Bactérias podem explicar como animais se orientam por magnetismo

18/09/2020 às 05:002 min de leitura

Enquanto nós, humanos, precisamos de mapas, bússolas e GPS para nos orientarmos pelo planeta (e, mesmo assim, nos perdemos com frequência...), algumas espécies de animais têm um dispositivo interno "de série" para saberem sempre onde fica o norte. Muitos tipos de tartarugas, por exemplo, conseguem voltar para a mesmíssima praia onde deixaram seus ovos, depois de nadarem pelos sete mares. Como?

Essa é uma pergunta que os cientistas tentam responder há décadas, como explica o comunicado à imprensa da University of Central Florida (Estados Unidos) sobre sua nova descoberta. Segundo um estudo realizado por pesquisadores da instituição e publicado recentemente por um periódico científico da Royal Society, a explicação para o "sexto sentido" magnético de alguns animais pode ser uma bactéria.

Tartarugas sempre voltam à praia onde deixaram seus ovos, graças ao magnetismo (Fonte: Unsplash)Tartarugas sempre voltam à praia onde deixaram seus ovos, graças ao magnetismo (Fonte: Unsplash)

Navegação por BPS

Isso mesmo: em vez de um GPS, os animais têm um BPS — Bacteria Positioning System. A ideia é que os animais que se orientam pelo campo magnético da terra não têm esse sentido dentro de seus próprios organismos, mas o adquirem por causa de uma relação simbiótica com microorganismos que vivem dentro deles. 

Esses microorganismos são as bactérias magnotáticas, que são como "imãs da natureza", pois possuem substâncias magnéticas em suas células. Existem diversas espécies delas e algumas foram encontradas em amostras de animais que se orientam pelo campo magnético: a bactéria Candidatus Magnetobacterium bavaricum vive em pinguins e tartarugas, enquanto suas "parentas" dos gêneros Magnetospirillum e Magnetococcus foram encontradas em morcegos e baleias. 

"O quê? Tem uma bactéria magnética dentro de mim?" (Fonte: Unsplash)"O quê? Tem uma bactéria magnética dentro de mim?" (Fonte: Unsplash)

Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu...

Não é de hoje que os cientistas querem descobrir como os animais conseguem viajar o mundo inteiro com seu GPS (ou BPS) integrado. "A procura por um mecanismo foi proposta como uma das últimas grandes fronteiras na biologia sensorial e descrita como se estivéssemos procurando por uma agulha em um palheiro", explicou, em nota, o professor Robert Fitak, da University of Central Floridaque participou do estudo.

Para chegar a essa descoberta, o professor Fitak — junto com pesquisadores britânicos e israelenses —, revisou diversos estudos prévios sobre o assunto e analisou uma base de dados gigantesca sobre micróbios para saber se algum deles estava presente nas amostras dos animais. Ele, então, explica que os outros estudos anteriores procuravam grandes padrões de presença ou ausência de bactérias — não por tipos específicos — e por isso não encontravam uma resposta. Agora o professor Fitak encontrou. 

"A presença dessas bactérias magnetotáticas passou bastante despercebida em meio à grande escala desses conjuntos de dados", afirmou ele. A partir de agora, os cientistas querem entender melhor como funciona essa relação entre as bactérias e os animais — onde elas ficam alojadas, por exemplo. 

Essas descobertas podem ajudar a entender como os humanos podem usar o campo magnético da Terra para suas necessidades e ajudar a desenvolver terapias que usem o magnetismo para processar substâncias no organismo. 

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