NASA usa laser em satélites para medir perda do gelo nos polos

14/05/2020 às 02:302 min de leitura

Enquanto pelo mundo se discute se a Terra é plana, vacinas são parte de uma conspiração da indústria farmacêutica e a crise do clima é uma trama globalista, a ciência continua a reunir informações de quanto gelo uma atmosfera cada vez mais quente já fez desaparecer – e muito do que se sabe é graças aos satélites da NASA ICESat e seu sucessor, o ICESat-2.

Os dados, como era de se esperar, não são animadores. O encolhimento da calota do Ártico chegou à Groenlândia: sua camada de gelo está perdendo cerca de 200 gigatoneladas de gelo por ano (uma gigatonelada pode encher 400 mil piscinas olímpicas, segundo a NASA). Até mesmo a Antártida, aparentemente ainda imune ao aquecimento global, está vendo 118 gigatoneladas de gelo virarem água a cada ano.

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O ciclo é cruel: os lagos de água derretida absorvem mais luz solar do que o gelo branco, e isso causa mais aquecimento e leva a mais gelo derretido.

A água derretida das calotas captura calor, acelerando o processo.A água derretida das calotas captura calor, acelerando o processo.

A perda combinada de gelo da Groenlândia e da Antártida (os dois maiores depósitos de água doce do planeta) elevou o nível do mar em 14 milímetros, entre 2003 e 2019. 

A geleira de Sukkertoppen, na Groenlândia, em 1935 (acima) e 2013 (abaixo).A geleira de Sukkertoppen, na Groenlândia, em 1935 (acima) e 2013 (abaixo).

Centímetros captados do céu

Para os pesquisadores chegarem a esses números, foram usadas as medições feitas pelos dois satélites, sobrepondo os dados coletados em dezenas de milhões de pontos diferentes pelo ICESat entre 2003 e 2009 e pelo ICESat-2 em 2019. Comparando os dois conjuntos de informações, foi possível avaliar os danos causados na cobertura de gelo das duas localidades.

"Se você observar uma geleira por um mês ou um ano, não aprenderá muito sobre o que o clima está afetando-a. Agora, temos 16 anos de dados consolidados; isso nos traz mais certeza de que o que está acontecendo com as camadas de gelo têm a ver com as mudanças de longo prazo no clima", explicou o pesquisador da Universidade de Washington e principal autor do estudo. o geofísico e glaciologista Ben Smith.

O uso dos dois satélites, equipados com altímetros a laser, foi crucial para a medição precisa da densidade e da massa das camadas de gelo. O ICESat-2, mais sofisticado que seu antecessor, envia dez mil pulsos de luz por segundo para a superfície terrestre. De volta ao satélite, eles registram mudanças na escala de uma polegada (ou 2,54 cm).

"A nova análise revela a resposta dos mantos de gelo às mudanças no clima com detalhes sem precedentes", disse o glaciologista do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA Alex Gardner, coautor do estudo.

Engolidos pelo mar

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que o nível do mar subiu 120 metros depois da última era glacial da Terra, há 21 mil anos, até estabilizar-se. A Revolução Industrial mudou novamente esse quadro, quando as emissões de CO2 dispararam; o nível do mar, então, voltou a subir.

Um estudo divulgado pela Nature Communications (revista científica revisada por pares e publicada pela Nature Research desde 2010) revela que, a partir de 2050, áreas habitadas hoje por cerca de 300 milhões de pessoas serão inundadas anualmente.

NASA usa laser em satélites para medir perda do gelo nos polos via TecMundo

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