Artes/cultura
04/10/2021 às 08:06•3 min de leitura
Em 20 de julho de 1969, após 14 anos de disputa entre a União Soviética e os Estados Unidos pelo poderio do espaço na Corrida Espacial, a NASA colocou um ponto final ao aterrissar com segurança a Apollo 11 na Lua, levando os astronautas Neil Armstrong (1930-2012) e Buzz Aldrin (1930-).
Até 1972, os EUA completaram 6 pousos tripulados em solo lunar, levando um total de 12 astronautas até o satélite natural da Terra. Então, de repente, o Programa Apollo simplesmente foi interrompido e descartado, e o ser humano nunca mais voltou a pisar na Lua. Por qual motivo?
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Depois que Armstrong fincou a bandeira estadunidense na superfície da Lua, o mundo imaginou que o próximo passo seria construir uma base lunar, e que a humanidade faria centenas de viagens exploratórias até o satélite. Mas não foi o que aconteceu.
Um artigo de 2019 da Ars Technica expressou bem: “Após vencer os soviéticos em 1969, não havia mais nada para provar”. A Corrida Espacial sempre teve relação com domínio e controle, do mundo e da tecnologia, e era só isso que os EUA, por exemplo, desejavam.
O então presidente John F. Kennedy (1917-1963) deixou isso claro ao declarar: “Tudo o que fazemos no espaço deve ser vinculado a chegar à Lua antes dos soviéticos”. A Guerra Fria estava em seu apogeu, e as vantagens tecnológicas e estratégias políticas eram as principais armas do momento.
(Fonte: Brasil Escola/Reprodução)
Essa guerra, em vez de ser combatida com tanques e tropas, aconteceu em laboratórios e centros de pesquisas, lançando cientistas e astronautas em um campo de batalha sem gravidade. Quando chegar na Lua não significava mais nada para o mundo, o senso de desperdício de recursos falou mais alto.
Além disso, os riscos políticos de voltar à Lua são considerados muito altos e só pioraram nas últimas décadas desde a última visita. Foram incontáveis os planos apresentados pelos presidentes que ocuparam o cargo na Casa Branca, bem como os projetos da NASA; porém, assim que os preços disparavam na folha de orçamento, os motivos de ainda não terem voltado ficavam claros.
(Fonte: National Geographic/Reprodução)
De acordo com a Real Clear Science, um smartphone atualmente é mil vezes mais poderoso do que o computador instalado na espaçonave Apollo 11, que pousou Armstrong com uma segurança duvidosa na Lua.
A atual tecnologia é vista como avançada em relação aos computadores da década de 1960, mas isso é apenas uma parte pequena do maquinário necessário para levar o ser humano para a Lua. Por outro lado, suas capacidades limitadas sempre foram intencionais, visto que precisavam ser extremamente eficientes para demandar pouca eletricidade.
Como apresentado em uma matéria da Forbes, além dos computadores, a maior parte da tecnologia usada em espaçonaves permanece essencialmente de última geração. Para chegar ao espaço, são necessárias naves que não precisem descartar seus módulos, despejando no mar um esforço de bilhões de dólares depois que alcançam o espaço. Para isso, ela teria que ser mais complexa ainda, o que demanda tempo e toneladas de dinheiro — mais uma vez.
(Fonte: HD Wallpaper
Além disso, apesar das 17 missões Apollo, um pouso lunar nunca foi feito para ser repetido. Como aponta a MIT Technology Review, o projeto original de pouso foi estabelecido durante uma corrida, então não foi criado para ser eficiente. Foram usados vários atalhos sempre que possível, e ninguém pensou em construir cadeias de abastecimento sustentáveis.
No final das contas, as únicas possibilidades que tornam o retorno à Lua viável são a exploração de hélio-3 (um elemento raro e finito), que poderia ser uma grande fonte de energia, ou se o satélite natural fosse um ponto de parada para viagens mais longas, como uma missão tripulada a Marte.
Para qualquer um desses empreendimentos fazer sentido, seria necessária uma base lunar que, segundo o Yahoo Finance, custa cerca de US$ 100 bilhões para ser construída, sendo que manter 4 astronautas nessa base custaria US$ 36 bilhões por ano.
Com esses preços, não é à toa que nenhum político queira seu nome associado a um empreendimento que pode ser catastrófico para a economia de qualquer país, sobretudo em tempos de tantas tensões.