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16/09/2020 às 04:00•2 min de leitura
Os potes de cerâmica são a chave para o entendimento da história da culinária, indicou uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia (UC), nos Estados Unidos.
De acordo com os pesquisadores, receitas antigas, como o peru asteca ou o pozole mexicano, podem ser reconstruídas através da análise dos compostos químicos absorvidos pelo barro dos utensílios de cozinha criados no passado da América do Sul.
A pesquisa não só oferece uma nova visão sobre ingredientes e receitas, mas também traz um novo elemento de estudo nas esferas sociais, políticas e ambientais de comunidades antigas.
(Fonte: Pixabay)
Durante o período de um ano, a coautora do estudo Melanie Miller e a arqueologista Christine Hastorf convidaram sete chefs para preparar uma série de refeições utilizando potes de cerâmica La Chamba recém adquiridos.
Essas enormes panelas pretas de argila são utensílios populares na cultura sul-americana e são utilizadas até hoje para cozinhar pratos tradicionais. Entre os ingredientes disponibilizados para os cozinheiros estavam: carne de veado, milho e outros grãos.
Segundo Hastorf, a composição de alimentos foi escolhida justamente por ser uma variedade encontrada pelo mundo todo e pela facilidade de identificar os compostos químicos de cada um deles. A equipe de pesquisa pretendia analisar se os potes armazenavam apenas a última refeição cozinhada ou se trazia consigo sabores ainda mais antigos.
Por fim, cada mestre-cuca pode preparar oito pratos diferentes que replicariam a carbonização dos resíduos encontrados pelos arqueólogos nesse tipo de cerâmica. Entre cada refeição, os potes foram limpos usando água e ramos de macieira.
(Fonte: Melanie Miller)
De maneira geral, o estudo concluiu que o período de confecção de cada prato pode ser identificado através dos diferentes resíduos existentes na análise química.
Por exemplo, os restos carbonizados no fundo do pote de cerâmica eram derivados da última refeição preparada na utensílio, enquanto os resíduos de receitas anteriores poderiam ser encontrados na pátina (oxidação natural) formada em seu interior.
"Nós abrimos a porta para que outros pesquisadores atinjam o próximo nível e estendam ainda mais a linha do tempo no qual um resíduo alimentar pode ser identificado", afirmou Miller.
A pesquisadora crê que o experimento é uma nova ferramenta para desvendar dietas ancestrais e dar dicas sobre como funcionava a produção, o fornecimento e a distribuição das cadeias alimentícias de eras passadas.