Saúde/bem-estar
12/11/2021 às 11:00•2 min de leitura
Embora o feijão seja um dos elementos principais presentes diariamente no prato de comida dos brasileiros, o grão cada vez mais tem perdido espaço nas plantações dos agricultores pelo Brasil. O estado de São Paulo, por exemplo, que já chegou a ser um grande produtor de feijão, hoje tem cada vez mais plantações de soja.
Com o passar das décadas, o perfil das lavouras foi transformado completamente por diversos motivos, e o feijão foi sendo aos poucos esquecido. Mas quais são as principais razões para que o agronegócio brasileiro abandone o cultivo de um dos alimentos favoritos do mercado interno? Vamos entender melhor essa situação.
(Fonte: Pixabay)
Por volta do biênio de 2000 e 2001, a praga da mosca-branca passou a atingir as plantações de feijão com maior intensidade. Desde então, 1 das 2 safras cultivadas todos os anos pelos produtores acabou sendo completamente inviabilizada pelo país, sobretudo em São Paulo — logicamente causando grande déficit financeiro.
Além disso, grandes cadeias de commodities passaram a vigorar no Brasil. Com mercado internacionalizado e contratos futuros, a soja passou a ser muito mais atraente para os agricultores do que os gêneros básicos do feijão, que, resumidamente, são plantados para atender à demanda interna.
Por fim, a soja foi um dos grãos que recebeu muito investimento privado para que os grãos fossem mais resistentes e tivessem maior produtividade. Por esses motivos, a escolha dela em detrimento ao feijão se torna fácil para quem deseja ver o negócio expandir rapidamente.
(Fonte: Pixabay)
E, para quem pensa que apenas São Paulo tem seguido essa tendência, os números são muito parecidos em outras regiões do Brasil. Por exemplo, a área plantada do grão entre as safras de 1976/77 e 2020/21 encolheu 35% no país inteiro. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nós fomos de 4,9 milhões de hectares de plantações de feijão para 2,9 milhões de hectares em 44 anos.
Por mais que os grãos tenham ganhado em produtividade com o passar dos anos, isso não chega a compensar a área plantada, e o nível de produção é bastante similar ao de quatro décadas atrás — apesar de a população brasileira ter crescido consideravelmente nesse meio tempo. Outros grãos como o arroz apresentam histórico semelhante.
Por outro lado, a área de plantação de soja cresceu 460% nesse mesmo período. Dos 6,9 milhões de hectares cultivados em 1976/77, o Brasil agora tem cerca de 38,9 milhões de hectares de área plantada. O milho também quase dobrou, passando de 11,7 milhões de hectares para 19,9 milhões.
(Fonte: Pixabay)
Se a dieta-base dos brasileiros contém principalmente arroz e feijão, o preço do prato feito (PF) tem "doído" cada vez mais no bolso do consumidor. Com o mercado em baixa no agronegócio, esses produtos chegam às prateleiras com preços cada vez mais escandalosos e passam a contribuir para a fome no Brasil.
Segundo os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o recomendado é que um país tenha pelo menos 3 meses de estoque dos seus produtos básicos. Entretanto, a Conab demonstra que desde 2017 os estoques públicos de feijão no país estão basicamente zerados.
Isso faz que o Brasil dependa cada vez mais de importações, gerando uma conta alta que acaba sendo repassada diretamente ao consumidor. Sendo assim, enquanto as políticas de abastecimento não forem reformuladas para os próximos anos, o brasileiro deve continuar observando uma alta variação de preços.