Treta na Ciência: pesquisador propõe que Homo erectus “morreu de preguiça”

15/08/2018 às 07:553 min de leitura

O Homo erectus, como você deve saber, foi um dos nossos antigos ancestrais — uma espécie que surgiu na linha evolutiva humana há cerca de 1,8 milhão de anos, e entrou em extinção por volta de 143 mil anos atrás. Assim como ocorre com outros tantos hominídeos que existiram e desapareceram do planeta, como é o caso dos Homo habilis e dos Homo ergaster, os cientistas debatem sobre o que pode ter causado o seu fim.

Pois uma nova proposta, apresentada pelo arqueólogo Ceri Shipton, da Universidade Nacional da Austrália, vem causando uma baita polêmica entre os especialistas. Por quê? Bem, segundo Sarah Sloat, do site Inverse, Ceri acredita que o H. erectus “morreu” de preguiça, basicamente — e essa afirmação provocou uma onda de críticas e até manifestações por parte dos cientistas que participaram com Ceri na pesquisa relacionada com a extinção dessa espécie.

Morrendo de preguiça

Os registros fósseis descobertos até hoje sobre os H. erectus indicam que esses hominídeos estão entre os primeiros a desenvolver ferramentas de pedra deliberadamente elaboradas para servir às suas necessidades. Eles possivelmente também criavam armas e objetos de madeira, e é provável que essas criaturas fizessem uso do fogo.

Arqueólogo trabalhandoEsse na foto é Ceri trabalhando (ABC News)

Então! De acordo com Jon Healy, do site ABC News, Ceri e uma porção de outros pesquisadores conduziram uma série de análises em ferramentas de pedra descobertas em um sítio arqueológico chamado Saffaqah, na Península Arábica, que foram atribuídas pelo grupo aos H. erectus. Só que, depois de suas conclusões serem apresentadas em um artigo científico publicado no final de julho em um famoso periódico, Ceri veio com esse papo de que os hominídeos morreram de preguiça.

Na opinião do arqueólogo, o exame das ferramentas sugere que os H. erectus não pareciam muito preocupados em evoluir e aparentemente não mostravam ter o mesmo senso de questionamento, curiosidade e vontade de ir além que os humanos têm. Para Ceri, a qualidade dos materiais usados e a própria técnica usada pelos hominídeos não era lá aquelas coisas, mas, como para eles estava bom para o que precisavam, a impressão é a de que os H. erectus simplesmente não preocupavam em evoluir tecnologicamente.

Homo erectusCena que recria um acampamento dos H. erectus (Wikimedia Commons/Henry Gilbert e Kathey Schick)

Ceri explicou que muito próximo do sítio no qual as ferramentas foram encontradas existe um local onde a qualidade das pedras é bastante superior à das usadas pelos H. erectus para a produção de machadinhas (um dos objetos examinados). Esse pessoal sabia da presença desse lugar, mas, como eles já tinham o que precisavam à mão, provavelmente pensaram que o esforço, mesmo que pequeno, não valia a pena. E essa postura de “meh” com relação ao progresso, no entendimento do arqueólogo, foi o que contribuiu para o desaparecimento dos H. erectus.

Controvérsia

Diversos cientistas apontaram uma série de problemas com as afirmações de Ceri, como o fato de a abrangência do estudo desenvolvido pelo grupo estar focada em apenas uma área — Saffaqah — quando é sabido que os H. erectus ocuparam várias regiões da África e possivelmente migraram de lá.

Homo erectusNenhum fóssil foi encontrado no local (Wikimedia Commons/Rama)

Ademais, é impossível afirmar com absoluta certeza que as ferramentas examinadas fora, de fato, produzidas por esses hominídeos, uma vez que parece que a datação dos objetos não é muito precisa. Além disso, os pesquisadores não encontraram fósseis de H. erectus no local, portanto, não é possível sequer concluir que as machadinhas foram fabricadas por eles.

E mais: depois da repercussão negativa provocada pelas alegações de Ceri, um dos colegas que participou do estudo com ele veio a público esclarecer que a opinião do arqueólogo não reflete o que os demais autores da pesquisa pensam. Com isso, parece que a busca pela solução do mistério relacionado com a extinção dos H. erectus volta à estaca zero — mas é sempre fascinante acompanhar esse tipo de debate entre cientistas, você não acha?

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