url="https://www.washingtonpost.com/resizer/iOv2YfoPkDMUhWJrYyLy4CPHCfE=/arc-anglerfish-washpost-prod-washpost/public/3CKFGQS4V4I6VMAUJ6X2QZV3QE.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155744831291.jpg" alt="(Fonte: The Washington Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Washington Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Como consequ&ecirc;ncia, quase 5 mil negros se reuniram no centro de Miami para protestar contra outro incidente de injusti&ccedil;a baseada em ra&ccedil;a. As pessoas expressaram sua raiva e cansa&ccedil;o atrav&eacute;s de atos de viol&ecirc;ncia contra propriedade p&uacute;blica e privada, visando atingir empresas brancas.
Ap&oacute;s tr&ecirc;s dias, as ruas j&aacute; estavam silenciosas de novo com a movimenta&ccedil;&atilde;o da Guarda Nacional chamada pelo ex-governador da Fl&oacute;rida Bob Graham, com um saldo de 18 mortos, 400 feridos, 800 pessoas presas, e mais de US$ 80 milh&otilde;es em danos patrimoniais.
Em uma narrativa padr&atilde;o diante da impunidade da pol&iacute;cia branca e dos atentados contra a vida o povo negro, as agita&ccedil;&otilde;es civis continuaram em epis&oacute;dios como Watts 1965, Detroit 1967, Washington 1968, Queens 1973, Miami 1980, Los Angeles 1992, Cincinnati 2001 e Ferguson 2014.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155900050293.webp" alt="(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Todos os relat&oacute;rios de comiss&otilde;es de investiga&ccedil;&atilde;o para apuramento dos fatos apontaram a desigualdade econ&ocirc;mica, discrimina&ccedil;&atilde;o racial e a agress&atilde;o policial como as causas dos levantes violentos.
O curso das agita&ccedil;&otilde;es raciais &eacute; determinado pela maneira como o governo lida com a situa&ccedil;&atilde;o, e sua reincid&ecirc;ncia refor&ccedil;a o trabalho falho das autoridades ao olhar para o problema atrav&eacute;s de lentes desproporcionais.&nbsp;
A viol&ecirc;ncia considerada sem sentido parte do princ&iacute;pio da revolta e &ldquo;do gritar para ser ouvido&rdquo;, principalmente ap&oacute;s anos de minimiza&ccedil;&atilde;o dos impactos do racismo e preconceito estruturais diante do ciclo de esquecimento, descoberta e ina&ccedil;&atilde;o do governo.
O que acontecia na d&eacute;cada de 1960 e no ano passado s&atilde;o vistos como pontos de reflex&atilde;o sobre a hist&oacute;ria e o impacto dos protestos violentos na na&ccedil;&atilde;o americana, mas principalmente servem para ensinar sobre a injusti&ccedil;a da vida negra ocorrendo em segundo plano, enquanto o mundo finge que nada est&aacute; acontecendo.
Para historiadores norte-americanos, para evitar a viol&ecirc;ncia na rua, seria preciso que a &ldquo;Am&eacute;rica de todos&rdquo; reconhecesse onde comete suas injusti&ccedil;as.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.967Z

Agitação racial nos EUA: por que a revolta dos negros não tem fim?

Imagem de Biopirataria: a prática que destrói o Brasil há séculos no megacurioso

Como pode não existir leis duras para a morte sistemática da natureza do país?

