Guano: o segredo trazido pelas fezes de morcego

30/05/2021 às 06:002 min de leitura

No campo da geologia, até mesmo as fezes de animais podem ser consideradas um importante objeto de estudo. Recentemente, um grupo de biólogos da Universidade de Ottawa, no Canadá, decidiu explorar um depósito de guano de morcego em uma caverna escondida na Jamaica visando descobrir respostas sobre o passado da região e das criaturas.

Guano é o nome dado para o estado das fezes de morcegos e aves quando estas se acumulam, que constantemente é utilizado como fertilizante por ser rico em nitrogênio e ser bastante útil para solos deficientes em matéria orgânica. Além disso, a extração desse material é algo bastante visado em ilhas do Oceano Pacífico.

Toca dos morcegos

(Fonte: Chris Grooms/Divulgação)(Fonte: Chris Grooms/Divulgação)

Ao que tudo indica, os morcegos se apropriaram de uma toca na região de Trelawny, na Jamaica, para estabelecer moradia há milhares de anos. Acredita-se que cerca de cinco mil criaturas, incluindo várias espécies, vivem lá agora, indo de um lado para o outro para se alimentar e também urinar em pesquisadores acampados perto da boca rochosa.

Durante esse tempo, a caverna acabou se transformando em um enorme banheiro para os morcegos e acumulando um odor muito forte. Como a matéria orgânica presente no local é tão impregnada de amônia, os pesquisadores precisam utilizar máscaras para se aventurar pela região.

Os pesquisadores trabalham constantemente na tentativa de coletar grandes quantidades de guano para análise. Apesar de poder ser encontrado em diversas condições, de maneira geral esse excremento foi descrito como "quente e pegajoso" e um tanto quanto desagradável.

Análise laboratorial

(Fonte: Bernard Dupont/Divulgação)(Fonte: Bernard Dupont/Divulgação)

Por mais estranho que pareça, a ciência pode aprender muito através das fezes. O cocô, especialmente de animais, pode ser bastante útil na tentativa de reconstruir a imagem de uma paisagem no passado. Para isso, a equipe precisou analisar as diferentes concentrações de isótopos e compostos presentes nos excrementos.

Como diferentes espécies de morcegos comem vários tipos de alimentos, desde insetos e pequenos mamíferos até néctar, frutas e sangue, os cientistas suspeitaram que o guano poderia ajudá-los a descobrir as dietas dos morcegos que ocuparam a caverna nos últimos 4.300 anos.

Os resultados laboratoriais indicaram que os morcegos comedores de frutas foram os principais habitantes da caverna entre 1000 a.C. e 500 a.C., e novamente entre 700 e 1900. Através dessas informações, os pesquisadores canadenses esperam poder continuar utilizando o guano para desenvolver mais estudos sobre as espécies de morcegos durante os próximos anos. 


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