Ciência
10/03/2019 às 04:00•2 min de leitura
O Mangalitsa é uma raça húngara de porcos que tem uma característica que a assemelha às ovelhas: o crescimento - incomum em porcos - de pêlos crespos sobre o corpo. A Lincolnshire Curly Coat, da Inglaterra, que está extinta, era a única outra raça de porco conhecida por ter pêlos com a mesma característica. O Mangalitsa, por sua vez, também chegou perto de ser extinto durante a década de 1990, quando sua população chegou a apenas 200 indivíduos.
Créditos: Amusing Planet
A raça foi criada quando, na década de 1830, o arquiduque do Império Austro-Húngaro Joseph Anton Johann ganhou alguns porcos de Sumadija de um príncipe sérvio. O arquiduque então cruzou-os com porcos Bakony e Szalonta. Em um primeiro momento, a raça era restrita à realeza, mas como tem uma carne muito saborosa - é considerada por muitos a carne de suíno mais saborosa do mundo -, foi popularizada e, ao fim do século XIX, era a principal raça de porcos na Europa. A gordura, o bacon e o salame eram produtos com alta demanda no mercado europeu. A banha também era usada na cozinha e na produção de velas, sabonetes e cosméticos. Até mesmo lubrificantes industriais e explosivos foram produzidos a partir utilizando a gordura desse suíno.
Sem necessidade de cuidados especiais, o Mangalitsa é um dos suínos mais gordos do mundo, sendo que de 65% a 70% do seu peso é gordura, que é rica em ácidos graxos, ômega-3 e antioxidantes naturais devido à sua alimentação natural, composta por trigo, milho e cevada. A gordura é apontada por especialistas como sendo a principal responsável pelo sabor singular da carne, isso porque ela se infiltra nas fibras musculares do animal, deixando sua carne macia e com sabor intenso.
Sua popularidade caiu quando, em meados do século XX, descobriu-se que as gorduras saturadas fazem mal à saúde. Sendo substituída por suínos mais magros e de rápido crescimento, a raça sofreu um declínio populacional e no final dos anos 70, os Mangalitsa da Áustria só eram encontrados em parques nacionais e zoológicos, com algumas poucas fêmeas reprodutoras na Hungria.
Na década de 1980, o interesse pela raça voltou a crescer e, em 1994, a Associação Nacional Húngara de Criadores de Porcos Mangalitsa foi criada para proteger a raça. Nos próximos 20 anos, a tradicional salsicha Mangalitsa com páprica doce voltou aos mercados húngaros. Atualmente 60.000 animais são produzidos por ano na Hungria. Apesar de não ser um número alto, hoje, a raça se encontra fora de risco.