Por que polvos fêmeas se matam após acasalar? A ciência responde

27/04/2023 às 04:002 min de leitura

A morte após o acasalamento é comum a muitos animais, mas no caso do polvo chama ainda mais a atenção, com a fêmea entrando em um ciclo de autodestruição antes de os filhotes nascerem. O comportamento curioso sempre intrigou os pesquisadores e agora a ciência pode ter uma explicação para isso.

Em um estudo conduzido pelas universidades de Washington e Chicago, nos Estados Unidos, foi possível acompanhar a espécie Octopus bimaculoides, nativa do Oceano Pacífico, na tentativa de solucionar o mistério. Os resultados, publicados na revista Current Biology, no ano passado, sugerem a interferência de uma substância química.

O processo inicia quando a fêmea põe seus ovos e fica por perto cuidando deles, protegendo-os de predadores e outros riscos. Mas quando a eclosão se aproxima, ela finaliza a alimentação e passa a se mutilar, chegando a arrancar partes dos seus próprios tentáculos.

Octopus bimaculoides. (Fonte: GettyImages)Octopus bimaculoides. (Fonte: GettyImages)

Todas estas ações, que levam a mamãe polvo à morte antes do nascimento dos filhos, podem ser desencadeadas pelo 7-desidrocolesterol (7-DHC), de acordo com os autores. O composto, também encontrado nos humanos, atuando na produção de colesterol e vitamina D, tem a produção elevada depois do acasalamento.

Mudanças fatais

Um estudo realizado na década de 1970 já indicava que o mecanismo de autodestruição dos polvos tinha relação com as glândulas ópticas, localizadas perto dos olhos dos animais e com função equivalente à glândula pituitária nos humanos. Porém, os cientistas não sabiam o que dava início ao comportamento suicida.

Segundo a pesquisa mais recente, que comparou as glândulas das fêmeas que acasalaram com a daquelas que nunca se reproduziram, a elevação dos níveis de 7-DHC pode ser o fator desencadeante. As altas concentrações da substância são associadas à toxicidade e à letalidade.

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Vale destacar que o nível elevado de 7-DHC nos humanos é relacionado à síndrome de Smith-Lemli-Opitz. As pessoas que nascem com esta condição genética podem apresentar problemas comportamentais, incluindo automutilação, além de deficiência intelectual e anormalidades físicas.

Apesar de presente em ambos, o composto não tem associação direta com a morte nas pessoas, mesmo se apresentando em grandes quantidades, diferente do que acontece com polvos fêmeas. A descoberta pode por fim às teorias de que o animal se mutilava para espantar os predadores ou liberar nutrientes importantes para os ovos.

Nem todas as espécies são suicidas

Embora comum, o comportamento suicida após a reprodução não acontece em todas as espécies de polvos. O Octopus chierchiae é um dos que foge à prática, sendo capaz de acasalar várias vezes e colocar muitos ovos sem se matar na sequência.

Também conhecido como menor polvo listrado do Pacífico ou polvo zebra pigmeu, ele se tornou o candidato perfeito para o estudo da origem do comportamento autodestruidor destes animais. A espécie tem parentesco com o grande polvo listrado do Pacífico, popularmente chamado de “polvo beijoqueiro”.

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