Estilo de vida
10/04/2023 às 06:30•2 min de leitura
Há algumas semanas, publicamos um artigo listando quais orcas estão há mais tempo em cativeiro no mundo. Lolita, que está presa há 52 anos, é o segundo lugar dessa triste lista. Ou melhor, era: a orca será finalmente liberta e poderá voltar ao habitat natural.
É importante observar que, como Lolita passou muito tempo em cativeiro, não sabe caçar seu próprio alimento ou conviver com outras orcas livres. Por isso, ela não pode simplesmente ser solta no mar, pois isso seria praticamente uma sentença de morte. Então, o plano é que a orca vá para uma espécie de "cercadinho marinho", onde terá mais espaço para nadar e conseguirá manter algum contato com outros animais — mas continuará sob supervisão de especialistas.
Assim, ela poderá ter uma velhice mais calma e confortável. Até porque as orcas fêmeas em habitat natural podem passar facilmente dos 60 anos, chegando até os 80 ou 90, em alguns casos. Em contrapartida, orcas em cativeiro raramente passam dos 30. Lolita tem 56 anos.
Ainda não foram divulgados detalhes sobre o novo lar de Lolita, mas muito provavelmente será melhor que a piscina de 26 por 11 metros onde ela vivia, no Miami Seaquarium. Uma orca como Lolita tem, pelo menos, 6 metros de comprimento.
Lolita em apresentação no Miami Seaquarium (Fonte: Wikimedia Commons)
Para termos ideia de como a situação de um animal tão grande em um aquário tão pequeno é ruim, Lolita viveu com um macho chamado Hugo nos anos 1970. A ideia era que eles tivessem filhotes, mas nunca deu certo. Hugo morreu em 1980, de aneurisma, depois de tanto bater sua cabeça nas paredes do aquário. Lolita ficou sozinha desde então.
Mas a verdade é que a vida dessa orca foi bastante complicada desde o início. Sua captura foi um dos episódios mais cruéis da relação entre humanos e orcas, diga-se de passagem.
Isso porque, naquela época, os grupos de captores firmavam parcerias com os pescadores da região, no Pacífico Norte, para que estes levassem os filhotes de orcas até suas redes. Em uma ação, em agosto de 1970, uma população quase inteira de orcas ficou presa nas redes — cerca de 90 animais. Ativistas dos animais tentaram intervir, mas alguns animais continuaram presos. Alguns morreram afogados, já que eles são mamíferos que precisam respirar na superfície.
Dos animais que foram capturados, Lolita foi a que viveu por mais tempo, se apresentando em shows no Miami Seaquarium por mais de cinco décadas. As coisas mudaram quando o parque foi vendido à The Dolphin Company, do empresário Eduardo Albor. Ele foi visitar o Seaquarium com sua filha, que pediu a ele para melhorar as condições de Lolita.
Essa era uma demanda dos ativistas de animais e de ONGs, como a Friends (Amigos) de Lolita — mas foi o pedido da filha do novo dono que permitiu que ele se realizasse. Em 2022, a orca foi aposentada dos shows e agora ela será finalmente liberta. A operação de transporte será custeada por Jim Irsay, empresário dono do time Indianapolis Colts, do futebol americano.