Ciência
30/04/2021 às 07:00•2 min de leitura
Um fenômeno que vem se multiplicando na maior região agrícola da Turquia tem deixado as autoridades do país em estado de alerta e muitas famílias de agricultores, apavoradas: centenas de crateras profundas têm surgido do solo durante a estação da seca, engolindo parte das colheitas e se aproximando perigosamente de áreas residenciais.
Fonte: Volkan Nakipoglu/Getty Images
Conhecida como celeiro da Turquia ou “silo verde”, a província de Konya tem uma das maiores plantações de trigo do mundo, que se estendem por um imenso “mar” verde por todas as direções da gigantesca planície. Embora continue sendo a maior fonte de grãos do país, Konya sofre com uma seca constante que, com o passar dos anos, tem causado o surgimento desses sumidouros.
A eclosão repentina de buracos com dezenas de metros de largura e até 150 metros de profundidade tem se acelerado neste ano. Nos quatro primeiros meses de 2021, já surgiram mais crateras do que no ano passado inteiro e, aparentemente, trata-se de um problema gerado pelo homem, e não um fenômeno geológico como se pensava.
Daily Sabah/Reprodução
O diretor do Centro de Pesquisa de Poços da Universidade Técnica da Turquia, professor Fetullah Arik, explicou ao site Oddity Central que esses sumidouros são um fenômeno relativamente novo no país, observado nos últimos 10 a 15 anos, mas sua origem pode ser localizada na década de 1970.
Foi a partir daquela época que os fazendeiros começaram a recorrer às águas subterrâneas para irrigar as suas plantações à medida que as secas pioraram. Com a retirada das águas, as enormes cavernas secaram e acabaram desabando sob o peso do solo na superfície.
Segundo Arik, os agricultores têm buscado soluções para preencher os buracos, mas não há como preenchê-los uma vez que o vazio existente debaixo da terra é muito maior do que o visível a olho nu.
Hoje existem 660 crateras oficialmente registrada na província de Konya, quase o dobro das 350 registradas no ano passado. Apesar de não terem ainda causado nenhuma morte, esses sumidouros se aproximam de forma ameaçadora de assentamentos humanos. O que assusta é que os cientistas não conseguem prever onde ou quando eles ocorrerão.