Com cerca de 22% das esp&eacute;cies nativas mundiais, o Brasil &eacute; considerado o pa&iacute;s com maior biodiversidade do planeta e, por sua abund&acirc;ncia vegetal e animal, ele &eacute; constantemente v&iacute;tima de ataques de biopiratas.
A biopirataria &eacute; qualquer explora&ccedil;&atilde;o, exporta&ccedil;&atilde;o ou manipula&ccedil;&atilde;o dos recursos biol&oacute;gicos para fins comerciais por meio de contrabando de esp&eacute;cimes da flora e da fauna e de seus princ&iacute;pios ativos &mdash; al&eacute;m da monopoliza&ccedil;&atilde;o desse conhecimento por meio do sistema de patentes.
No Brasil, a pr&aacute;tica n&atilde;o &eacute; tipificada como uma atividade il&iacute;cita criminal, mas apenas administrativa, com aplica&ccedil;&atilde;o de multas ao infrator. Considerado um crime de menor potencial ofensivo, o acusado autuado na Lei de Crimes Ambientais pode resolver sua situa&ccedil;&atilde;o com a lavratura de um termo circunstanciado, resultando em sua libera&ccedil;&atilde;o horas ap&oacute;s autua&ccedil;&atilde;o.
<h2>A jornada para morte</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20154734152280.jpg" alt="(Fonte: Campo Grande News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Campo Grande News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar de o Brasil ter assinado um documento em 1992 na Confer&ecirc;ncia das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, visando estabelecer regras para proteger nossa biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos naturais; o governo parecesse pouco se importar com os casos de biopirataria que destroem de maneira sistem&aacute;tica a natureza diariamente.
Conforme aponta o relat&oacute;rio final da Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito (CPI) do tr&aacute;fico de animais silvestres, divulgada em fevereiro de 2003, a pr&aacute;tica da biopirataria movimenta cerca de US$ 10 bilh&otilde;es por ano no mundo todo, dos quais US$ 500 milh&otilde;es acontecem no mercado de hipertensivos com a extra&ccedil;&atilde;o do veneno de serpentes brasileiras, como a jararaca, para a produ&ccedil;&atilde;o em larga escala.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Meio Ambiente e Turismo&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/sPwXzK5skt2n7h-LiH3Y4pgVS4V1pEh7-t-1UUAc6HOzwRKks4gsfvJsNrGpUc3kh7Gs-7OEYQUx8ualvXNW5g67-nPEk-gYcvRCgfB7XtY53q5DNXCKIYIVg17dTDdzlWfUB3fHKv7yBr5JjX1GUufR_YBa-vZCrQ"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20154848028284.jpg" alt="(Fonte: Meio Ambiente e Turismo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Meio Ambiente e Turismo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Anualmente, estima-se que o Brasil perde mais de US$ 5 bilh&otilde;es com o tr&aacute;fico de extratos de plantas nativas, madeira, animais silvestres e outros recursos biol&oacute;gicos. Com 70% da biodiversidade do planeta, a Floresta Amaz&ocirc;nica &eacute; a principal v&iacute;tima dos ataques de biopiratas, apesar de o cerrado, a caatinga, o Pantanal e os manguezais brasileiros j&aacute; terem entrado na rota do tr&aacute;fico internacional desenfreado.
<h2>Danos seculares</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155006420285.jpg" alt="(Fonte: Sa&uacute;de Brasil/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Sa&uacute;de Brasil/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A ativista ambiental e indiana Vandana Shiva n&atilde;o &eacute; a &uacute;nica a comentar que a biopirataria no Brasil teve in&iacute;cio na &eacute;poca do descobrimento, quando os portugueses obtiveram o segredo da extra&ccedil;&atilde;o do pigmento vermelho do pau-brasil, subtraindo conhecimentos tradicionais dos povos ind&iacute;genas nativos. Os colonos levaram a subst&acirc;ncia para a Europa e a disseminaram em larga escala, dando in&iacute;cio a um sistema de explora&ccedil;&atilde;o intermin&aacute;vel.
Anos mais tarde, em 1876, o ingl&ecirc;s Henry Wickham contrabandeou cerca de 70 mil sementes da &aacute;rvore da seringueira para as col&ocirc;nias brit&acirc;nicas na Mal&aacute;sia, que se tornou a principal exportadora de l&aacute;tex, afetando catastroficamente o mercado de borracha no Brasil.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155110281286.png" alt="(Fonte: A Cr&iacute;tica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: A Cr&iacute;tica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando o "cupulate", doce feito com chocolate e cupua&ccedil;u, foi registrado por uma empresa japonesa, o Brasil n&atilde;o p&ocirc;de mais exportar o pr&oacute;prio produto utilizando o nome cupua&ccedil;u sem ter que pagar royalties &agrave; megacorpora&ccedil;&atilde;o &mdash; apesar de ele ter sido criado pela Embrapa muito antes.&nbsp;Por meio de uma grande mobiliza&ccedil;&atilde;o, a patente japonesa foi quebrada em 2004, mas n&atilde;o sem antes deixar muitos preju&iacute;zos econ&ocirc;micos, incluindo a desvaloriza&ccedil;&atilde;o internacional da imagem do produto.
No final das contas, al&eacute;m do roubo de patrim&ocirc;nio natural, a biopirataria tamb&eacute;m se apropria de conhecimentos acumulados por comunidades tradicionais, como a medicina da floresta e as pr&aacute;ticas da cultura ind&iacute;gena, resultando em preju&iacute;zos socioecon&ocirc;micos e no subdesenvolvimento de pesquisas cient&iacute;fica e tecnol&oacute;gica nacionais.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20155257219287.png" alt="(Fonte: English Tenses/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: English Tenses/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
De setembro de 2003 at&eacute; 2021, foram criados diversos meios de repreens&atilde;o das atividades da biopirataria, por&eacute;m nenhuma delas se mostrou eficaz o suficiente para pelo menos desacelerar o atentado contra a natureza brasileira.
Para os ambientalistas, o combate da biopirataria s&oacute; ser&aacute; efetivo com aplica&ccedil;&otilde;es de leis que co&iacute;bam duramente as pr&aacute;ticas ilegais e tamb&eacute;m quando pa&iacute;ses, como os Estados Unidos e Jap&atilde;o, aderirem &agrave; Conven&ccedil;&atilde;o da Diversidade Biol&oacute;gica &mdash; tratado que protege o uso de patentes da diversidade biol&oacute;gica por outros pa&iacute;ses.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.957Z

Biopirataria: a prática que destrói o Brasil há séculos

Imagem de Assalto ao Trem Pagador: o lendário crime que chocou o Reino Unido no megacurioso

