Ciência
19/06/2020 às 05:30•2 min de leitura
Você já ouviu falar de uma cidade chamada Centralia, localizada na Pensilvânia, nos Estados Unidos? Trata-se de um município com menos de 10 habitantes (isso mesmo, dez) que sequer possui código postal, portanto não o culpamos por não fazer ideia de que lugar é esse. No entanto, ela guarda algo interessante: esconde um “inferno” em seu subterrâneo, um incêndio que, até onde se sabe, teve início em 1962 e continua ardendo.
De acordo com Mark Mancini, do site How Stuff Works, ao contrário do que parece, o fogo não é assim tão misterioso, já que Centralia abriga uma mina de carvão. Aliás, nem se trata de um fenômeno muito raro, visto que incêndios semelhantes são registrados com frequência em outros afloramentos naturais do produto pelo mundo, como China e Índia. Inclusive, existe um na Austrália que, segundo estimativas, está queimando há 6 mil anos.
Pesquisadores acreditam que um dos fatores que contribuíram para que o incêndio em Centralia tivesse início foi que, após a mina ser explorada, quem quer que estivesse ali extraindo carvão não tomou os devidos cuidados para preencher o vazio deixado pela remoção de material, propiciando desmoronamentos — que, por sua vez, podem ter dado origem a chamas.
Será que é quente?
Além disso, a decomposição da pirita, um mineral presente no carvão, produz calor e, em determinadas condições, pode ser que esse processo provoque a combustão espontânea do material. Embora a verdadeira origem do incêndio sob Centralia seja desconhecida — e possa ser até natural —, existem relatos de que o fogo começou em decorrência de uma queimada que deveria ter sido controlada em um aterro vizinho ao cemitério local.
Nos anos 1960, era comum que as autoridades se organizassem e ateassem fogo nos lixões para se livrar do excesso de resíduos. Só que, se os relatos estiverem corretos, a situação por ter fugido do controle, e as chamas se espalharam até chegar a uma das aberturas para a mina, onde foram tomando túneis e afloramentos de carvão.
Não é muito recomendado passear por lá...
Hoje, o fogo atingiu áreas a mais de 90 metros de profundidade. De acordo com medições conduzidas por cientistas, existem pontos onde as temperaturas ultrapassam 700 °C. Ao longo de mais de 6 décadas, o incêndio já afetou uma área de mais de 160 hectares. Sem falar que, basicamente, trata-se de carvão queimando, o que significa que o “inferno” está associado a uma variedade de impactos ambientais, como a liberação de gases, incluindo dióxido de carbono, metano e dióxido de enxofre, e partículas no ambiente.
Como se fosse pouco, o incêndio, além de causar o surgimento de fissuras por toda Centralia, por onde gases e materiais são emitidos, tornou o solo perigosamente instável, propenso a ceder e a “engolir” construções, ruas e estradas. Já pensou ser tragado pela terra e torrado por suas entranhas? O pior é que foram investidos milhões de dólares e desenvolvidas várias estratégias para tentar extinguir as chamas sem sucesso, e as estimativas apontam que elas podem seguir ativas pelos próximos 100 anos, pelo menos.
“Inferno” arde sob cidade condenada nos EUA há quase 60 anos via TecMundo