Ciência
14/05/2014 às 11:43•4 min de leitura
A gestação e o nascimento de um bebê são fases incríveis na vida da mulher e de uma família. Durante esses processos, cada cultura tem uma maneira de encará-los com costumes normais, como ter alguns cuidados especiais com a alimentação ou com tradições comuns.
No entanto, em alguns países esses períodos são permeados por costumes um tanto esquisitos antes mesmo de a mulher engravidar, durante a gestação e após o nascimento da criança. Confira abaixo quais são eles.
Várias cerimônias estranhas cercam o nascimento de Bali. O Setra ari ari, por exemplo, é uma delas. Os balineses acreditam que a placenta, ou ari ari, tem um espírito próprio que atua como anjo da guarda da criança. Os pais, portanto, devem enterrar a placenta com um ritual em um cemitério especial.
Mas esse talvez nem seja assim tão diferente, pois em outros lugares do mundo isso está acontecendo como parte de tradições do parto humanizado. O costume realmente mais estranho para os bebes de Bali é aquele em que eles não devem tocar o chão até atingirem três meses de idade.
Segundo as tradições balinesas, o recém-nascido é considerado puro e qualquer contato com o chão no prazo de três meses vai contaminá-lo. Então, assim que o pequeno completa três meses, a família realiza uma cerimônia formal, em que o bebê é colocado em um chão sujo pela primeira vez.
Enterrar a placenta em um lugar especial, num jardim ou em um vaso. Até aí, tudo razoavelmente normal. Agora, imagine comer a placenta? Pois muitas mamães do reino animal fazem isso instintivamente como forma de ajudar o seu filhote ou limpá-lo logo após o nascimento.
Através da “placentologia” materna, as fêmeas comem sua própria placenta também para absorver os hormônios e outros nutrientes. Acontece que alguns seres humanos acreditam que isso também seja realmente bom para eles. As medicinas tradicionais da China, Jamaica e partes da Índia recomendam a prática por várias razões místicas.
Algumas afirmam que os hormônios da placenta podem aliviar o stress e reduzir a depressão. Mas os cientistas permanecem céticos sobre isso. Primeiro porque cozinhar a placenta destrói os hormônios e outras proteínas únicas que, talvez, seriam aproveitadas. Segundo, porque se comida crua, há um grande risco de infecção que supera os benefícios.
Os casais irlandeses têm a tradição de guardar um pedaço do topo do seu bolo de casamento até o batismo do primeiro filho. Eles então servem a camada de bolo para os convidados do batizado e polvilham algumas migalhas na testa da criança para abençoá-la com boa sorte. E que bebida combina com bolo nas festas? Champanhe!
Os casais também guardam uma garrafa para abrir no batismo de seu filho e usam um pouco da bebida para também molhar a cabeça do bebê com votos de boa saúde para vida toda. Para ser mais irlandês do que isso, só molhando a criança com uísque!
É de conhecimento mundial que os chineses são obrigados a ter apenas um filho, salvo em alguns casos especiais. Quando um casal chinês se casa e entra em sua nova casa, o marido deve carregar a noiva, como manda a tradição em várias partes do mundo. No entanto, em algumas regiões chinesas, o homem também deve carregar sua nova esposa sobre carvões em brasa para garantir que ela possa dar à luz sem problemas.
Porém, quando a mulher engravida, ela tradicionalmente enfrenta uma série de proibições inusitadas e surpreendentes. Ela não deve fofocar nem rir alto demais. Além disso, a mulher não deve ficar com raiva ou até mesmo ter maus pensamentos, nem olhar para cores chocantes e só deve comer alimentos de cor clara.
Ainda segundo a tradição, a gestante nunca deve sentar-se em uma esteira torta, senão a criança pode nascer deformada. Ela também precisa dormir com uma faca debaixo da cama para o objeto cortante afastar os maus espíritos. Além de tudo isso, a casa em que mora não deve sofrer qualquer reforma no período da gestação e o sexo é totalmente proibido.
O povo de Wolof da Mauritânia e países vizinhos acreditam que a saliva humana pode reter palavras, então eles cospem em recém-nascidos para adicionar bênçãos que possam “se fixar” nelas. Quando um bebê nasce, as mulheres cospem em seu rosto, os homens cospem em seu ouvido, e então, para garantir a “benção”, os adultos esfregam saliva em toda a cabeça da criança.
A tribo Igbo na Nigéria vai um passo além. Quando um bebê nasce, ele é levado até a casa do ancião da família. Lá, um parente que é um bom orador mastiga um pouco de pimenta-de-guiné, cospe em um dedo e coloca na boca do bebê. Este ato supostamente faz a criança crescer e ser tão bom orador como o doador do cuspe.
A maioria dos bebês de até um ano dos países ocidentais passa o tempo descansando e sendo mimado por seus pais, mas alguns bebês lituanos têm uma função um pouco diferente para fazer. Todos os anos, a Lituânia organiza uma corrida para encontrar o “engatinhador” mais rápido do país.
O evento é muitas vezes marcado por momentos divertidos, quando os bebês não têm absolutamente nenhuma ideia do que fazer e param no meio do caminho, pelo simples e puro fato que eles são apenas bebês! A corrida é ainda apoiada por patrocinadores e, geralmente, atrai grandes multidões a cada ano. Apesar de ser um pouco diferente, achamos que isso já existia no programa do Sílvio Santos há alguns anos, não é mesmo?
Em algumas partes da Nigéria, as mulheres grávidas devem fazer dar à luz sozinhas. Parteiras e ajudantes encontram com a gestante apenas após o parto, mas a mulher está prevista para ir dar conta do próprio processo, sem qualquer ajuda.
Este costume tem mais a ver com a pobreza e a baixa posição social das mulheres naquele país do que com a independência. Em muitos casos, as famílias simplesmente não têm como pedir ajuda externa, não importa o quanto a mãe necessite. Algumas organizações humanitárias estão tentando resolver parte do problema nessas áreas, pois, sem ajuda, muitas dessas mães perdem os seus filhos ou mesmo a própria vida.
As mães da região de Kalash, no norte do Paquistão, também tradicionalmente têm seus bebês longe de suas famílias, mas por um motivo diferente: a cultura considera que as mães em trabalho de parto são “sujas”. Dessa forma, as mães dão à luz aos seus filhos em um local isolado especial chamado Bashleni.
A tradição manda que os homens devam ficar longe dos fluidos “impuros” da mulher que acabou de ter o filho para não se contaminarem. Mesmo outras mulheres que, provavelmente, vão passar a mesma coisa no futuro, ou, já passaram pela mesma situação, não querem ficar por perto. As únicas pessoas que podem entrar na casa para ajudar a mãe são as mulheres que estão menstruando, porque eles também são vistas como impuras.