Ciência
23/12/2020 às 03:00•2 min de leitura
Um artigo publicado na revista científica Frontiers in Marine Science faz uma séria denúncia e pede providências à Organização das Nações Unidas (ONU) para remover a carga de um navio parado no Mar Vermelho, que contém milhões de litros de petróleo, que estão começando a vazar.
Escrito por uma equipe de pesquisadores internacionais, liderados por Karine Kleinhaus, professora da Universidade Stony Brook, em Nova Iorque, o artigo demonstra, a partir de um modelo de computador, a forma como o óleo se dispersaria de forma ampla, em um caso de derramamento, e como a situação se agravaria se isso ocorresse no inverno, devido às correntes.
Ironicamente, o petroleiro é conhecido como Safer (o mais seguro) e tem 362 metros de comprimento e comporta 1 milhão de barris de petróleo, o equivalente a 42 milhões de galões ou 159 milhões de litros, em seus 34 tanques. Uma empresa petrolífera iemenita é proprietária do navio que demanda manutenções constantes, mesmo em tempos normais.
Com a guerra civil do Iêmen, que já dura seis anos, a empresa de manutenção não conseguiu fazer os reparos necessários no navio. Com isso, o Safer está abandonado e enferrujado próximo ao porto de Al Hudaydah, a quarta maior cidade do país. Atualmente, há óleo vazando na água ao redor do navio, e existe risco de um enorme vazamento, de acordo com o artigo publicado.
Conforme Kleinhaus, que é médica e bióloga marinha, “agora é a hora de evitar uma possível devastação nas águas da região e nos meios de subsistência e saúde de milhões de pessoas que vivem em meia dúzia de países ao longo da costa do Mar Vermelho”.
Ela se refere às possíveis consequências ambientais que teria um grande derramamento do navio-tanque nas vidas dos habitantes dos países que fazem fronteira com esse golfo do Oceano Índico. Além disso, o Mar Vermelho é o lar dos recifes de coral mais resistentes às mudanças climáticas do planeta.
Segundo o The New York Times, a ONU declarou, no dia 24 de novembro, que o grupo rebelde Houthi, que controla o porto de Al Hudaydah, deu permissão para que o organismo internacional possa inspecionar e consertar o navio-tanque.