Estilo de vida
16/02/2021 às 12:00•2 min de leitura
Após a análise de imagens capturadas abaixo da plataforma de gelo Filchner-Ronne, no sudeste do mar de Weddell, no oceano Antártico, cientistas da Universidade de Cambridge encontraram uma série de animais esponjosos desconhecidos agarrados a uma rocha localizada a 900 metros de profundidade.
A expedição na Antártica começou em 2016, quando uma equipe de geólogos viajou para o local para coletar amostras de sedimentos do fundo do oceano, de forma a observar os ecossistemas das plataformas de gelo. Para conseguir documentar o estudo, eles instalaram uma câmera GoPro logo após perfurarem quase um quilômetro de geleira, registrando em vídeo a parte inferior da plataforma. Porém, uma volumosa pedra acabou atrapalhando o processo, resultando na interrupção das atividades.
O material foi levado, então, para a Universidade de Cambridge e ficou sob a supervisão de Huw Griffiths, biogeógrafo marinho da Pesquisa Antártica Britânica, que logo identificou vida nas imagens — comunidades de esponjas e outros filtradores que estavam acoplados a uma enorme rocha cinzenta. “É como encontrar um pedaço de floresta tropical no meio do Saara”, disse Griffiths. “É o lugar errado para aquela coisa. Essa descoberta vai contra o que esperávamos ver até agora sob as plataformas de gelo”.
O vídeo impressionou bastante os pesquisadores, chamando atenção especialmente devido às condições inóspitas do território antártico, com temperaturas bem abaixo de zero e picos de -2,2?°C, além de estar imerso em uma escuridão profunda. “Isso está nos mostrando que a vida é mais resiliente e robusta do que poderíamos esperar, podendo aturar essas condições”, esclareceu o biogeógrafo.
Segundo os cientistas, o aparecimento das criaturas esponjosas é um grande mistério para a ciência, principalmente por estarem localizadas a cerca de 260 quilômetros de distância do oceano aberto, onde há maior concentração de alimento, e entre 600 a 1.500 quilômetros de distância de fitoplâncton fresco. Além disso, os animais estavam em uma profundidade muito abaixo de quaisquer fontes de sol, em uma área de fortes correntes oceânicas.
Atualmente, os estudos sobre as imagens continuam a todo vapor, na tentativa de ajudar os pesquisadores a descobrirem como funciona a alimentação e metabolismo de tais esponjas e se há mais comunidades de vida desconhecida sob o gelo antártico.