De tão ardilosa, a operação virou até roteiro de filme

At&eacute; aquela fat&iacute;dica madrugada de 8 de agosto de 1963, o Reino Unido fazia quest&atilde;o de enaltecer seu orgulho por anos operando uma rede ferrovi&aacute;ria postal sem epis&oacute;dios de roubo em seu hist&oacute;rico &mdash; mal sabendo que isso estava prestes a mudar e de maneira absurda.
Por volta das 19h de 7 de agosto daquele ano, o comboio postal que partiu de Glasgow, na Esc&oacute;cia, com destino a Esta&ccedil;&atilde;o Euston, em Londres, tinha apenas tr&ecirc;s policiais em meio aos 70 funcion&aacute;rios distribu&iacute;dos pelos v&aacute;rios vag&otilde;es.
Naquela noite em especial, gra&ccedil;as a um feriado banc&aacute;rio na Esc&oacute;cia, a carga era um banquete para criminosos com as quantias mais altas do que de costume. Para a surpresa das autoridades banc&aacute;rias, eles n&atilde;o eram os &uacute;nicos que sabiam disso.
<h2>A intersec&ccedil;&atilde;o</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Social Deal&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRYgWPXLbJu94N0V8WoW55sS1NUBYX4P40mdOokp7eqv4BP1KKqZedZ_HO0USc_kiA-Mgc&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19194653757404.jpeg" alt="(Fonte: Social Deal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Social Deal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Um trio aguardava o trem pagador naquela madrugada. Liderado pelo famoso ladr&atilde;o de joias londrino Bruce Reynolds, estavam Ronnie Biggs e Buster Edwards. A 45 quil&ocirc;metros de uma intersec&ccedil;&atilde;o que o trem passaria, Reynolds esperava que seus 10 anos realizando roubos lucrativos valessem a pena para conseguir executar o feito que o eternizaria na Hist&oacute;ria.
&Agrave;s 3h15 da manh&atilde;, a gangue armada deu in&iacute;cio a opera&ccedil;&atilde;o ao for&ccedil;ar a parada do comboio da Royal Mail adulterando o sinal da ferrovia na altura de Cheddington, perto de Leighton Buzzard.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Steemit&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQKVtnkn-iG3clUzSk9PH1zZ7tLFf6fODqVAvecWOrQmHNRzQLUkIj3-Cygtx4-R6eQ7oY&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19194917056405.jpg" alt="Bruce Reynolds. (Fonte: Steemit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Bruce Reynolds. (Fonte: Steemit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi o foguista David Whitby que pulou da composi&ccedil;&atilde;o e seguiu para o telefone ferrovi&aacute;rio mais pr&oacute;ximo; voltando instantes depois para comunicar ao maquinista Jack Mills que os fios telef&ocirc;nicos haviam sido cortados.
Foi nesse instante que Whitby foi atacado pelas costas por um dos membros da gangue. Mills nem sequer teve tempo para entender o que estava acontecendo quando foi gravemente ferido na cabe&ccedil;a com o cabo de uma machadinha.
Enquanto seu mundo &ldquo;virava de cabe&ccedil;a para baixo&rdquo;, um dos criminosos j&aacute; estava no teto da locomotiva para desacopl&aacute;-la da composi&ccedil;&atilde;o com o vag&atilde;o que transportava os pacotes de dinheiro.&nbsp;
Mills foi obrigado a lev&aacute;-los at&eacute; a Ponte Bridego, onde o resto da quadrilha os aguardava para pegar o dinheiro, visto que os homens n&atilde;o sabiam conduzir aquele modelo de trem.
<h2>&ldquo;&Eacute; uma invas&atilde;o!&rdquo;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19195041964406.jpg" alt="(Fonte: Nostalgia Central/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Nostalgia Central/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando os policiais viram os dois vag&otilde;es com a locomotiva desacoplados do resto do comboio, eles pensaram que o cabo de conex&atilde;o havia se partido acidentalmente. Foi s&oacute; quando uma das janelas foi quebrada no vag&atilde;o onde estavam os malotes, e um dos oficiais gritou &ldquo;&Eacute; uma invas&atilde;o!&rdquo;, que eles tentaram agir. Mas j&aacute; era tarde.
Os policiais foram imobilizados pelos criminosos, que transferiram os malotes para fora do trem atrav&eacute;s de uma corrente humana.
Os sete homens que trabalhavam no trem pagador s&oacute; puderam soar o alarme depois que os assaltantes j&aacute; haviam sumido pela noite com o equivalente a 50 milh&otilde;es de euros em 120 dos 128 malotes contendo 636 pacotes de dinheiro, em uma opera&ccedil;&atilde;o que durou 20 minutos.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Mentality&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTZwc8RZ_w5_Rr-hjVVqlP2Yp662vLRviY68gRpjBRVxLmtyd4iZ5P8bBE_G_ZnsIY6UBE&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19195232575407.jpg" alt="(Fonte: Mentality/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Mentality/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com a conspira&ccedil;&atilde;o e frenesi da m&iacute;dia, o diretor-geral dos Correios alimentou a possibilidade de que os tr&ecirc;s trens de alta seguran&ccedil;a foram adulterados, possivelmente por algu&eacute;m que havia trabalhado na companhia. O Departamento de Investiga&ccedil;&atilde;o da institui&ccedil;&atilde;o deu in&iacute;cio a uma megaopera&ccedil;&atilde;o para vasculhar a vida de todos os funcion&aacute;rios dos Correios que trabalhavam no trem naquela noite.
Em paralelo, os investigadores tentavam descobrir a quantidade de dinheiro roubado para ajudar a rastrear os culpados, conter as informa&ccedil;&otilde;es escandalosas da imprensa e informar quanto os bancos haviam perdido.
Foi estabelecida uma recompensa de 260 mil euros para quem encontrasse os ladr&otilde;es, sendo 10 mil oferecidos pelos Correios. O alto valor desencadeou uma verdadeira &ldquo;ca&ccedil;a &agrave;s bruxas&rdquo; pelo p&uacute;blico, resultando em milhares de den&uacute;ncias.
<h2>At&eacute; o &uacute;ltimo homem</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19195321779408.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 13 de agosto daquele ano, o ex-policial John Wooley averiguou uma den&uacute;ncia feita por John Maris, vizinho da fazenda Leatherslade. No dia anterior, Maris ligou para informar que os novos ocupantes da fazenda estavam se comportando de maneira comprometedora.
A pol&iacute;cia estava t&atilde;o desacreditada que enviou apenas uma viatura, guiada por Wooley. No entanto, para a surpresa de todos, o policial descobriu um fosso semelhante a uma sepultura cavado atr&aacute;s de uma cerca com v&aacute;rios sacos vazios dos Correios.&nbsp;
Na casa, ele encontrou mais malotes, e no por&atilde;o uma pilha deles com a inscri&ccedil;&atilde;o &ldquo;Banco Nacional Provincial&rdquo;, uma das institui&ccedil;&otilde;es que tinha seu dinheiro transportado pelo comboio rendido.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19195359982409.jpg" alt="(Fonte: Britannica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Britannica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foram as impress&otilde;es digitais espalhadas por toda a casa que ajudaram a pol&iacute;cia a ca&ccedil;ar os criminosos. Os primeiros localizados e presos foram Roger Cordrey e Willian Boal, que viviam em um apartamento modesto sobre uma loja de flores em Londres. Em abril de 1964, a pol&iacute;cia j&aacute; havia conseguido prender 11 acusados, condenados a penas de 20 a 30 anos de pris&atilde;o.
No entanto, a pol&iacute;cia s&oacute; conseguiu sossegar quando o &uacute;ltimo integrante, Bruce Reynolds, estivesse atr&aacute;s das grades. O homem ficou foragido at&eacute; maio de 1968, quando foi pego e sentenciado a 25 anos de pris&atilde;o.
Do assalto ao trem pagador, o maior roubo da Hist&oacute;ria da Inglaterra, apenas cerca de 300 mil euros foram recuperados da quantia total.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.807Z

