Ciência
03/04/2022 às 12:00•2 min de leitura
Nos Estados Unidos, especificamente em meados da década de 1960, foi quando a ufologia começou a ganhar espaço não só na sociedade — nas manchetes sobre avistamentos dos Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) — como também na ciência. O Sinal Wow de 1977, estudado pelos cientistas do Instituto Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI), foi um bom exemplo do quanto esse campo passou a se engajar para além da grande histeria social que o tópico se tornou.
Afinal de contas, eles estavam mais interessados em encontrar a verdadeira possibilidade de uma civilização fora da Terra do que os humanoides inventados pela ficção e inflamados pelo gosto popular. Sempre ficou claro que a vida alienígena, ainda que não como imaginamos, exista em algum lugar profundo do Universo, portanto a astrobiologia surgiu com o intuito de investigar semelhanças entre ambientes extremos na Terra e aqueles no espaço para procurar condições em que a vida possa evoluir.
Foi compilando um compêndio imenso e prático de termos, métodos, anomalias e outras referências relacionadas a essa busca extraterrestre que surgiu o Catálogo Exótica.
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(Fonte: Reprodução)
O projeto faz parte do Breakthrough Listen (BL), o maior programa de pesquisa científica de todos os tempos, destinado a encontrar evidências de civilizações além da Terra.
Lançado em 2015 pelos empresários israelenses Julia e Yuri Milner, o programa vem de uma iniciativa que levará 10 anos de trabalho e custará US$ 100 milhões, buscando atingir uma escala de estudo sem precedentes.
(Fonte: Shutterstock)
O BL faz um levantamento de mais de 1 milhão de estrelas próximas da Terra, varrendo o centro da galáxia e todo o plano galáctico por meio de instrumentos 50 vezes mais sensíveis que os telescópios existentes dedicados à busca por inteligência extraterrestre, cujas pesquisas de rádio cobrem 10 vezes mais do céu do que os programas anteriores, além de serem 100 vezes mais rápidos.
O programa se propõe a uma pesquisa profunda de todas as transmissões ópticas a laser, 1000 vezes mais eficazes em encontrar sinais de laser do que as pesquisas comuns de luz visível. O BL combina esses instrumentos com softwares inovadores e técnicas de análise de dados. Ou seja, é um empreendimento que visa arrancar resultados valiosos que nunca foram alcançados por ninguém. Quem sabe o que eles podem encontrar?
(Fonte: Futurism/Reprodução)
Em um dos braços do programa está o "Catálogo Exótica", um documento de 122 páginas, gratuito e disponível online ao público sob o nome One of Everything: The Breakthrough Listen Exotica Catalog, contendo 700 objetos celestes potencialmente habitados por vida extraterrestre e uma quantidade imensa de dados relacionados à localização deles.
O autor do Catálogo Exótica, Dr. Brian Lacki, salientou que esses "objetos habitáveis" podem conter indicadores de tecnologia desenvolvida por alienígenas que seriam fundamentais para o estudo dos seres humanos.
Os objetos podem ser compostos de cometas à galáxias, contendo as denominadas "assinaturas tecnológicas": qualquer propriedade ou efeito mensurável que forneça evidência científica de tecnologia passada ou presente. Os objetos podem conter as tecnoassinaturas, descobertas ao longo dos anos graças aos projetos científicos, como a busca por inteligência extraterrestre.
Para o Dr. Lacki, muitas descobertas importantes podem ter sido perdidas ao longo do tempo porque ninguém estava procurando no lugar certo. Um exemplo disso seria a descoberta dos exoplanetas antes da década de 1990. Se os astrônomos estivessem procurando por sistemas estelares diferentes dos nossos, eles poderiam ter chegado à conclusão muito mais cedo.
Portanto, o "Catálogo Exótica" é uma esperança de que qualquer programa possa usá-lo como um "cruzeiro de extorsão" ao redor do Universo, como disse Lacki em um comunicado à imprensa. É esperança de que o projeto possa ajudar na revelação de outra vida nesse "oceano cósmico".