Ciência
08/09/2020 às 10:00•2 min de leitura
Há alguns anos, nós apresentamos para você o pássaro-lira, um pequeno animal nativo da Austrália (só podia ser de lá...) que é capaz de imitar praticamente qualquer som, da natureza ou não — o bicho faz até barulho de alarme de carro e de câmera fotográfica! Você ainda pode conferir a matéria, com vídeos das melhores imitações do pássaro-lira.
Pois bem: esse talento para a imitação já era conhecido há algum tempo — era a coisa que mais se comentava sobre essa espécie, na verdade. Mas, agora, a gente tem outro fato tão interessante quanto esse para comentar sobre esse pássaro.
Ok, talvez seja mais interessante, para a gente, ver o pássaro fazendo barulho de alarme ou de câmera... Mas esse novo fato, publicado recentemente no jornal científico Ecological Applications, é bem mais importante para a natureza: o pássaro-lira é o maior movimentador de solo entre todas as espécies de animais.
Essa espécie é quase uma patrola, que movimenta e terraplana os solos do leste da Austrália, região de onde é nativo.
Segundo os pesquisadores da La Trobe University, que observaram a espécie durante dois anos, os pássaros-lira moveram 155 toneladas de terra e folhas por hectare ao ano — o equivalente a 11 caminhões de entulho, bastante coisa para um bicho que pesa menos de um quilo. Eles fazem isso enquanto estão procurando por comida, no chão.
Este pássaro, que pesa menos de um quilo, movimenta mais terra que qualquer animal na natureza. (Fonte: Wikimedia Commons)
Os cientistas explicam que essa atividade é essencial para todo o ecossistema das florestas australianas, desde as comunidades de invertebrados que vivem no solo remexido, até os ciclos de nutrientes que influenciam no crescimento das plantas. Isso influencia, até mesmo, como as florestas se recuperam de incêndios — um problema que atingiu severamente a Austrália, nos últimos anos.
Desse modo, o artigo afirma que a preservação dessa espécie é indispensável para a manutenção do ecossistema do país. "Sem o pássaro-lira, as florestas da Austrália seriam lugares completamente diferentes, com impactos que vão muito além da ausência de seu glorioso canto ou das imitações de sons de câmera", afirmou Alex Maisey, líder da equipe de pesquisadores, em nota.