Ciência
14/04/2020 às 02:00•3 min de leitura
O novo coronavírus é desconhecido em muitos aspectos. Além de não haver uma vacina dedicada ao Sars-CoV-2, não se sabe, por enquanto, se uma pessoa que foi infectada e se recuperou adquire imunidade – nem por quanto tempo a imunidade poderia durar. Além disso, Tedros Adhanom Ghebreyesus, líder da Organização Mundial da Saúde, alerta: a covid-19 é 10 vezes mais mortal que a H1N1.
A informação divulgada leva em conta que o número de casos no mundo está se encaminhando rapidamente aos 2 milhões, incluindo as mais de 119 mil mortes decorrentes da infecção. “Em alguns países, o número dobra em três ou quatro dias. Um dos aspectos principais da doença é que ela acelera muito rápido e desacelera bem mais devagar”.
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(Fonte: Pixabay)
Em 2009, a H1N1, muito comparada à covid-19, infectou mais de 60 milhões de pessoas nos Estados Unidos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, matando cerca de 12,5 mil pessoas em um ano no país. Na pandemia atual, por lá, mais de 570 mil pessoas já foram diagnosticadas com infecção por coronavírus – atingindo praticamente o dobro de mortos em um período muito menor de tempo (chegando ao total de 22 mil vítimas fatais em 12/04).
Agora, o desafio é descobrir o destino dos mais de 440 mil indivíduos que superaram a doença no mundo. Eles estão realmente protegidos e aptos a retomar, aos poucos, as atividades normais? Mike Ryan, diretor executivo dos programas de emergência da OMS, é cauteloso: “Espera-se o desenvolvimento completo de resposta imunológica, com anticorpos detectáveis por um período de tempo, mas ainda não sabemos que período de tempo seria esse. É muito difícil de dizer quando se trata do novo coronavírus”.
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Vale lembrar que, como no caso de uma gripe comum, mutações do vírus podem ocorrer e novas vacinas teriam de ser desenvolvidas. Infelizmente, não há nem mesmo uma proteção inicial contra esse contágio. O isolamento, por enquanto, é a única maneira de frear a curva de contaminação e prevenir que sistemas de saúde entrem em colapso pela sobrecarga de pacientes.
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Segundo Maria Van Kerkhove, líder técnica do setor de doenças emergentes responsável pela covid-19, foi realizado um estudo preliminar de anticorpos presentes no plasma do sangue de 175 pacientes que se recuperaram da infecção na China. Os resultados, ainda não analisados por outros especialistas, foram muito variados.
“Por enquanto, não temos um cenário completo sobre como a imunidade funciona”, ressalta. “Não podemos dar uma resposta conclusiva”. Isso porque foram detectados diferentes níveis em diferentes pacientes. Alguns deles, por exemplo, apresentaram uma forte resposta de desenvolvimento de anticorpos. Por outro lado, isso nada quer dizer com imunidade em si – uma questão diferente. Ainda assim, houve pacientes que não apresentaram resposta alguma.
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Dada a complexidade do novo coronavírus, não está descartada a hipótese de que alguém já recuperado pode, sim, ser contaminado novamente. Além disso, caso não supere totalmente a condição e o vírus permaneça no corpo, é possível que a infecção volte a atacar.
Considerando que as contaminações vão continuar ocorrendo, é importante, de acordo com Tedros, manter o isolamento. Assim, o número de casos simultâneos será menor, permitindo que governos e entidades de saúde responsáveis se preparem para atender toda a população e, assim, evitem todas as mortes possíveis, sendo decorrentes da covid-19 ou de causas aleatórias pela falta de leitos e atendimento médico especializado.
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“O afrouxamento do isolamento só deve ocorrer se as medidas mais adequadas de saúde pública estiverem em vigor, incluindo o constante aprimoramento do rastreamento da doença”, aconselha. Ontem, no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou 23.430 casos e 1.328 mortes.
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