Ciência
14/09/2020 às 06:00•2 min de leitura
Quando se fala de sangue, mortes e olhos arrancados, a ideia que se forma é de um filme de terror, mas isso é mais uma disputa territorial para os pica-paus-das-bolotas.
Essas batalhas costumam ser bastante agressivas no reino animal, mas quando se trata desses animais, as lutas são tão mortais que rendem até plateia. Essas são as conclusões de um estudo publicado no Current Biology.
Quando aparece uma vaga em um território promissor, a guerra entre bandos rivais de pica-paus tem início. Para se ter ideia, essas disputas territoriais podem envolver 40 ou mais pássaros e durar dias.
Os eventos chamam tanto a atenção que alguns pica-paus deixam até mesmo o próprio território abandonado para assistir a briga.
Os territórios disputados são as árvores em que esses animais armazenam bolotas (servindo de "celeiro", por assim dizer). A luta tem uma forte motivação: uma árvore como essa pode significar a salvação em tempos difíceis.
A pesquisa foi direcionada para a população de pica-paus-das-bolotas que vive em Carmel Valley, na Califórnia. "Na Califórnia especialmente, os celeiros de bolota são essenciais para sua sobrevivência durante o inverno," explica o biólogo aviário Sashas Barve, um dos autores do artigo, em entrevista ao Popsci.
Isso acontece porque os insetos voadores que são a principal comida do pica-pau desaparecem no inverno e a alimentação se volta para as nozes armazenadas nas árvores.
Entre 2018 e 2019, os pesquisadores observaram 36 pássaros em disputas territoriais. As lutas são tão intensas que muitos guerreiros têm os olhos arrancados ou morrem pelos ferimentos.
Para ver o espetáculo de camarote por volta de uma hora por dia, outros pica-paus viajam longas distâncias. Alguns deles já têm posições garantidas nos próprios territórios, então ainda não se sabe ao certo o motivo de fazerem isso.
Uma possibilidade é que esses pica-paus estejam ali para ficar de olho na dinâmica do grupo. "Parece que essas lutas pelo poder são fontes realmente importantes de informações sociais" explica Sashas Barve. Seja como for, é uma briga para ficar longe enquanto puder.