Assalto ao Trem Pagador: o lendário crime que chocou o Reino Unido

Imagem de A questionável luta de Albert Einstein contra o racismo no megacurioso

Em meio a boicotes e perseguição, o gênio defendeu a causa com unhas e dentes — mas seus diários revelaram outra coisa

Apesar de fazer parte de uma &eacute;poca em que cientistas n&atilde;o deveriam expressar sua opini&atilde;o pol&iacute;tica ou defender sua posi&ccedil;&atilde;o como cidad&atilde;o, <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118071-albert-einstein-o-que-aconteceu-com-os-filhos-do-genio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Albert Einstein</a> nunca foi do tipo que se eximiu de seu papel s&oacute; porque havia "uma placa cientista de renome pendurada em seu pesco&ccedil;o". Muito pelo contr&aacute;rio, ele usou sua proje&ccedil;&atilde;o para tentar fazer alguma diferen&ccedil;a no que estava ao seu alcance &mdash; ainda que sua luta tenha-se deparado com controv&eacute;rsias futuras.
Como um judeu ciente do sistema discriminat&oacute;rio do qual milhares de pessoas sofriam com o antissemitismo, em 1919, ele se tornou a primeira celebridade do campo cient&iacute;fico a usar sua plataforma para tentar frear o preconceito, principalmente o racismo.
<h2>Indo contra a mar&eacute; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/18/18194347265368.jpg" alt="(Fonte: Hypeness/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Hypeness/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Assim que Einstein percebeu sua influ&ecirc;ncia no mundo, ele come&ccedil;ou a se manifestar em entrevistas defendendo o fim do militarismo e do servi&ccedil;o militar compuls&oacute;rio na Alemanha, tendo renunciado &agrave; cidadania alem&atilde; aos 16 anos.
No juda&iacute;smo, o homem usou de sua fama para arrecadar toneladas de dinheiro para a Universidade Hebraica de Jerusal&eacute;m, falando frequentemente sobre sua identidade judaica, apesar de nunca ter endossado de maneira clara e direta seu apoio ao sionismo.
Convertido para o <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118008-unity-mitford-a-britanica-obcecada-por-adolf-hitler.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nazismo</a>, o f&iacute;sico Philipp Lenard, vencedor do Pr&ecirc;mio Nobel por suas pesquisas sobre os raios cat&oacute;dicos, foi uma das pessoas que tentou sabotar Einstein por sua pol&iacute;tica de identidade que despertou a ira de muitos alem&atilde;es nacionalistas, racistas e xenof&oacute;bicos ao extremo.
Em 1921, ap&oacute;s Einstein declarar que estava fazendo de tudo pelos "irm&atilde;os de sua ra&ccedil;a que s&atilde;o maltratados", Lenard tentou impedir que o comit&ecirc; do Pr&ecirc;mio Nobel o laureasse. Devido &agrave;s confus&otilde;es nos bastidores e ao &oacute;dio cultuado por Lenard, naquele ano n&atilde;o foi entregue nenhum pr&ecirc;mio de F&iacute;sica.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;El Pa&iacute;s&nbsp;" data-fonte-url="https://imagenes.elpais.com/resizer/-LO2W9K_pWl9qypu4qgDZwij4ow=/980x735/cloudfront-eu-central-1.images.arcpublishing.com/prisa/M2TYJYPNAFFUZPVFUR3VIXC63E.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/18/18194544265369.jpg" alt="(Fonte: El Pa&iacute;s/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: El Pa&iacute;s/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar dos amigos do cientista, como Paul Ehrenfest e Max e Hedwig Born, implorarem-lhe para que n&atilde;o alimentasse mais a "besta voraz midi&aacute;tica" para que n&atilde;o sofresse mais ataques, o homem n&atilde;o parou.
Em 1931, Einstein criticou pela 1&ordf; vez a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119543-como-os-carros-contribuiram-para-o-fim-da-segregacao-racial-nos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">segrega&ccedil;&atilde;o racial&nbsp;</a>dos Estados Unidos (EUA) e o racismo quando se juntou ao Comit&ecirc; de Protestos do escritor Theodore Dreiser para se posicionar ao lado dos 9 jovens afro-americanos acusados injustamente de estupro no estado do Alabama, no famoso caso dos Scottsboro Boys.
Com o esfor&ccedil;o da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional para o Avan&ccedil;o de Pessoas de Cor (NAACP) e o Partido Comunista para apelar o caso na Suprema Corte dos EUA, o sentimento anticomunista de pessoas, como <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118168-ford-flivver-o-fracasso-que-abalou-o-magnata-henry-ford.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Henry Ford&nbsp;</a>e Robert Millikan, detonou Einstein por se "associar a elementos de esquerda", com Ford at&eacute; republicando ensaios alem&atilde;es difamat&oacute;rios contra o cientista.
<h2>O "refugiado mais afortunado do mundo"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/18/18194721969371.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No mesmo ano, por meio de um artigo para a revista The Crisis, a convite do soci&oacute;logo afro-americano W.E.B Du Bois, Einstein implorou para que os negros n&atilde;o permitissem que os racistas diminu&iacute;ssem sua autoestima.
