Artes/cultura
30/08/2021 às 11:00•2 min de leitura
Em 2013, uma operação da Polícia Federal na região de Santos, litoral de São Paulo, conseguiu apreender um fóssil de pterossauro descoberto no Ceará. Agora, especialistas brasileiros divulgaram as descobertas sobre o achado arqueológico, um dos mais bem preservados e completos exemplares do gênero Tapejara já encontrados no Brasil.
(Fonte: Julius Csotonyi/Super Interessante/Reprodução)
Segundo o paleontólogo Victor Beccari (Universidade de São Paulo), principal autor da análise do fóssil chamado Tupandactylus navigans, a espécie já havia sido estudada e descrita em 2003. Porém, na época, os pesquisadores tinham apenas o crânio do bicho para as pesquisas. A descrição da nova espécie do réptil voador, feita por Beccari, foi publicada no periódico eletrônico Public Library of Science (PLOS), no último dia 25 de agosto.
Com esse exemplar, muita coisa nova foi descoberta. Conforme a descrição feita por Beccari e sua equipe, apesar de ser um animal alado essa espécie de pterossauro ficava a maior parte do tempo no chão.
Outro detalhe importante revelado pelo fóssil analisado pelos especialistas da USP é que a crista enorme, o tamanho das asas e sua proporção em relação aos membros inferiores, tornava muito difícil as chances do animal conseguir voar por longas distâncias.
O fóssil é formado por seis placas de pedra que, juntas, incluem crânio e esqueleto do bicho.
Segundo o paleontólogo, no lugar de um réptil com voo elegante e pouso imponente, a conclusão a que se chegou é de que o animal que viveu há mais de 100 milhões de anos era um tanto desengonçado.
A cabeça desse pterossauro era enorme, o pescoço bem comprido, a perna maior do que se pensava e as asas menores. Para Beccari, essas características indicam que o réptil evitava voar, a não ser para fugir de seus predadores, mesmo considerando os seus 3 metros de envergadura.
Representação artística de como teria sido o pterossauro descoberto no Nordeste.
Já a crista identificada nesse fóssil parece não ter nenhuma relação com a sua capacidade de voar, mas sim com a vida sexual, uma espécie de atrativo ou recurso para chamar a atenção das fêmeas.
Os fósseis mais antigos de pterossauros datam de 210 milhões de anos atrás. Até hoje, mais de 1 mil espécies foram estudadas e descritas. Esses animais se espalharam pelo planeta há cerca de 145 milhões de anos entre o período Triássico e Cretáceo, mas desapareceram a 66 milhões de anos.