Estamos nos aproximando do fim dos testes com animais?

27/12/2019 às 12:002 min de leitura

Existem milhares de relatos sobre a crueldade cometida contra os animais durante testes de produtos. É uma polêmica muito debatida, mas ainda existem motivos para esses procedimentos serem realizados. Afinal, os bichinhos são os modelos mais parecidos com humanos para estudo. Felizmente, isso pode estar chegando ao fim.

No dia 24 de setembro deste ano, uma resolução normativa do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal (Concea) determinou que os laboratórios precisam encontrar métodos alternativos para cobaias dentro de cinco anos e exige que sejam priorizadas pesquisas que não usem seres vivos.

A decisão se aplica para diversas indústrias, como a de cosméticos, medicamentos, brinquedos e até materiais escolares. As empresas que não seguirem a norma podem perder a licença para pesquisa e pagar uma multa de até R$ 20 mil.

E na era da constante inovação tecnológica, já existem técnicas que permitem verificar o efeito de substâncias no corpo humano sem precisar usá-los em um animal. Elas são baseadas em três princípios, os três Rs em inglês: reduction (redução), refinement (refinamento) e replacement (substituição). Ou seja, a diminuição dos bichos utilizados, aprimorar metodologias que minimizem o sofrimento e uma forma de substituir o uso de cobaias.

No Brasil, já temos 24 alternativas validadas internacionalmente e todo laboratório que usa cobaia ou outras formas de pesquisa precisa estar cadastrado no Concea. Para isso, é preciso ter uma Comissão de Ética no Uso de Animais que seja composta por cientistas, pelo menos um veterinário e um representante civil.

O caminho do progresso

(Fonte: pixabay/Reprodução)

Em setembro deste ano, o Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal inaugurou o primeiro laboratório brasileiro e da América Latina dedicado a criar pele humana. A iniciativa partiu da Episkin, empresa de biotecnologia do Grupo L’Oréal, especializada em produzir tecidos humanos em 3D, além de pele, olhos, gengiva, intestino e até vagina.

Os cientistas criam a epiderme a partir de doações de sobras de pele de cirurgias plásticas feitas na França, e são precisos 17 dias para finalizar o processo.

O Grupo Boticário segue o mesmo caminho e não usa cobaias desde 2000. A gigante dos cosméticos cria a própria pele 3D para testar seus produtos. O problema desse método em comparação com o teste em animais é a impossibilidade de prever as reações em outras partes do corpo. Como solução, a empresa utiliza a tecnologia human-on-a-chip (que pode ser traduzido como humano em um chip), que possui a capacidade de simular diversos órgãos.

Já no caso da Natura, que não realiza mais testes desse tipo desde 2006, 67 métodos alternativos são combinados de forma variada para obter os melhores resultados. Um deles é um software que consegue analisar efeitos colaterais das fórmulas usando a estrutura molecular das mesmas.

E o que as empresas ganham com isso?

Além de melhorar a reputação, os métodos alternativos aprimoram as áreas de pesquisa e ajudam a reduzir custos, pois manter animais não é algo barato. Outro ponto importante é que as novas tecnologias podem ser até mais confiáveis.

A Food and Drug Administration (FDA) realizou um levantamento mostrando que 92% dos medicamentos aprovados em testes com cobaias podem causar reações quando utilizados em humanos.

O caminho até o fim dos testes com cobaias é longo e cheio de desafios, talvez eles nunca sejam extintos completamente. Mas as novas leis e tecnologias podem ser um sopro de esperança para o bem-estar de muitos animais.

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