Descobriram uma filha de neandertal com denisovano na Rússia

23/08/2018 às 09:302 min de leitura

Não é de hoje que os cientistas trabalham com a teoria de que hominídeos de espécies diferentes tiveram seus encontros — e inclusive relacionamentos amorosos — no passado. No entanto, pela primeira vez na História, um time de pesquisadores conseguiu identificar uma prova concreta e palpável de que o convívio rolava mesmo e talvez com mais frequência do que se imaginava.

Misturinha

Mais especificamente, cientistas do Departamento de Genética e Antropologia Evolutiva do Instituto Max Planck, na Alemanha, fizeram uma bateria de testes com uma porção de ossos descobertos no interior de uma caverna na Sibéria em 2012, e os resultados revelaram que um fragmento deles pertence a uma jovem “fruto do amor” entre um neandertal e um denisovano.

Fragmentos de ossosAlguns dos fragmentos de ossos encontrados na caverna siberiana (Inverse)

O artefato foi encontrado juntamente com outros 2 mil fragmentos de osso (mais ou menos) em um sítio conhecido como Caverna Denisova, local onde o primeiro hominídeo de Denisova foi descoberto, e consiste em um achado fortuito que surpreendeu a todos. Os cientistas submeteram o pedacinho de osso a diversos exames e realizaram o sequenciamento genético, concluindo que ele pertenceu a uma garota que tinha pelo menos 13 anos de idade quando morreu — há cerca de 90 mil anos —, e que ela era filha de mãe neandertal e pai denisovano.

Mas as análises revelaram mais coisas sobre a jovem “neandenisovana”: além de ter mãe neandertal e pai denisovano, o sequenciamento genético apontou que a garota veio de uma família com uma longa história de amor consumado entre espécies diferentes, uma vez que os exames mostraram que o pai dela teve pelo menos um antepassado neandertal — o que significa que os cruzamentos entre os dois grupos já aconteciam faz tempo.

Cientistas trabalhandoGalera vasculhando o interior da Caverna Denisova (Inverse)

O mapeamento genético ainda revelou que a mãe neandertal era mais próxima dos grupos que habitavam na Europa Ocidental do que os que ocupavam as regiões que hoje correspondem à Sibéria, indicando que, além de ser comum uma espécie se relacionar com outra, esses povos extintos também migravam com frequência de um território a outro.

Amor sem preconceito

O consenso atual é o de que neandertais e denisovanos derivaram de um ancestral comum há mais de 390 mil anos, e habitaram regiões da Europa e Ásia durante milhares de anos — até que os humanos modernos apareceram no pedaço, há cerca de 40 mil anos.

Dente de hominídeoDentinho de um hominídeo de Denisova (National Geographic/Robert Clark)

Com base nos esqueletos encontrados, especialmente nos dentes, os cientistas estimam que os denisovanos eram mais robustos e maiores do que os neandertais — vai ver a mãe da jovem “híbrida” ficou impressionada com o corpão do hominídeo da outra espécie, e o mesmo tipo de atração uniu muitos outros casais no passado... —, e certamente eram mais corpulentos do que os humanos modernos.

Mulher neandertalReconstrução da aparência de uma mulher neandertal (National Geographic/Joe McNally)

Aliás, é importante mencionar que o amor interespécies não se limitou aos neandertais e aos denisovanos. Sequenciamentos genéticos já apontaram que humanos modernos e neandertais provavelmente tiveram seus casos no passado, tanto que aproximadamente 2% do DNA da maioria dos europeus e asiáticos é de origem neandertal.

***

Você conhece a newsletter do Mega Curioso? Semanalmente, produzimos um conteúdo exclusivo para os amantes das maiores curiosidades e bizarrices deste mundão afora! Cadastre seu email e não perca mais essa forma de mantermos contato!

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: