Mistérios
20/07/2020 às 04:30•2 min de leitura
Um trabalho desenvolvido por Jeff Schlegelmilch, diretor do Centro Nacional de Preparação para Desastres, da Universidade de Columbia, explora grandes fenômenos que poderiam levar ao fim do mundo. Na abordagem, publicada no livro Rethinking Readiness: a brief guide to twenty-first-century megadisasters, eles são descritos como de dimensões tão massivas que seriam capazes de destruir os próprios sistemas projetados para a solução desse tipo de problema.
Em entrevista ao blog do Instituto Terra da universidade, o autor dividiu os riscos explorados na pesquisa em cinco categorias: mudança climática; ameaças cibernéticas; era nuclear; falhas críticas de infraestrutura (como redes elétricas); e perigos biológicos (inclusive pandemias).
“Acredito sinceramente que os megadesastres potenciais são produtos de uma trajetória de desenvolvimento insustentável, através do qual o crescimento é priorizado em vez da resiliência”, disse Schlegelmilch. O pesquisador ainda ressaltou que no processo de desenvolvimento da sociedade crescem os riscos de desastres em larga escala, como é o caso das mudanças climáticas.
Capa do livro de Schlegelmilch
“Estamos bombeando poluentes para a atmosfera a taxas sem precedentes, levando a eventos climáticos mais extremos. Outros desastres, como pandemias, têm componentes em que o desenvolvimento social aumenta a ameaça e a nossa vulnerabilidade”, comentou.
Segundo ele, esse sistema de transformações, torna mais complexo o planejamento para enfrentar desastres. Assim, o aprendizado via observações e pesquisas deve ser constante, pois algo elaborado no passado pode não ser suficiente para um problema futuro. “Podemos ver isso através de mais eventos climáticos que necessitam de bilhões de investimentos e gastos como resposta para suas recuperações”, destacou.
Ao ser questionado se o coronavírus se qualifica nessa classificação, Schlegelmilch afirmou que certamente terá um grande impacto na sociedade global. Contudo, apesar de a situação ter ficado fora de controle muito rapidamente, as consequências poderiam ter sido muito piores em comparação com outras pandemias, como a peste bubônica e a gripe de 1918.
Pandemias também são parte de possíveis desastres.
“Ela [pandemia do coronavírus] é horrível e deixará cicatrizes em nossa sociedade por gerações. Porém, ainda temos o poder de mitigar os impactos e criar sistemas mais resilientes para futuras pandemias. Então, reluto em colocá-la na mesma categoria do que outras. Ainda temos tempo para reduzir os impactos, se formos holísticos em nossa perspectiva e colaborativos em nossas abordagens”, destacou.
“Você não resolverá esses cenários concentrando-se em apenas um [aspecto]. E nenhum desses cenários ocorre isoladamente dos outros. Precisamos promover recursos que se apliquem a vários contextos e que possam responder à incerteza que temos pela frente”, completou.
Conflitos nuclares também foram indicados.
O autor também falou sobre a percepção popular de que a ameaça de aniquilação nuclear desapareceu após o colapso da União Soviética. Ele destacou que isso apenas mudou de forma e criou novas rivalidades entre Rússia, Estados Unidos e China. Outro ponto dito foi que o “surgimento de potências nucleares adicionais aumentaram o potencial de conflitos e terrorismo nuclear”.
“O uso de armas nucleares pode ser mais provável do que nunca, mas também é muito mais passível de sobrevivência do que no auge da Guerra Fria. Em vez dos vastos arsenais globais de superpotências do passado, as ameaças hoje são mais sutis. Não é uma causa perdida pensar na vida após um conflito nuclear, com o tipo certo de preparação”, finalizou.
Cientista descreve cenários catastróficos para o fim do mundo via TecMundo