Logo ap&oacute;s se mudar para Calif&oacute;rnia ao aceitar uma oferta de trabalho, em janeiro de 1933, <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119235-operacao-greif-a-ultima-tentativa-de-hitler-vencer-a-guerra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adolf Hitler</a> e seu partido de terror assumiram o controle do governo da Alemanha e instauraram uma lei que proibia judeus de lecionarem nas universidades.
Em seguida, a SS invadiu o apartamento de Einstein e sua casa de veraneio sob o pretexto de estarem procurando armas, por&eacute;m a verdadeira inten&ccedil;&atilde;o surgiu quando eles n&atilde;o encontraram nada e estabeleceram uma recompensa de US$ 5 mil pela cabe&ccedil;a do f&iacute;sico, colocando p&ocirc;steres com a frase &ldquo;ainda n&atilde;o enforcado&rdquo; por toda Alemanha.
Longe da amea&ccedil;a nazista e com a fama de "refugiado mais afortunado do mundo", o homem continuou a promover a ideia de liberdade individual das pessoas, que poderia ser destru&iacute;da em nome do nacionalismo e do patriotismo, principalmente na Am&eacute;rica do Norte.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/18/18194922737373.jpg" alt="(Fonte: VulcanoCafe/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: VulcanoCafe/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;H&aacute; separa&ccedil;&atilde;o entre negros e brancos nos Estados Unidos. Essa separa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; uma doen&ccedil;a dos negros, &eacute; uma doen&ccedil;a de brancos. N&atilde;o pretendo ficar quieto sobre isso&rdquo;, disse ele em 1946, quando foi convidado para discursar aos formandos da Lincoln University &mdash; a mais antiga faculdade para negros dos EUA.
Ap&oacute;s se estabelecer em Princeton, ent&atilde;o uma das cidades mais segregadas do pa&iacute;s, Einstein entrou para a NAACP e a Cruzada Americana Contra Linchamento (ACAL), atuando como copresidente.
Defendendo os direitos civis igualit&aacute;rios e a legisla&ccedil;&atilde;o nacional antilinchamento, ele passou a ser vigiado pelo Departamento Federal de Investiga&ccedil;&atilde;o (FBI), ent&atilde;o sob o comando de <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117743-cointelpro-a-perigosa-guerra-secreta-do-fbi-que-chocou-uma-nacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">J. Edgar Hoover</a>, que seguia se recusando a investigar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119006-operacao-red-dog-quando-supremacistas-tentaram-derrubar-um-governo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ku Klux Klan</a>, mas que fazia vistas grossas com qualquer movimento negro.
At&eacute; a sua morte, o FBI havia formulado um documento com 1.427 p&aacute;ginas sobre sua conduta, que nunca demonstrou irregularidades criminais.&nbsp;
<h2>O outro lado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19001647564020.jpg" alt="(Fonte: Global News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Global News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 2018, foram reunidas v&aacute;rias passagens dos di&aacute;rios de viagens de 1920 de Einstein no livro The Travel Diaries of Albert Einstein, editado por Ze'ev Rosenkrantz, mostrando o lado mis&oacute;gino, xenof&oacute;bico e racista do cientista; contrariando tudo o que ele tanto pregou e lutou ao longo de sua vida.
Por meio de viagens com meses de dura&ccedil;&atilde;o que ele e sua esposa fizeram para o Extremo Oriente e o Oriente M&eacute;dio, o homem revelou suas opini&otilde;es preconceituosas e estereotipadas em rela&ccedil;&atilde;o aos povos que conhecia, descrevendo os chineses, por exemplo, como "imundos" e "membros de uma na&ccedil;&atilde;o peculiar, parecida com um rebanho, muitas vezes mais aut&ocirc;matos do que pessoas".
Rosenkrantz, editor e diretor assistente do Einstein Papers Project, do Instituto de Tecnologia da Calif&oacute;rnia, disse em entrevista ao Washington Post: "Seria f&aacute;cil dizer, sim, que ele se tornou uma pessoa mais esclarecida, mas tamb&eacute;m que ele continuou a nutrir opini&otilde;es racistas em particular".
Ainda &eacute; questionada a maneira como Albert Einstein se envolveu com causas que estavam muito longe de sua realidade transformada do alto de seu privil&eacute;gio cient&iacute;fico, apesar de ser um judeu em um dos per&iacute;odos mais mortais para o seu povo.&nbsp;
De qualquer forma, seu legado social, ainda que controverso, ficou refletido em como sua influ&ecirc;ncia e envolvimento impediu que injusti&ccedil;as contra ativistas e l&iacute;deres negros continuassem.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.572Z

A questionável luta de Albert Einstein contra o racismo

Imagem de Atlas Pernkopf: o livro de anatomia nazista que salvou vidas no megacurioso

O autor da obra foi tão bizarro quanto às circunstâncias nas quais ela foi criada

