Ciência
15/09/2022 às 13:00•1 min de leitura
Embora seja bastante comum ver moscas voando ao redor de corpos de animais mortos, uma espécie em particular tem hábitos um pouco mais peculiares e prefere sua carne já em avançado estágio de decomposição. Conhecida como mosca-urubu ou mosca dos abutres, a Thyreophora cynophila foi declarada extinta quase um século atrás, em 1836... até ser reencontrada na Europa.
Com hábitos noturnos, essa espécie de mosca costuma ser mais ativa durante o período de inverno, quando busca por corpos de animais mortos há dias, já com a carne apodrecendo. Depois de simplesmente desaparecer, acreditava-se que a extinção da mosca carnívora teria sido causada pelo homem, tornando-se uma criatura quase mítica e lendária. Pelo menos até ela reaparecer no sul da França.
Em fevereiro deste ano, durante seu expediente, enquanto andava pelo Parque Nacional dos Pireneus, na França, um guarda-florestal encontrou o corpo de um javali em decomposição e percebeu algo curioso: as moscas atraídas pelo corpo eram um pouco diferentes. Ali, devorando a carne do animal, que estava enterrado na neve a uma altitude aproximada de 1.700 metros, estavam insetos com cabeça de cor alaranjada.
Isto, somado ao seu corpo de um tom azul metálico e suas asas com características manchinhas pretas apontava para uma única suspeita: a Thyreophora cynophila, que já havia sido encontrada em 2010 no lado espanhol dos Pirineus. Em um comunicado, o Parque Nacional dos Pirineus explicou que a demora para encontrar a mosca-urubu se deu porque observações da espécie são "extremamente raras".
No texto, o Parque explica que os hábitos noturnos do inseto, bem como sua predileção pelo tempo frio do inverno, tornam difícil o trabalho dos entomologistas. Por este motivo, acredita-se que tenha levado tanto tempo para encontrar e identificar a mosca carnívora no território francês. "O frio não parece incomodar suas larvas que se alimentam de carcaças em decomposição na neve", explica.