Mistérios
08/02/2022 às 09:30•2 min de leitura
Não importa o que seu relógio lhe mostre, faltam 100 segundos para a meia-noite no Relógio do Juízo Final. De acordo com o Boletim dos Cientistas Atômicos, nunca estivemos tão próximos de um apocalipse.
Mas o que isso significa? O que é esse Relógio? E como os especialistas entendem os segundos dele?
O Boletim dos Cientistas Atômicos é uma organização sem fins lucrativos formada por acadêmicos e especialistas de várias áreas. Eles analisam quais consequências negativas surgem das medidas e ações humanas, por exemplo, os avanços tecnológicos, o clima, desenvolvimento de armas nucleares e muitos mais.
(Fonte: Thomas Gaulkin/ Bulletin of the Atomic Scientists)
Há 75 anos os integrantes do Boletim se reúnem anualmente para determinar quanto tempo, em teoria, temos para evitar que a humanidade sofra uma grande catástrofe que pode colocar sua existência em risco.
Desde que o Relógio do Juízo Final foi criado, os ponteiros já foram para frente e para trás, conforme medidas foram tomadas para lidar com os riscos que poderiam exterminar a civilização — como guerras nucleares e mudanças climáticas.
Em 2020, no entanto, os ponteiros foram ajustados em 100 segundos para a meia-noite. Na época, eles foram adiantados em dois minutos. Porém, conforme a organização de cientistas, mesmo dois anos depois, nenhum progresso significativo foi feito para movê-los para trás.
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Como nos últimos dois anos os ponteiros continuaram em 100 segundos para o fim, algumas pessoas podem pensar que essa estabilidade pode ser boa. Segundo o comunicado do Boletim, porém, isso quer dizer exatamente o oposto. Não há boas perspectivas para o futuro, visto que o relógio continua o mais próximo que já esteve do apocalipse. E como não houve nenhum retrocesso nos ponteiros, significa que o mundo continua preso em um dos momentos mais perigosos de sua história.
(Fonte: dric/Pixabay)
Segundo Sharon Squassoni, professora da Universidade George Washington e integrante da equipe responsável por atualizar o relógio, os avanços positivos percebidos no ano passado não foram suficientes para neutralizar os cenários negativos de longo prazo, por isso os ponteiros não se moveram.
Na conclusão do Boletim, os maiores desafios do presente envolvem ameaças à segurança mundial (armas nucleares), aumento da desinformação, respostas lentas e insuficientes sobre a pandemia da covid-19, bem como a falta de tecnologias disruptivas e políticas climáticas eficientes.
É possível compreender as informações do relógio de várias formas. Para alguns observadores atentos, o objetivo não é dizer qual é o tamanho dos riscos que a humanidade enfrenta, mas sim, qual é o nível de eficiência de nossas respostas ante a esses riscos.
Por exemplo, no decorrer da crise dos mísseis cubanos, em 1962, que até hoje é considerado o período em que o mundo esteve mais próximo de uma guerra nuclear, os ponteiros do relógio não se moveram para frente. No entanto, por ocasião do Tratado Parcial de Testes Nucleares, firmado em 1963, os ponteiros retrocederam e passaram a marcar cinco minutos para a meia-noite.
Embora tudo isso seja um tanto desolador, o Boletim enfatiza que o Relógio do Juízo Final não deve ser usado para deixar as pessoas com medo, mas para estimulá-las a agir em favor de um mundo melhor.