Al&eacute;m de ser o mais novo entre 3 irm&atilde;os, o austr&iacute;aco Eduard Pernkopf, nascido na Baixa &Aacute;ustria, no frio de 24 de novembro de 1888, era o mais ambicioso.
Quando estudou Medicina na Universidade de Viena, em 1907, ele se tornou membro da Fraternidade Acad&ecirc;mica de Estudantes da Alemanha, um grupo que inspirava forte nacionalismo alem&atilde;o, tendo seus princ&iacute;pios enaltecidos quando <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/119084-a-estranha-morte-de-geli-raubal-a-sobrinha-e-namorada-de-hitler.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adolf Hitler</a> e seu Partido Nazista ascenderam ao poder.
O interesse pela anatomia talvez tenha chegado primeiro na vida de Pernkopf do que seu patriotismo, sucedendo seu antigo professor e ent&atilde;o diretor do Instituto de Anatomia, Ferdinand Hochstetter, em 1933.&nbsp;Foi no mesmo ano em que o m&eacute;dico percebeu que o que Hitler pregava "falava" diretamente com ele.
<h2>O homem severo &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20152728353266.jpg" alt="Eduard Pernkopf. (Fonte: Reddit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Eduard Pernkopf. (Fonte: Reddit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ningu&eacute;m ousava ir contra a severidade do homem baixo e robusto, que tinha olhos azul-acinzentados por detr&aacute;s de &oacute;culos de aros redondos. Como reitor da Universidade de Viena, Pernkopf ordenou que todos os professores declarassem sua linhagem &eacute;tnica como ariana e jurassem lealdade a Hitler, enquanto ele se empenhava na higiene racial daqueles que precisavam ser "apagados" da sociedade.
Ap&oacute;s cortar 77% do corpo docente da universidade, incluindo vencedores do Pr&ecirc;mio Nobel que se recusaram a seguir seus princ&iacute;pios, Pernkopf mobilizou os demais a colaborarem na demanda de cad&aacute;veres de prisioneiros v&iacute;timas dos campos de concentra&ccedil;&atilde;o que chegavam at&eacute; ele para que fossem dissecados &mdash; uma maneira de Hitler recompensar sua devo&ccedil;&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20153152322267.jpg" alt="(Fonte: MAGG/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: MAGG/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar de ter um co&aacute;gulo de sangue que se movia lentamente em dire&ccedil;&atilde;o ao seu c&eacute;rebro, o m&eacute;dico n&atilde;o abriu m&atilde;o de 18 horas de trabalho quando a demanda aumentou de maneira exponencial, conforme avan&ccedil;ava o dom&iacute;nio de seu &iacute;dolo genocida.
Assim que sua primeira esposa morreu de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118126-tuberculose-o-que-e-quais-sao-os-sintomas-ela-tem-cura.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tuberculose</a>, aos 27 anos, ele comp&ocirc;s uma sinfonia para ela intitulada "Os Prazeres e a Dor de um Homem", antes de se casar com a irm&atilde; dela e passar a se preocupar apenas com o partido que adorava e o livro que estava criando.
<h2>Magnum opus</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20153353916268.jpg" alt="(Fonte: Science Direct/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Science Direct/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Pernkopf come&ccedil;ou a se empenhar na cria&ccedil;&atilde;o de seu Atlas Pernkopf&nbsp;de anatomia quando ainda era um mero professor. Ele queria um guia de disseca&ccedil;&atilde;o para ajudar os alunos a identificar melhor os &oacute;rg&atilde;os e os vasos do corpo, por&eacute;m ele julgava os textos dos livros desatualizados demais ou insatisfat&oacute;rios &mdash; o que apenas evidenciava o perfeccionismo bizarro e man&iacute;aco que habitava nele.
Ent&atilde;o, o m&eacute;dico decidiu que mapearia todo o corpo humano da maneira mais expl&iacute;cita poss&iacute;vel, usando os cad&aacute;veres das v&iacute;timas de seu nacionalismo. Ent&atilde;o, ao&nbsp;passar v&aacute;rias horas com o rasgar da pele humana, levantando sempre &agrave;s 4h e fumando 15 cigarros di&aacute;rios, que Pernkopf deu vida ao seu &eacute;pico atlas anat&ocirc;mico de 4 volumes e com 800 pinturas que exp&otilde;em as entranhas pegajosas do corpo humano.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20153900806278.jpg" alt="(Fonte: Clarin/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Clarin/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Para serem retratadas de maneira t&atilde;o fiel quanto &agrave; captura de uma c&acirc;mera fotogr&aacute;fica, ele recrutou um grupo de 11 artistas pl&aacute;sticos, que n&atilde;o encontraram sa&iacute;da sen&atilde;o trabalhar &agrave; custa do mart&iacute;rio alheio em uma &eacute;poca em que a sociedade definhava a olhos nus.
Pernkopf supervisionou de perto todo o trabalho para retratar os frios corpos humanos por dentro. Ele foi o respons&aacute;vel por ordenar que tudo fosse separado em cores para que a retra&ccedil;&atilde;o no papel fosse o mais pr&oacute;xima poss&iacute;vel do que seus olhos fleum&aacute;ticos vasculhavam h&aacute; anos.
O 1&deg; volume do livro foi publicado em 1937, ap&oacute;s Pernkopf fechar com a editora Urban &amp; Schwarzenberg, convencido de que havia atingido o &aacute;pice da perfei&ccedil;&atilde;o ao ilustrar o interior dos corpos de ciganos, judeus, homossexuais, l&eacute;sbicas e dissidentes pol&iacute;ticos. Intitulado Anatomia Topogr&aacute;fica Humana, a obra tinha su&aacute;sticas e os raios simb&oacute;licos da for&ccedil;a paramilitar nazista da SS.&nbsp;
<h2>O legado obscuro</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/20/20153706838275.jpg" alt="(Fonte: The BMJ/Rerpdou&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The BMJ/Rerpdou&ccedil;&atilde;o)
A populariza&ccedil;&atilde;o do Atlas Pernkopf como uma "obra de arte da medicina moderna" depois do fim da <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/118129-criancas-lobo-os-orfaos-quase-esquecidos-da-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>, principalmente com sua publica&ccedil;&atilde;o em 1963, nos Estados Unidos, fez os livros passarem por uma higieniza&ccedil;&atilde;o em suas refer&ecirc;ncias nazistas &mdash; mas n&atilde;o apagou suas origens.
Um bestseller&nbsp;mundial, Pernkopf teve sua obra traduzida para 5 idiomas, ajudando a salvar milhares de vidas com seu detalhismo sistem&aacute;tico &mdash; apesar de tudo. O sucesso e a falta de refer&ecirc;ncias nazistas ocultaram at&eacute; o in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1990 a verdade sobre o passado de seu autor.
O Atlas Pernkopf deixou de ser comercializado oficialmente em 1994, e as raras c&oacute;pias remanescentes s&atilde;o encontradas por pre&ccedil;os alt&iacute;ssimos, principalmente moral, por se tratar de uma obra feita em cima da morte, do caos e do fanatismo que ainda estende suas sombras sobre a hist&oacute;ria da humanidade.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.946Z

