Estilo de vida
11/10/2020 às 02:00•2 min de leitura
Livre da União Europeia, o Reino Unido quer de volta sua cadeira no clube dos exploradores espaciais, seja enviando satélites para a órbita da Terra, seja financiando um projeto inovador que solucionaria a eterna equação combustível x peso da nave: foguetes autofágicos.
“O Brexit forneceu um estímulo real para nos fazer pensar sobre o que de fato precisamos como país na exploração espacial”, disse em entrevista o presidente-executivo da Agência Espacial do Reino Unido, Graham Turnock.
Para lançar foguetes e satélites, uma área do Cornwall Airport Newquay, o principal aeroporto comercial da Cornualha, está recebendo £ 22 milhões (US$ 28 milhões) em investimentos. Vale mencionar que outros locais com potencial também estão sendo adaptados, como um na costa norte da Escócia.
Desde sempre engajado em projetos europeus e americanos, o programa espacial britânico jamais foi uma realidade – pelo menos, não depois de 1971, com o Black Arrow. Esse era o nome do foguete desenvolvido ao longo dos anos 1960 pelo programa espacial britânico e que subiu apenas quatro vezes ao céu, entre 1969 e 1971 – a última vez, carregando o primeiro e, até agora, único satélite de fabricação nacional, o Prospero. Altamente dispendioso para tão poucos resultados, o programa acabou cancelado.
O foguete Black Arrow ganhou o apelido de Lipstick (batom) Rocket.
Por isso, foi com entusiasmo redobrado que empresários do ramo receberam a notícia de que o governo havia comprado 45% da OneWeb, uma operadora de satélite em concordata, por £ 500 milhões (US$ 647 milhões).
Mesmo ruim das pernas, a empresa era uma principais protagonistas do mais competitivo segmento do mercado aeroespacial: as chamadas constelações de satélites, lançadas na órbita baixa da Terra para fornecer internet banda larga a regiões remotas.
Hoje, os satélites da empresa são construídos na Flórida, por conta de uma parceria com a americana Airbus, mas o que se espera é que, no futuro, eles saiam de uma fábrica em solo britânico.
Ainda pequeno, o time espacial britânico conta com pelo menos um jogador de conta bancária grande e ousadia idem – o milionário Richard Branson e a Virgin Orbit.
O Cosmic Girl com o foguete que levará satélites para a órbita da Terra.
A empresa usará um Boing 747 modificado (o Cosmic Girl) para levar à estratosfera da Terra, em 2 anos, o LaucherOne, cuja carga de satélites será posta na órbita baixa. O avião e outros equipamentos em teste estão no Deserto de Mojave, nos EUA; Branson pretende repatriar tudo com £ 7,35 milhões (US$ 9,51 milhões) de ajuda da Agência Espacial do Reino Unido.
Neste ano, o orçamento espacial é de £ 556 milhões (quase US$ 720 milhões), um aumento de 10% em relação ao de 2019, mas ainda muito pouco perto dos mais de US$ 22 bilhões da NASA.
Mesmo assim, o governo está investindo em projetos revolucionários, como um motor que se autoconsome a caminho da órbita do planeta. O projeto, da Universidade de Glasgow, tem um “conceito simples: queimar os tanques também”, explicou o engenheiro aeronauta Patrick Harkness.
Segundo ele, “o corpo do foguete será um tubo de combustível sólido. Toda a montagem será consumida, de baixo para cima, por um motor que vaporizará o tubo de combustível, adicionará um oxidante e queimará a mistura para criar empuxo. O motor terá consumido todo o corpo do foguete no momento em que atingir a órbita; só restará a carga útil”.
Reino Unido quer assento no clube dos exploradores espaciais via TecMundo