Estilo de vida
08/03/2021 às 04:30•2 min de leitura
Cientistas da Universidade de Shandong, na China, conseguiram registrar de forma inédita a presença de um furacão espacial localizado na atmosfera superior do Polo Norte. O fenômeno de plasma possuía dimensão de mil quilômetros de largura e girou em sentido anti-horário por cerca de 8 horas ininterruptas, de acordo com um estudo publicado no Nature Communications em 22 de fevereiro.
O furacão espacial foi identificado após uma série de observações de imagens de quatro satélites meteorológicos fornecidas em agosto de 2014, que colaboraram para a criação de um modelo 3D com vários braços espirais plasmáticos e um núcleo solitário, onde é possível identificar a chuva de elétrons e outros detalhes impressionantes do evento.
"Até agora, era incerto que furacões de plasma espacial existissem, então provar isso com uma observação tão impressionante é incrível," disse Mike Lockwood, cientista da Universidade de Reading e coautor do estudo. "Tempestades tropicais estão associadas a grandes quantidades de energia, e esses furacões espaciais devem ser criados por uma transferência extraordinariamente grande e rápida de energia eólica solar e partículas carregadas para a atmosfera superior da Terra”.
(Fonte: Qing-He Zhang - Universidade de Shandong / Reprodução)
De acordo com o professor Qing-He Zhang, principal autor da pesquisa, “essas características também indicam que o furacão espacial leva a uma grande e rápida deposição de energia e fluxo na ionosfera polar durante uma condição geomagnética extremamente silenciosa”, funcionando como um mecanismo semelhante ao que ocorre com as tempestades tropicais, também conhecidas como "supertempestades".
Anteriormente, registros sobre o fenômeno foram identificados em Marte, Saturno e Júpiter, mas apenas em baixa atmosfera. Com a descoberta inédita de sua ocorrência na atmosfera superior, tudo indica que o furacão espacial deve ser bastante comum nos planetas observados, visto que as conclusões alcançadas pelos cientistas sugerem que o aparecimento do evento está diretamente relacionado com a existência de escudo magnético e plasma na atmosfera de um planeta.
Para o professor Zhang, a descoberta se mostra com um valor inestimável para a compreensão da relação magnetosgera-ionoesfera em condições geomagnéticas silenciosas. "O furacão espacial levará a importantes efeitos do clima espacial, como o aumento da resistência de satélites, distúrbios nas comunicações de rádio de alta frequência (HF) e o aumento dos erros na localização de radares além do horizonte (Over-the-horizon radar), navegação por satélite e sistemas de comunicação", conclui.