Atlas Pernkopf: o livro de anatomia nazista que salvou vidas

Imagem de Martin Couney exibiu bebês prematuros em parques de diversão no megacurioso

O homem incentivou o uso de um equipamento totalmente experimental: a incubadora

O interesse do advogado polon&ecirc;s Martin Couney, que imigrou para a Am&eacute;rica em 1888, em salvar beb&ecirc;s prematuros surgiu em 1903, ap&oacute;s se casar com a enfermeira Anabelle Maye. Quatro anos mais tarde, a mulher deu &agrave; luz a Hildegarde Couney, com apenas 6 semanas de gesta&ccedil;&atilde;o.
Formado em Medicina, com diplomas de Leipzig e Berlim, Couney tamb&eacute;m afirmava ter estudado com o Dr. Pierre-Constan Budin, considerado o precursor da medicina neonatal moderna, e tamb&eacute;m ter sido parceiro dele durante o desenvolvimento da primeira incubadora para beb&ecirc;s prematuros.
No entanto, os historiadores acreditam que seja inven&ccedil;&atilde;o o pouco registrado sobre as ra&iacute;zes acad&ecirc;micas do homem, a come&ccedil;ar pelo fato de ele alegar ter estudado Medicina, sendo que chegou &agrave; Am&eacute;rica do Norte aos 19 anos. Quanto ao experimento de Budin, apresentado durante a Grande Exposi&ccedil;&atilde;o Industrial de Berlim de 1896, &eacute; prov&aacute;vel que Couney tenha sido apenas o t&eacute;cnico em equipamento m&eacute;dico.
<h2>Investindo na rejei&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19193924553400.jpg" alt="(Fonte: The Avery Review/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Avery Review/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em uma &eacute;poca em que morriam 3 em cada 4 beb&ecirc;s nascidos prematuros em meio a escassez de tratamento m&eacute;dico especializado, a incubadora de Budin encontrou forte resist&ecirc;ncia pelas autoridades m&eacute;dicas, apesar de ter sido aclamada pelo p&uacute;blico nas feiras de exposi&ccedil;&atilde;o por onde passou.
O principal temor era o fato de os benef&iacute;cios do equipamento n&atilde;o terem sido estudados em um ambiente cient&iacute;fico no uso do tratamento de seres humanos &mdash; a incubadora s&oacute; havia sido usada com galinhas em fazendas. Al&eacute;m disso, o fator econ&ocirc;mico exerceu impacto direto: cada incubadora equivalia cerca de US$ 1,5 milh&otilde;es atualmente.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19194013084401.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Couney, por outro lado, n&atilde;o perdeu tempo e usou o dispositivo em sua filha, que sobreviveu gra&ccedil;as &agrave; m&aacute;quina. Ele entendeu que precisava fazer algo diante da situa&ccedil;&atilde;o de sa&uacute;de p&uacute;blica da &eacute;poca, ainda que precisasse se valer de meios nada convencionais.
Ent&atilde;o, em meados de 1903, o m&eacute;dico estabeleceu dois shows paralelos em cada um dos principais parques de divers&otilde;es de Coney Island (EUA), o Luna Park e o Dreamland, com intuito de divulgar diversas crian&ccedil;as por tr&aacute;s da redoma de vidro das incubadoras.
<h2>Fazendo hist&oacute;ria</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19194129662402.jpg" alt="(Fonte: The Jewish Standard/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Jewish Standard/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ao pagar 25 centavos, os visitantes observavam os beb&ecirc;s min&uacute;sculos lutando pela vida, ao passo que tamb&eacute;m ajudavam a financiar o cuidado deles e a manuten&ccedil;&atilde;o dos &ldquo;incubat&oacute;rios de crian&ccedil;as&rdquo;, como a m&aacute;quina ficou popularmente conhecida.
Quando Couney encerrou a exposi&ccedil;&atilde;o de beb&ecirc;s no Luna Park, ap&oacute;s 40 anos, mais de 8 mil prematuros haviam passado por seus cuidados, dos quais mais de 6,5 mil foram salvos, gerando uma taxa de sucesso de 85% do tratamento em incubadoras.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Brainstudy&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/Po0GVRyVmUV7QeYOsCcxmHID8dW3F6OwtnP5qj13p60SWhl1caqihYHpfnU4hQ0ZU-gCTF97jEAHkRND0lMsAUUcOWedl4PY"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19194333834403.jpg" alt="(Fonte: Brainstudy/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Brainstudy/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com o sucesso estrondoso e impressionante que a iniciativa de Couney teve, s&oacute; no final da d&eacute;cada de 1940 que o poderio m&eacute;dico resolveu levar a s&eacute;rio o conceito das incubadoras de prematuros, incorporando-as ao ambiente neonatal dos hospitais.
Al&eacute;m disso, as t&eacute;cnicas que Couney havia aperfei&ccedil;oado, como o "cuidado canguru" e medidas antiss&eacute;pticas avan&ccedil;adas, foram incorporadas ao cuidado moderno ao beb&ecirc; na Medicina dos Estados Unidos e do mundo.
Do seu jeito, em uma vida de lacunas pontuada por farsas, Martin Couney salvou vidas por meio de incubadoras quando ningu&eacute;m sequer tentou.

