Lua apresenta sinais de atividade tectônica recente

09/05/2020 às 12:302 min de leitura

A poeira lunar foi um inconveniente para os astronautas do projeto Apollo: grudava em tudo. No entanto, foi esse pó fino, chamado regolito, que forneceu a pista para que astrônomos concluíssem que a Lua não é tão "plácida e quieta" como aparenta.

Moído há bilhões de anos pelo impacto de meteoritos grandes e pequenos que caem na Lua, o regolito cobre quase todo o satélite — áreas com rochas expostas são muito raras. Porém, o Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, detectou estranhos pontos nus dentro e ao redor dos maria lunarium (ou mares lunares): as grandes manchas escuras na superfície do satélite.

Segundo a pesquisa liderada pelo estudante de pós-graduação Adomas Valantinas, da Universidade de Berna, o mistério repousa em cordilheiras cujos cumes limpos parecem ser "a evidência de processos tectônicos ativos". Estes seriam causados pelo impacto de um planeta-anão que deformou a Lua e quase a destruiu, há 4,3 bilhões de anos.

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Áreas sem a onipresente poeira lunar

"Impactos gigantescos têm efeitos duradouros. A Lua tem uma memória longa. O que estamos vendo hoje na superfície é um testemunho de segredos que ela ainda guarda”, explicou o astrônomo Peter Schultz, professor do Departamento de Ciências Ambientais e Planetárias da Terra da Universidade Brown e coautor da pesquisa.

Para o estudo, Valantinas (que é aluno visitante na Brown) mediu a temperatura da superfície lunar usando as observações noturnas do Diviner — o radiômetro infravermelho a bordo do LRO. Isso forneceu um mapa com mais de 500 áreas de rochas expostas e revelou que, durante a noite lunar, elas retêm mais calor do que as superfícies cobertas de regolito.

A análise em infravermelho (acima, à esquerda) revelou onde o regolito está ausente.A análise em infravermelho (acima, à esquerda) revelou onde o regolito está ausente.

"O cume dessas montanhas ficará assim por pouco tempo, já que o regolito está constantemente se acumulando na superfície. Pedras nuas exigem uma explicação de como e por que estão expostas”, diz Schultz que, junto com Valantinas, encontrou uma correlação interessante entre os dados coletados pelo Diviner e outra missão lunar.

Superfície e profundezas alinhadas

A Gravity Recovery and Interior Laboratory (GRAIL) foi uma missão americana da NASA que mapeou a Lua interna e externamente, revelando uma rede de fissuras que serviam como canais para o magma fluir à superfície e formar profundas intrusões (uma rocha ígnea que se cristaliza no interior da crosta). A dupla de pesquisadores apontou o alinhamento quase perfeito das cordilheiras com as intrusões reveladas pelo GRAIL. 

A missão GRAIL revelou atividade tectônica antiga sob a superfície lunarA missão GRAIL revelou atividade tectônica antiga sob a superfície lunar.

Para a dupla de pesquisadores, as montanhas ainda estão se erguendo do solo lunar: a crosta do satélite se rompe, e o regolito escorrega pelas fendas deixando os blocos expostos. 

“Como tudo na Lua é coberto rapidamente, isso ainda deve estar acontecendo”, explica Schutz. Esse especialista em Geologia planetária e crateras de impacto refere-se ao processo como Sistema Tectônico Próximo Ativo (ANTS), ativado pela colisão da Lua com o planeta-anão.

O choque foi tão poderoso que esmigalhou internamente o lado oposto do satélite (aquele voltado para a Terra). O espaço vazio foi preenchido por magma, formando o padrão revelado pelo GRAIL. “As cordilheiras estão respondendo hoje ao que aconteceu há 4,3 bilhões de anos", concluiu Schultz.

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Lua apresenta sinais de atividade tectônica recente via TecMundo

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