thumb-image-2024-02-29T14:05:43.797Z

Martin Couney exibiu bebês prematuros em parques de diversão

Imagem de Golpe da Maioridade: a manobra que coroou D. Pedro II no megacurioso

Em uma época que o país ferveu de revoltas e insatisfação pública com a atuação do governo regencial

Foi em meados de 1835 que come&ccedil;ou a ganhar for&ccedil;a a ideia de antecipar a ascens&atilde;o ao trono imperial do jovem Pedro de Alc&acirc;ntara, filho de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119479-carta-de-d-leopoldina-foi-crucial-para-a-independencia-do-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Dona Leopoldina</a> e <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/35662-exumacao-do-corpo-de-d-pedro-i-traz-mais-detalhes-a-historia-do-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Dom Pedro I</a>.
Isso porque os propriet&aacute;rios de terras desconfiavam do processo de descentraliza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tico-administrativa iniciado pelas autoridades do per&iacute;odo regencial, instaurado ap&oacute;s a abdica&ccedil;&atilde;o de D. Pedro I por press&otilde;es da elite agr&aacute;ria, causando grande polariza&ccedil;&atilde;o partid&aacute;ria.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19200906343415.jpg" alt="D. Pedro II. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />D. Pedro II. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Conforme ocorreram revoltas sociais em v&aacute;rias prov&iacute;ncias do Brasil, exigindo medidas que reestabelecessem a ordem e paz social, foi refor&ccedil;ado o consenso pol&iacute;tico de que somente a restitui&ccedil;&atilde;o da monarquia poderia conter os excessos dos poderes locais e diminuir as dissens&otilde;es. No entanto, conforme o Cap&iacute;tulo V da Constitui&ccedil;&atilde;o de 1824, o comando do Imp&eacute;rio s&oacute; poderia ser atribu&iacute;do ao seu sucessor quando a maioridade, na &eacute;poca 18 anos completos, fosse alcan&ccedil;ada.
Mas ningu&eacute;m estava disposto a esperar mais 8 anos vivendo no caos causado pelo governo regencial.
<h2>O ato do Golpe</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19201016405416.jpg" alt="(Fonte: Col&eacute;gio Web/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Col&eacute;gio Web/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 15 de abril de 1840, os grupos liberais fundaram a Sociedade Promotora da Maioridade, que logo passou a ser chamada Clube da Maioridade, sob a lideran&ccedil;a de Ant&ocirc;nio Carlos de Andrada e Silva, com vice-presid&ecirc;ncia de Holanda Cavalcanti.
Promovendo a ideia de que apenas a autoridade do jovem D. Pedro II, ent&atilde;o com 15 anos, como imperador poderia deter as revoltas, o ato da maioridade rapidamente ganhou apoio popular.
A antecipa&ccedil;&atilde;o da maioridade foi disseminada pelo povo e pela imprensa, que participou do movimento distribuindo folhetos que eram colados nos muros do Rio de Janeiro com os versos: &ldquo;Queremos Dom Pedro II. Embora n&atilde;o tenha idade. A na&ccedil;&atilde;o dispensa a Lei. E viva a maioridade!&rdquo;.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Conhecimento Cient&iacute;fico&nbsp;" data-fonte-url="https://conhecimentocientifico.r7.com/wp-content/uploads/2018/12/voce-sabia-que-foi-o-golpe-da-maioridade-que-pacificou-o-brasil-1.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19201120796417.jpg" alt="(Fonte: Conhecimento Cinet&iacute;fico/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Conhecimento Cient&iacute;fico/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Andrada e Silva apresentou o projeto de antecipa&ccedil;&atilde;o da maioridade ao jovem monarca em 22 de junho de 1840, e D. Pedro II respondeu concordar que a lei fosse aplicada quanto antes.
Em 18 de julho de 1841, D. Pedro II foi finalmente coroado e sagrado o mais novo Imperador do Brasil, condutor do Segundo Reinado, enquanto os vizinhos latino-americanos se destru&iacute;am e se fragmentavam em pequenas rep&uacute;blicas comandadas por caudilhos, passando a imagem para a Europa de que o pa&iacute;s era um &ldquo;para&iacute;so cercado pelo caos&rdquo;.
Para auxiliar o novo imperador, foi criado e instaurado o Minist&eacute;rio da Maioridade, conhecido como o Minist&eacute;rio dos Irm&atilde;os, pois era formado por Ant&ocirc;nio Carlos e Martim Francisco de Andrada.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19201222265418.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O gabinete, por&eacute;m, teve vida curta, destitu&iacute;do no ano seguinte ao ser acusado de fraudes e viol&ecirc;ncias nas elei&ccedil;&otilde;es de 1840. D. Pedro II exonerou os ministros liberais e os substituiu por conservadores, marcando o in&iacute;cio da inser&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;tica do conservadorismo no pa&iacute;s.
A coroa&ccedil;&atilde;o de D. Pedro II permitiu a estabiliza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica do Brasil, centralizando a aten&ccedil;&atilde;o de todos na figura in&eacute;dita de um jovem imperador.

Julio Cezar de Araujo